domingo, 20 de outubro de 2013

ELEIÇÕES 2014. QUEM COMANDARÁ O ATRASO?




Foram necessárias algumas décadas para que o eleitor brasileiro concluísse que os parlamentares que elegem jamais o representaram. Antes tarde do que nunca. Contudo, isto não significa que estes mesmos eleitores não reconduzirão a seus cargos estes mesmos parlamentares que representam eles próprios e interesses escusos. É apropriado dizer que eleitores e parlamentares desenvolvem uma relação sadomasoquista. No pleito de 2010 foi registrado um percentual de 21,5% de abstenções. Num país onde o voto é obrigatório este número é excepcionalmente elevado e traduz a apatia, desesperança, desconfiança e profunda descrença no sistema, nas instituições e nos políticos. A falência moral e ética das instituições assume proporções inaceitáveis. Os interesses públicos e privados mesclam-se em constante conluio para dilapidar as riquezas nacionais; conquistar, ampliar e manter privilégios e sinecuras; corroer o Erário; vilipendiar o cidadão; inverter e destruir valores provocando o caos, a confusão mental na sociedade que acaba por distorcer sua escala de valores embrutecendo-a e incapacitando-a a avaliar, discernir e decidir com clareza; enfim, a esquerda instalada no poder hoje vem dominando os meios de comunicação, as universidades, as instituições públicas e privadas, os sindicatos, o movimento editorial, etc. desde os fins da década de 1950 (vide Declaração de 1958 do PCB). Nos anos 1960 e 1970 o estudante era doutrinado (caso já não o tivesse sido) quando chegava à faculdade. Atualmente a criança de sete anos já é adestrada dentro da mentalidade esquerdista desde o primeiro ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Crescem ignorantes, violentas e impulsivas. Mas a estratégia é exatamente esta: corromper, turvar e atrofiar milhões de inteligências. Bem, se você não deseja isto para o seu filho é melhor participar ativamente de sua formação, caso contrário é provável que no futuro venha a ser um esquerdopata incurável ou um boi de piranha desprezível. Por certo que esta estratégia avançou significativamente sob a administração petista, no entanto não podemos excluir aquelas que a antecederam. Em qualquer Estado presente ou passado esteja ele em qualquer temporalidade e espacialidade em qualquer forma é doutrinador e coercitivo, não há como fugir. Entretanto, também não há como fugir, se não abrir espaços para a liberdade de expressão do pensamento, a convivência e o respeito com os contrários, a garantia dos direitos humanos, dos fundamentais como o direito à vida ao mais comezinho de usar uma máscara em manifestações, garantir justiça, segurança, educação, saúde, habitação, transportes, saneamento básico, etc. este Estado está irremediavelmente condenado à falência moral e material. Não há ilusões: esquerdista não tem pátria, honestidade, lealdade ou qualquer valor ético e moral.



A um ano das eleições a renovação que se desenha mostra que não haverá renovação alguma, exceto no caso de ocorrer algum milagre. Como não se pode garantir que a Providência Divina interceda tudo indica que nosso país prossiga de mal a pior, e bota pior nisso. Para as eleições do próximo ano “no que se refere” (royalties para Dilma Rousseff) as candidaturas já postas há muita especulação, previsão, palpite e adivinhação nos meios de comunicação, universidades, sindicatos, entidades patronais, federações esportivas, hospitais, presídios, clubes de bairro, botequins, quitandas e prostíbulos. Todos são exímios analistas políticos e péssimos eleitores. Caso contrário não teriam tantos políticos safados, ordinários e ladrões ocupando cargos públicos. Não vou citar exemplos porque todo mundo sabe a que pessoas me refiro, posso cometer a injustiça de deixar de nomear algum destes pulhas e pelo zelo que devo ter com a higiene. Mas o lamentável não é a constatação de que os eleitores votam em pessoas desqualificadas e sim sua omissão como cidadão.



