sábado, 11 de julho de 2009

CAUTELA E CANJA DE GALINHA...


É comum o emprego de neologismos nos falantes e, portanto, não se constitui em crime algum. O interessante são as circunstâncias nas quais aparecerem. Há muitos anos certo dirigente de futebol (useiro e viseiro em deformar ditos populares) questionado sobre a possibilidade de venda ou empréstimo de um jogador afirmou categoricamente que aquele profissional era “invendável e “imprestável”. Mais adiante podemos lembrar do ex-ministro Rogério Magri durante o governo Collor (1990-1992) ao falar sobre o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) sobre possíveis mudanças, afirmara que o “Fundo de Garantia era ‘imexível’ e continuaria ‘imexível’”. Recentemente o Presidente Lula, O Ignorante, ao referir-se ao enquadramento dos senadores para apoiarem a permanência do presidente do Senado Federal José Sarney (PMDB-AP) disse que aqueles parlamentares são “inquadráveis”. Posto isso, poderia perfeitamente lançar meio deste artifício para qualificar o Congresso Nacional, com especial destaque no momento para o Senado Federal. Porém, visto existirem uma quantidade apreciável de palavras já consagradas nos dicionários deitei tal intenção de lado. Desagradável, intolerável, intragável, inominável, insaciável, inimaginável, inaceitável, intratável, inviável, irracionável, irrecuperável, indomável, irresponsável, indefensável, inaturável, inadaptável e por ai a fora expressam plenamente o que é, o que aparenta ser, como podemos adjetivá-lo, o que faz e como faz, o que deixa de fazer, o pensamento comum da sociedade com relação a Instituição e outros questionamentos. De formas que inventar palavras é completamente desnecessário.


Qualquer denuncia é muito grave e requer uma fundamentação bastante sólida, responsável e, no caso da imprensa, profissional para que não seja rotulada de “denuncista” como disse o presidente da República. Dois grandes estragos provocam uma denuncia inconsistente, a saber: marca de forma indelével a reputação do denunciado e coloca sob suspeição a confiabilidade do denunciante. Conhecemos inúmeros casos de acusações postas na imprensa que não se confirmaram, porém, o estrago já estava feito. Não quero com isso defender este ou aquele, mesmo porque não tenho e não desejo procuração de quem quer que seja para este fim, mas enquanto profissionais é de bom alvitre se ter cautela e provas consistentes. Vejo muito “oba-oba” para aumentar tiragens, vender espaços e alavancar as vendas. Não tive acesso aos documentos que serviram de base para se veicular que o senador José Sarney (PMDB-AP) possui conta no exterior não declarada à Receita Federal que podem ou não ser confiáveis segundo as informações que disponho e, sendo assim, não entendo como atitude profissional. As traquinagens do “distinto” senador não são segredos de Estado, mas daí a imputar-lhe toda a sorte de crimes vai uma distância cavalar.


Sabemos que o presidente do Senado Federal não é uma “pessoa comum”, pessoas comuns não teem ou criam oportunidades para se locupletar com os recursos públicos. E justamente por essa condição de “ser incomum” deve ser investigado minuciosamente para que se saiba por A + B o que procede e o que não procede responsabilizando e punindo quem de fato e de direito e ponto final. Não pretendo desqualificar ninguém ou classificar negativamente nenhum veículo de comunicação porque do jeito que as coisas vão vai aparecer gente tentando responsabilizar qualquer um por qualquer coisa de acordo com seus interesses, desejos ou frustrações. É importante e fundamental para a democracia que a imprensa investigue e denuncie, porém, é preciso que estabeleça critérios éticos e profissionais porque, caso contrário, será mero fuxico de comadres.


CELSO BOTELHO

11.07.2009