quinta-feira, 17 de maio de 2012

COMISSÃO DA VERDADE. MAS, AFINAL, QUAL SERÁ A VERDADE?




Para quem acompanha este blog sabe perfeitamente da minha repulsa por qualquer regime autoritário, portanto jamais poderei ser acusado de ter pertencido, ser simpático ou omisso com a ditadura militar que se seguiu ao golpe de 1964. Pelo contrário, sempre o combati. Quando se trata de apurar crimes praticados durante aquele período não há como se deixar de fora um dos lados. O governo brasileiro praticava o terrorismo de Estado e seus opositores engajados em movimentos armados praticavam o terrorismo clandestino (porque só havia um Estado) e, no final, os crimes eram os mesmos: assalto, tortura, execução, desaparecimento, atentados, etc. A Comissão da Verdade foi instituída para apurar apenas os crimes praticados por agentes do Estado então vai a pergunta do título: mas, afinal, qual será a verdade? Uma verdade parcial, tendenciosa e revanchista. A coisa começou mal com a aprovação da Lei da Anistia (Lei 6.683 de 28.08.1979) quando foi proposto um acordo no qual ambas as partes se comprometeram a passar uma borracha no passado e cuidarem de suas vidas dali para frente. Os signatários desse acordo tácito que faria os militares retornarem para os quartéis (de onde jamais deveriam ter saído) foram as lideranças civis da época e os militares que temiam uma caça às bruxas tão logo os civis se apoderassem do Estado. O regime militar, portanto, não foi derrubado, seu fim foi uma concessão fundamentada na Lei de Anistia. Os civis, loucos pelo poder e em jejum há duas décadas, submeteram-se. Hoje o Estado está tomado pelo que sobrou daquela gente que diz que combateu o regime militar e desejam obter dividendos políticos e econômicos com esta farsa que é a Comissão da Verdade. Essa gente que se arvora de ter combatido à ditadura (Dilma Rousseff, José Serra, Tarso Genro, Franklin Martins, Fernando Gabeira e outras tralhas) naquela época pertenciam a organizações stanilistas e maoistas e jamais defederam o Estado Democrático de Direito ou qualquer valor que se aproxime. Pelo contrário, desejavam substituir uma ditadura por outra. Ora vejam, quanta cara de pau!


Agosto de 2010

“O presidenta”, por exemplo, teve sua participação na luta armada super dimensionada provavelmente por bajuladores, marqueiteiros e outros parasitas. Não há nenhum relato de contemporâneos seus ou documento que dê alguma pista de que fosse uma peça chave no COLINA (Comando de Libertação Nacional) ou na VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares) Caso fosse não estaria aqui para contar a história e muito menos na presidência da República. Até a redução de sua pena pelos militares deve ser vista com desconfiança, pois, afinal, se era tão importante assim para o movimento armado porque cargas d’água os militares foram tão benevolentes? Segundo o general Leônidas Pires Gonçalves teve um desses “guerrilheiros” que recebeu Cr$ 150 mil para delatar. Joaquim Silvério dos Reis e Judas Iscariotes fizeram escola e tudo pelo pelo vil metal, afinal ambos receberam 30 moedas de ouro. Mas Joaquim Silvério dos Reis soube valorizar bem sua delação, pois além das moedas obteve o cancelamento de seu débito, um cargo público de tesoureiro da bula de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro, uma mansão para morar, pensão vitalícia, título de fidalgo da Casa Real, fardão de gala e hábito da Ordem de Cristo, sendo até recebido em Lisboa pelo princípe regente D. João. Enquanto Judas... bem, segundo consta, enforcou-se. Caso pense em ser um desgraçado de um dedo-duro que, pelo menos, faça como o Joaquim: tire bastante proveito da delação. Bem, a Dilma só se tornou presidente devido a dois fatores fundamentais: primeiro, a imensa popularidade do ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado, porque ele quem ganhou a eleição. Segundo, pela ausência absoluta de concorrência que, aliás, permanece. De qualquer maneira...



A Comissão da Verdade tem sua atuação focada entre os anos de 1946 e 1988 para esclarecer crimes e violações dos direitos humanos num prazo de dois anos. Apurar quarenta e dois anos em dois é, deveras, uma tarefa épica para um país que sequer consegue solucionar um homicídio como o de PC Farias em 1996, do prefeito Celso Daniel em 2002 ou julgar os réus do escândalo do Mensalão (uma das maiores patifarias da Republica) onde, certamente, estão entrincheirados interesses políticos e econômicos. Essa Comissão da Verdade não passa de um circo armado para atender os mesmos interesses e outros mais inconfessáveis. O Partido dos Trabalhadores defender lisura e transparência é a mesma coisa que traficante defender a pena de morte e a prisão perpétua para seus crimes. Na instalação da Comissão “a presidento” até chorou, mas isso não é novidade porque, sabemos, os crocodilos também choram ao exercer uma forte pressão de suas mandíbulas na presa. Comissão Parlamentar de Inquérito, as famigeradas CPI, que são relativamente mais fáceis para investigar e apurar os desvios tradicionalmente não dão em nada imaginem uma Comissão da Verdade aparelhada pelo PT no que irá dar.



Vamos ver seus membros. José Carlos Dias, ex-ministro do governo FHC entre 1999 e 2000 concedeu uma entrevista a revista Isto É (nº 1582 de 25.01.2000), ainda como ministro, onde declarava ser favorável as mulheres exibirem seus seios na praia. Até ai nada contra. Também sou a favor, porém, ele era o ministro da justiça e não eu. Mas o pior é quando o repórter pergunta se é a favor de acabar com o porte de arma e responde: “claro. Com isso vamos é tirar arma do bandido (não sabia que bandido possuía porte de arma). O cidadão de bem não tem que andar armado. Na realidade, a arma é para profissional. E quem são os profissionais: bandido e polícia. Esses sim sabem usar arma.” Bem, para quem defendeu o mega especulador Naji Nahas... cidadão de bem tem mais é que...