Basicamente são três os partidos políticos que de fato concorrerão ao Palácio do Planalto, Joaquim Barbosa é uma incógnita. O PT, antes mesmo da eleição e posse de Dilma Rousseff, já existia o movimento “Volta Lula”, aliás, mesmo durante seu mandato o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) apresentou proposta que possibilitaria Lula a disputar um terceiro mandato consecutivo, o movimento “Fica Lula”, digamos assim. Mas que baba ovo! Mas existe a ala “dilmista” encabeçada pelo casal Gleisi Hoffman (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento). Lula jura de pés juntos, por todos os santos e orixás que não será candidato, “salvo algum imprevisto” como já fez questão de declarar. De qualquer maneira deve se considerar que o ex-presidente, entre outras coisas, é um tremendo mentiroso e, portanto, indigno de confiança. Caso Lula decida sair candidato “o presidenta” só tem duas opções. Primeira: abrir mão da reeleição, voltar ao Rio Grande do Sul, aprender a pilotar motocicleta e manter-se maravilhosamente afastada da vida pública. Segunda: disputar as prévias no partido e ser humilhada com uma fragorosa derrota. No PSDB José Serra já declarou que está disponível para a política. Isso significa que talvez busque a indicação do partido para disputar (e perder) a presidência da República pela terceira vez. O senador Aécio Neves, presidente do partido e oficiosamente candidato, precisa ser desmascarado. Aquela aparência de bom moço esconde um sujeito violento, autoritário, irresponsável e improbo. Em 2009 agrediu a namorada no Hotel Fasano no Rio de Janeiro diante de várias testemunhas. Em 2011 foi parado numa blitz da Polícia Militar do Estado do Rio com a carteira de habilitação vencida há mais de um ano e negou-se a fazer o teste do bafômetro. Em 2013 o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu, por três votos a zero, que o senador continue réu em ação civil por improbidade administrativa movida contra ele pelo Ministério Público Estadual pelo desvio de R$ 4,3 bilhões da área da saúde em Minas Gerais e pelo não cumprimento do financiamento público de saúde no período de 2003 a 2008 quando era governador. Caso o julgamento ocorra ainda este ano o neto do Dr. Tancredo ficará inelegível. Talvez seja esta uma das razões para José Serra declarar-se disponível. Por falar neste pré-candidato “carioqueiro” (carioca e mineiro) este ano quando discursava para 600 prefeitos referiu-se ao golpe civil-militar de 1964 como revolução. Ao ser questionado saiu-se com esta pérola: “ditadura, revolução, como quiserem, regime autoritário, que todos nós lutamos para que fosse vencido." Fosse ele apedeuta como o ex-presidente Lula poder-se-ia não levar em conta. A mesma coisa é mijo e urina, “nobre” senador das Minas Gerais. E, de mais a mais, mente ao dizer que lutou contra o regime militar. Nem mesmo como político pode dizer que combateu o regime militar, posto que seu primeiro mandato de deputado date de 1987. O governador de Pernambuco, presidente do PSB, Eduardo Campos desde abril apresenta-se como candidato à sucessão de Dilma Rousseff. Ao aceitar a filiação de Marina Silva sua pretensão fica ameaçada, mesmo considerando que seja o todo poderoso no PSB. Suponhamos que as pesquisas sejam confiáveis. D. Marina está muito à frente de Eduardo Campos nas intenções de votos. A lógica seria D. Marina como cabeça de chapa e Eduardo Campos como vice-presidente. Porém, não só em política como nas mais diversas atividades humanas, a lógica é, digamos, um tanto sem lógica. Caso nenhum dos dois ceda o que se há de fazer? Convocar prévias? E na hipótese de Ciro Gomes também desejar disputar a indicação? Mesmo retirando Ciro Gomes da equação o quadro está indefinido. E Joaquim Barbosa? Deixará o STF embalado pela notoriedade adquirida como relator da Ação Penal 470, vulgo Mensalão, após declarar que todos os partidos são de aluguel? Talvez seja por isso que defenda as candidaturas avulsas. Mas, justiça seja feita, quando os partidos não são de aluguel são inteiramente alugáveis por quem se disponha a pagar mais. Barbosa não confirma nem descarta a possibilidade de vir a se candidatar. Caso aceite o desafio estará contribuindo para a criação de novos cenários, até alvissareiros, mas com exíguas possibilidades de concretizarem-se por dois motivos, entre tantos outros, o total domínio da esquerda sobre o Estado brasileiro e ao fato de que nenhum presidente da República, especialmente depois da Carta de 1988, poderá governar sem que consiga formar uma maioria parlamentar para dar-lhe sustentação e, para tal, há que fazer concessões como lotear o governo. Na política o ideal é apenas discurso. O que vale é o real, o R$ e o dólar.



