sábado, 13 de fevereiro de 2010

E QUANDO ACABAR A FOLIA?


Tenho que reconhecer que a prisão do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, é um alento. Porém, insuficiente para abalar as sólidas estruturas do majestoso Instituto da Impunidade que continuará abrigando todos os tipos de malfeitores. Tenho lido muitos comentários enaltecendo o Judiciário por esta decisão e fico preocupado porque o que deveria ser uma ação corriqueira (a prisão de larápios, especialmente políticos, banqueiros, empresários e afins) tornou-se algo surpreendente, inusitado, inacreditável. Ora, diriam, o prenderam. E daí? Vamos atentar para o desenrolar dos acontecimentos futuros para verificar se a privação de liberdade do meliante não passou de mais um espetáculo pirotécnico ou se foi mesmo para valer. E exemplos não nos faltam. O presidente Lula, O Ignorante Desbocado, costumeiramente permissivo e complacente com a bandidagem sentenciou que a prisão de um governador “não era bom para o Brasil e para a política” o que significa bom para o Brasil será eleger uma assaltante de banco, ladra, suspeita de assassinato, mentora de ações criminosas, mentirosa (vide ficha no artigo “Se Pesquisa Ganhasse Eleição...”) e que político ladrão deve permanecer em seus cargos. Com isso, uma vez mais, entrou em contradição com o que havia dito anteriormente (o que não é novidade): "Imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração, todo o processo de investigação, sabe. Quando tiver toda a investigação, toda a apuração terminada, a Polícia Federal vai ter que apresentar, sabe, um resultado final, um processo. O presidente da República não pode ficar dando palpite, se é bom, se é ruim. Vamos aguardar a apuração". O “cumpanheiro” número 1 defende o indefensável, pois, isso lhe apetece politicamente. Realmente, nosso presidente não sabe o que diz e diz o que não sabe.




Agora a pendenga está por conta do Supremo Tribunal Federal e seus “diletos” ministros que deverão decidir se após os festejos de momo Arruda continuará preso ou será agraciado com a liberdade. Na primeira hipótese o vice-governador, também envolvido na trapalhada, permanece no governo? Liberto assumirá o governo? Caso ambos estejam impossibilitados de assumir o governo o que irá acontecer? As decisões do STF não cabe recursos, portanto, esperamos que atenda a lei e a sociedade brasileira. No caso de nomeação de um interventor federal como se dará o processo? O presidente, se as coisas acontecerem do modo que presumo, não restará alternativa senão decretar uma intervenção federal (Titulo III ‘DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO’, Capítulo VI ‘DA INTERVENÇÃO’, artigos 34 a 36 da Constituição Federal 1988) o que, por sinal, não depende só dele, pois o subserviente Senado Federal teria que aprovar. Que o palanque e os “acertos” no Distrito Federal estão perdidos não resta a menor dúvida cabe saber agora quem será o interventor que o presidente nomeará e se tal elemento reunirá as condições necessárias para limpar toda a sujeira ou se somente acomodará as coisas bem ao estilo e interesses do presidente. Mas, venhamos e convenhamos, não é só o Distrito Federal que necessita de uma intervenção saneadora resta saber, porém, quem iria promovê-la de fato.




Seria uma tola ilusão supor que a prisão de Arruda possa estabelecer o marco inicial de aplicação efetiva da legislação para punir os corruptos e corruptores contumazes desta pátria mãe gentil. Poderia citar aqui inúmeros casos de corrupção fartamente comprovados que não foram capazes de convencer a Justiça da culpabilidade de seus autores. Por que com Arruda seria diferente? Quanto à raia miúda invariavelmente sofre algum tipo de sanção e em alguns casos mais severas do que o próprio delito cometido, porque os tubarões permanecem nadando nas mesmas águas com seus apetites insaciáveis sem a necessidade de camuflarem-se. Talvez com a exceção de dois ou três membros do STF para os demais não estou inclinado a atribuir imparcialidade em toda extensão da palavra em seus julgamentos, mesmo que possuam grande discernimento. Certamente que gostaria que fosse o contrário, no entanto, a Justiça brasileira sempre nos deu provas irrefutáveis de que se utiliza de dois pesos e duas medidas. A atuação do Judiciário pode ser resumida assim (com muita boa vontade): “aos inimigos o rigor da lei, aos amigos a benevolência da lei e aos indiferentes a lei”. A prisão de Arruda & Malfeitores Associados é para valer ou tudo vai se acabar na quarta-feira de cinzas deixando a sociedade com uma bruta ressaca?



CELSO BOTELHO

14.02.2010