Atentado no aeroporto de Guararapes, 1966

Cláudio Fonteles foi procurador-geral da República no governo Lula de 2003 a 2005 e pertenceu a organização de esquerda Ação Popular (AP) de tendência maoista-cristão (não sei como conseguiram unir uma coisa à outra, mas vá lá que seja). Em 1966 a AP praticou um atentado no aeroporto dos Guararapes, Pernambuco, visando o general-eleito presidente da República Costa e Silva que, devido a uma pane no avião, seguiu por via terrestre. O atentado, segundo Jacob Gorender (Combate nas Trevas, página 122 e seguintes), teve como mentor o ex-padre católico Alípio de Freitas, militante da AP matando o jornalista e secretário do governo de Pernambuco Edson Régis de Carvalho e o vice-almirante reformado Nelson Gomes Fernandes além de ferir e mutilar outras pessoas. Diz com quem andas e eu te direi quem és.



Gilson Dipp é ministro do STJ escolhido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, integrou o TRF da 4ª Região via quinto constitucional e novamente escolhido para a tal Comissão tornando-se seu coordenador. É um sujeito que caiu nas boas graças dos poderosos e sempre é escolhido.




Outro membro notável da Comissão é José Paulo Cavalcanti Filho atuou como ministro da justiça no governo Sarney, de triste memória, aliás. Este, pelo menos, considera que a lei não especifica se a investigação recairá sobre os crimes da esquerda ou os crimes estatais. Menos mal.



Para reforçar o Clube da Luluzinha “do presidenta” temos sua ex-advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha que, segunda consta, chegou a ficar completamente nua antes da visita a alguns clientes (quer seja, “líderes” de esquerda) diante dos militares o que, deveras, deve ter sido constrangedor... para ambos. Esse membro já assumiu sua posição publicamente: “ Não tem essa história de dois lados, porque o outro lado (os stalinistas, maoistas, castristas e outros diabos) já foi condenado, assassinado, desaparecido.” Esta afirmação soa muito mal, pois, afinal não é “o outro lado” que está no poder? Ou Tarso Genro, Fernando Gabeira, Dilma Rousseff, Franklin Martins, Wladimir Palmeiras, José Dirceu, José Genuíno e outros trastes eram militares? Então nem todos foram condenados, assassinados e desaparecidos. Quem dera.




Outra representante do Clube da Luluzinha é a psicanalista Maria Rita Kehl que foi editora do jornal Movimento, de oposição ao regime militar. É bom que se diga quem participava deste jornal. Fernando Henrique Cardoso, até então marxista; Perseu Abramo que exerceu função jornalística no Jornal dos Trabalhadores, do Partido dos Trabalhadores (A Fundação Perseu Abramo é vinculada ao partido “da presidento”); Chico Buarque de Holanda, também petista; Fernado Peixoto, foi membro do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro, entre outros. Pode-se concluir a imparcialidade desta notável membro de tão supimpa Comissão. Para esta senhora os crimes cometidos pelo regime militar e recalcados socialmente influem na prática da corrupção. Ora vejam, antes do regime militar não havia crimes e corrupção. E eu não sabia disto. Quer dizer que os políticos são corruptos só de raiva dos militares? Que coisa!




Em matéria de violação dos direitos humanos Paulo Sérgio Pinheiro tem experiência: atuou como relator especial dos direitos humanos em Mianmar nomeado pela desacreditada ONU. Ano passado liderou as investigações internacionais na Síria, só não sabemos o resultado dessas atuações. Celso Amorim também é diplomata e só fez lambanças no ministério das Relações Exteriores e só não faz na Defesa porque é elemento decorativo, pois o Clube Militar – voz do pessoal da ativa – não reconhece sua legitimidade e autoridade. Mas isso não importa. Naquela área do planeta o conflito foi estabelecido logo após o Big Bang. O que conta que ao criticar a decisão do STF pela manutenção da Lei da Anistia expressou publicamente seu desejo de vê-la modificada de forma que pudesse punir os criminosos, só não sabemos de qual lado, posto que existissem em ambos.



Dilma no STM


Ficha da "guerrilheira" Dilma

A tal Comissão da Verdade está ou não está devidamente aparelhada? Na cerimônia de instalação desta bodega “o presidenta” disse, textualmente: “Ao instalar a Comissão da Verdade não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu, mas nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua plenitude, sem ocultamentos, sem camuflagens, sem vetos e sem proibições”. Para inicio de conversa a História não tem uma verdade, muito menos em sua “plenitude”. Somente reconstituimos parcialmente fragmentos daquilo que aconteceu, isso considerando que o historiador se esforçe muito nas pesquisas e na interpretação e ainda assim cometerá excessos e omissões. Então essa conversa de verdade só pode ser entendida como aquela que os donos do poder querem que seja, isto é, os petistas & associados (o PT tem a capacidade de associar porcarias, mas isso não quer dizer que os demais partidos também não tenham a mesma capacidade). Se isso não é revanchismo e ódio preciso reelaborar estes conceitos segundo os critérios presidenciais. Já que é para não ocultar, camuflar, vetar ou proibir sugiro que os militantes das inúmeras organizações clandestinas sejam trazidos às barras deste Tribunal Inquisitor para explicarem os sequestros, assassinatos, torturas, assaltos, arrobamentos, atentados, etc. à luz da verdade como quer a suprema mandatária da nação tupiniqueira. Ora, quer saber de uma coisa? Vão lamber sabão...



...sem fazer bolhas


CELSO BOTELHO

17.05.2012