Por falar em discurso, não há um único partido e presidenciável com um rascunho que seja de alguma coisa que se pareça com projeto, proposta ou programa consistente, exequível. Quando falam ou é para alfinetar o concorrente ou para rebater alfinetada recebida. Um diz que é preciso fazer mais, outro que é preciso fazer diferente, um terceiro defende a ampliação do que já fez. Portanto, todos defendem veementemente a existência e aplicação prática do quadrado redondo de seis lados. Muitos ainda estão convencidos que a disputa presidencial é polarizada entre PT e PSDB (segundo o emplumado FHC apenas disputam quem comandará o atraso). Ledo engano. O Partido dos Trabalhadores cooptou e neutralizou toda e qualquer possível oposição ao seu projeto de perpetuação no poder. O PSDB é, na melhor das hipóteses, a direita que a esquerda ama e venera, posto que nenhum mal possa fazer-lhe. Lembrem que quando o escândalo do Mensalão veio a público o PSDB, cioso de sua função de direita da esquerda, assumiu a posição de “não matar o presidente, apenas sangrá-lo”, Lula se recuperou da sangria e foi reeleito. Também teve um senador tucano que disse “fica feio para o Brasil afastar outro presidente em tão pouco tempo por impeachment”. Ora, caso seja necessário este instrumento esta previsto em todas as Constituições brasileiras para ser aplicado caso necessário. A Carta Magna do Império previa o impeachment para ministros de Estado ("por traição, por peita [corrupção], suborno, ou concussão, por abuso do Poder, pela falta de observância da Lei, pelo que obrarem contra a Liberdade, segurança, ou propriedade dos Cidadãos, por qualquer dissipação dos bens públicos", Art. 133) e em nenhuma há menção ao número de vezes que pode ser aplicado. Hoje o Brasil varonil conta com mais de três dúzias de partidos políticos ou, mais adequadamente, balcões de negócio. Com registro, acesso ao Fundo Partidário, tempo nas emissoras de rádio e televisão, sem projetos para o país, sem representatividade e repletos de sem vergonhas. Na prática estamos sob um regime de partido único e onipresente. Sob a batuta do Foro de São Paulo o Brasil e a América Latina estão sob o controle da esquerda. Crer que o comunismo acabou com a União Soviética é prestar-lhe um imenso favor. O movimento comunista internacional existe a mais de cento e cinquenta anos. Tem idiota que pensa que comunismo implantado significa que imediatamente a economia de mercado será substituída pela economia planificada com os meios de produção socializados e as propriedades privadas extintas. Desde início do século XX os comunistas sabem que uma economia planificada é impossível. Na própria URSS havia uma economia de mercado subterrânea. O domínio político favorece o controle sobre a economia em qualquer ideologia em maior ou menor escala. Mas não ao ponto de estatizá-la totalmente. Caso assim tente fazer a ruína será inevitável. É necessário equilibrar-se no meio termo ou, como dizem, o comunismo meia-bomba. A china é um bom exemplo disso.



Somente um tolo pode crer que as manifestações de junho foram articuladas espontaneamente nas redes sociais. Não negamos que as redes sociais foram utilizadas, porém manifestações daquela grandeza e simultaneidade exigem planejamento, articulação, coordenação, recursos humanos e materiais de respeitável envergadura. Até mesmo os vândalos, saqueadores e baderneiros eram parte integrante da estratégia esquerdista para criar o caos, confusão, pânico, insegurança e repudio na sociedade abrindo espaço para se impor mais controle social, seja legislando ou fortalecendo o aparelho repressor. Com exceção da derrubada da PEC 37 tudo continua como antes no quartel de Abrantes. O fim do voto secreto para a cassação de parlamentares dorme em berço esplêndido no Senado Federal. O deputado Natan Donadon segue preso na penitenciária da Papuda e no exercício de seu mandato. Elano Figueiredo omitiu em seu currículo que já havia atuado como representante jurídico da operadora Hapvida sendo aprovada sua indicação para diretor da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). A Comissão de Ética Pública da presidência da República que adora mostrar serviço com peixes pequenos recomendou sua destituição. O dirigente se apressou em “pedir” a exoneração. A Operação Miqueias da Polícia Federal acusou e pediu a prisão de Idaíson Vilas Boas Macedo, assessor da subchefia de Assuntos Federativos na Secretaria de Relações Institucionais comandada por Ideli Salvati (membro destacado na ANABOL, Associação Nacional dos Baba Ovo do Lula) de tráfico de influência e formação de quadrilha, mas a Justiça negou o pedido. A quadrilha, de acordo com a Polícia Federal, lavou cerca de R$ 300 milhões, sendo que R$ 50 milhões de recursos de fundos de investimentos do Regime Próprio de Previdência Social administrado por prefeituras. Este mês “o presidenta” Dilma Rousseff, em plena campanha pela reeleição esteve no município de Vitória da Conquista, Bahia, para entregar pouco mais de 1.700 moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida sendo que muitas delas já ocupadas não dispõe de luz elétrica e água encanada. No ministério do Trabalho oito pessoas foram presas “suspeitas” de desviar quase R$ 50 milhões do ministério. O leilão do campo de Libra será uma das maiores operações lesa-pátria de que se tem notícia. E a quantidade de safadezas nestes quatro meses vai mais além, porém por ora estas bastam para ilustrar que nada rigorosamente mudou.



Certamente que o processo para a indicação dos candidatos ao Palácio do Planalto será muito mais interessante do que a campanha deles. Ambas com direito a todas as baixarias possíveis e imagináveis. Seremos assediados por candidatos de todos os modelos e feitios que prometerão atender todos os gostos e maus gostos. Elegeremos representantes que não representam coisa alguma a não ser a si próprios e interesses definidos. Assistiremos novas investidas contra as instituições, a moral, a ética e os bons costumes. O Estado continuará aparelhado, desmantelado, subserviente aos poderosos, omisso, descuidado e incapaz. A corrupção, desvio, desperdício e malversação dos recursos públicos em progressão aritmética. Enfim, os candidatos irão nos afiançar que tudo será mudado. Porém vão omitir que para isso tudo deverá ficar do jeito que se encontra, ou pior.



CELSO BOTELHO

20.10.2013