sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O LEÃO VOLTOU A RUGIR


Ao contrário do que muitos afirmam o leão não está profundamente adormecido em berço esplendido neste último quarto de século. Apenas cochila mantendo um dos olhos abertos e os demais sentidos aguçados para qualquer eventualidade. Durante este período comportou-se discretamente, não produziu lideranças e absteve-se a vida pública. Este leão não faz só rugir, caça e devora a presa. Instigá-lo, consciente ou inconscientemente, não é nada prudente. O último governo que lhe provocou foi perseguido e estraçalhado por todo o bando mergulhando esta nação numa escuridão nefasta por duas décadas. Ao contrário do que disse anteriormente houve um canal de comunicação com os militares, porém, rompido quando da assinatura do decreto criando o Programa Nacional dos Direitos Humanos onde se embutiu uma tal de Comissão Nacional da Verdade e assim a imediata indignação e repúdio dos comandantes militares que ofereceram carta de demissão juntamente com o ministro da Defesa Nelson Jobim (sic) ao presidente da República que as rejeitou prometendo reexaminar o decreto, pois de seu conteúdo não tomara exato conhecimento. O presidente Lula, O Ignorante Desbocado, não poderia sair-se com tamanha bobagem porque todos os decretos passam, necessariamente, pela Casa Civil antes dele apor seu jamegão e ali quem está com a batuta é Dona Dilma Roussef, ex-guerrilheira/ terrorista e pseudo doutoranda, que – definitivamente – não é uma pessoa ingênua. Então ou o presidente foi enganado pela ex-guerrilheira/terrorista ou, é o mais provável, em seu delírio esquizofrênico de semideus tupiniquim esteja seguro de que tudo pode do topo de sua incontestável popularidade, arrogância e prepotência.



Então temos outro conflito estabelecido entre o governo e os militares sobre a compra de 36 aviões caça para a FAB (Força Aérea Brasileira): o presidente comprometeu-se com o presidente da França em adquirir da empresa Dassault que produz o Rafale, em detrimento da Boeing (EUA) produtora do F-18 e a Saab (Suécia) fabricante do Gripen NG, porém, a Aeronáutica divulgou relatório técnico contrariando a decisão política do inusitado presidente brasileiro listando os aviões franceses como última opção dando preferência aos suecos. Infelizmente não reúno conhecimentos técnicos e militares necessários para determinar qual deles atenderia as demandas brasileiras, portanto, fico limitado as informações que tenho acesso produzidas por especialistas. O ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, saiu em auxílio do chefe alegando que o barato poderia sair caro e que esta “não é uma decisão exclusivamente militar. É uma decisão política.” Pode até ser, contudo cabe lembrar ao ministro que a Aeronáutica, quando acionada, certamente não serão os políticos que irão pilotar os aviões e muito menos adentrar no teatro de operações e, diante disso, só mesmo um imbecil faria joguinho político internacional com a segurança do país. Que a decisão final caberá ao presidente Lula, O Ignorante Desbocado, todo o Universo sabe, no entanto, não consta que domine o assunto de tal maneira que possa dispensar um relatório elaborado por gente do ramo e que envolve cerca de US$ 10 bilhões. Montante que tem provocado especulações sobre a distribuição de “comissões” e, considerando todo o contexto histórico nacional, posso afiançar-lhes que onde há fumaça certamente haverá fogo. É uma crise entre militares e o poder civil? Sem dúvida. Pode ser superada? Certamente. No entanto, os arranhões permanecerão.



Estes dois episódios reporto como extremamente graves e abalaram as relações entre as Forças Armadas e o poder civil. Os militares, desde que retornaram aos quartéis, assistem passivamente todos os mandos e desmandos de sucessivos governos sem esboçar nenhuma reação, mesmo tendo seu poderio bélico sucateado, as tropas sem apoio logístico adequado, seus soldos aviltantes e extinção de seus ministérios alijando-os de qualquer participação no governo. Não me considero um alarmista ou vidente, contento-me em examinar os fatos e recordar o passado para visualizar onde esta sucessão de acontecimentos pode resultar. Jango (João Belchior Goulart, 1919-1976) quebrou a hierarquia militar, entre outras coisas, pagou com a deposição e o exílio. O presidente Lula, O Ignorante Desbocado, não iria tão longe mesmo escudado por sua imensa popularidade e carisma, porque se tem algo que o “filho do Brasil” não pode ser chamado é de burro, mas isso não quer dizer que Jango o era. Devemos considerar também uma outra formação e mentalidade implantada dentro das Forças Armadas. Os militares de hoje não apresentam aquela imagem de golpistas, conspiradores, revolucionários, donos do bem e do mal, etc. Contudo, é sábio não cutucar a onça – ou melhor, o leão – com vara curta. Em outra época não seria tão fácil instalar-se no governo tantos ex-guerrilheiros, terroristas, ativistas e similares com a complacência dos generais, almirantes e brigadeiros. Apesar disso não se pode expurgar a possibilidade de uma ruptura institucional e duas possibilidades se apresentam para que ela se inicie: a conspiração notória para a permanência do atual presidente no cargo e uma provável eleição de D. Dilma Roussef ao cargo. A primeira tem mais chances de acontecer enquanto a segunda é bem remota, mas não impossível. Para o caso da ministra da Casa Civil vir a ser eleita, ou por transferência de votos ou qualquer outro arranjo, fico com a sentença do ex-governador udenista (UDN, União Democrática Nacional) do extinto Estado da Guanabara Carlos Lacerda (1914-1977) sobre a candidatura pessedista (PSD, Partido Social Democrático) de Juscelino Kubitschek (1902-1976) “O Juscelino não pode ser candidato, se o for não pode ser eleito. Eleito, não pode tomar posse. Tomando posse, deve ser deposto.” Agora é só trocar os nomes.



A CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil) classificou como ideológica e preconceituosa a proposta porque dificultaria a desocupação de terras invadidas. O ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, disse textualmente que gerará “insegurança jurídica” porque flexibiliza as regras de reintegração de posse destas propriedades e preconceitos contra a agricultura comercial. Sendo rebatido prontamente pelo ministro do Desenvolvimento Agrário Guilherme Cassel. O bate-boca entre ministros neste governo é mais corriqueiro do que andar para frente. Mas a ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Radio e Televisão) protestaram também porque o documento prevê a criação de uma comissão para monitorar o conteúdo editorial das empresas de comunicação com a aplicação de multa, suspensão da programação, cassação de concessões bem nos moldes da mordaça, sonho de verão do presidente gozando de aprazíveis momentos em praia privativa enquanto seus compatriotas sucumbem às enchentes. O imbróglio não fica restrito as Forças Armadas estende-se por vários setores. E assim a coisa começa, ou melhor, já começou.




Sinceramente não tenho tanta segurança quanto este pessoal que atuou na guerrilha, foi terrorista, ativista, oportunista, vigarista, etc. instalados no poder pelas mãos do presidente-“cumpanheiro” (e olha que ele nunca leu Karl Marx, 1818-1883) tipo Dilma Roussef, Franklin Martins, Paulo Vannuchi e tantos outros de que suas permanências no poder são definitivas. Segundo dizem só os diamantes são eternos. O leão sacudiu a juba, espreguiçou-se, bocejou e voltou a rugir. Está atento, cauteloso e não menos feroz.



CELSO BOTELHO

08.01.2009