segunda-feira, 15 de abril de 2013

INFLAÇÃO NOS ALIMENTOS: DO CHUCHU AO PIMENTÃO E TOMATE




O estoque de possíveis soluções para segurar a inflação e, ao mesmo tempo, fomentar e manter o crescimento econômico da Turma da Dilma se mostra extremamente ineficaz como, aliás, era de se esperar. O desespero é tão grande que o ex-ministro da Fazenda do governo militar Delfim Neto foi chamado ao Planalto e também Luiz Gonzaga Belluzzo que no final dos anos 1980 e inicio dos 1990 sugeriu o controle da poupança que foi levado adiante no malfadado Plano Collor que quase fez a economia entrar em colapso total. A política econômica praticada no Brasil é profundamente perversa, pelo menos para a maioria da população. Mesmo considerando serem corretas e indispensáveis as medidas tomadas pelo governo (o que não é o caso), são frontalmente desrespeitadas pelos banqueiros, empresários e arrabaldes numa demonstração cabal de que não reconhecem a legitimidade e a autoridade deste governo e, portanto, indigno de qualquer credibilidade. Mas “o presidenta” prossegue com o arroto maior do que a boca. O Estado brasileiro está diante de uma bifurcação: ou se opta por prosseguir utilizando instrumentos, quando muito, meramente paliativos em todas as áreas de sua competência ou o repensamos integralmente. As reformas propostas que circulam por ai ou aquelas já executadas jamais darão conta de um ordenamento enxuto, exequível e, sobretudo, comprometido com o bem-estar de seus cidadãos, minorando ao extremo as desigualdades (sem expedientes populistas e demagógicos como o Bolsa-Família), promovendo e expandindo o crescimento econômico, defendendo e preservando a soberania nacional, oferecendo uma Justiça rigorosamente imparcial e ao alcance de todos os cidadãos. No entanto, as possibilidades dos políticos concretizarem reformas profundas, necessárias e imprescindíveis ou repensarem o Estado são as mesmas de encontrar-se vida inteligente no sol.




A inflação dos alimentos reduz ainda mais o salário dos trabalhadores que são obrigados a buscar produtos que substituam aqueles mais caros, mesmo considerando que estes possam conter menos valor nutricional ou simplesmente eliminando seu consumo. A inflação exige que muitos produtos, bens e serviços deixem de ser adquiridos ou contratados gerando queda na produção e na prestação de serviços e, consequentemente, mais desemprego. Mais desemprego significa desordem política, caos econômico e instabilidade social. Portanto, as consequências da inflação são por demais conhecidas, notadamente para aqueles que conheceram a hiperinflação como eu. Os alimentos devem estar, sempre, disponíveis e, sobretudo, acessíveis. Porém esta acessibilidade não se concretiza com demagogia, populismo, entreguismo e protecionismos. Somente neste ano a batata subiu 46%, a cebola 69% e a cenoura 72%, o tomate na casa dos 100%. Nos últimos doze meses as hortaliças e legumes acumulam um aumento da ordem de 80%. O quilo do bom e velho pimentão superou à carne. D. Dilma, Alexandre Tombini, Guido Mantega (este aventou a possibilidade de usar uma metralhadora contra a inflação ao invés de um canhão, eu sugeriria apenas a utilização de competência, mas como isto não está disponível no governo...) e Gleisi Hoffmann & Cia. estão convictos de que zerar impostos para os produtos da cesta básica é o santo grau para conter a inflação. Reduzir ou zerar IPI para os automóveis, geladeiras e fogões é a cereja em cima do bolo e zerar o PIS e o Confins para Samrtphone que custam acima de R$ 1.500,00 é a reinvenção da roda estão profundamente enganados. Tais medidas podem não ser de todo ruins, porém sua aplicação na prática enfrenta todo tipo de resistência que sabe, de antemão, estar lidando com um governo fraco, inoperante, sem autoridade, acanhado e pusilânime.




Neste mês “a presidento” anunciou que irá criar uma agência governamental para tratar da agricultura familiar. É de se prever que funcionará nos mesmos moldes das agências já existentes, quer seja, contra os pequenos agricultores. Um instrumento de controle e dominação para os grandes latifundiários, banqueiros, empresários e outras classes de abutres. Disse também que vai acelerar a mitológica reforma agrária com “terras de qualidade” isso é, pois, o mínimo tendo em vista que não se pode praticar a agricultura em solos estéreis. “Terras de qualidade” pode significar muita coisa, inclusive nada de acordo com a concepção petista. Aproveitando a oportunidade conclamou os agricultores a apontarem pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza para cadastrarem-se no programa Bolsa Família assim poderia dar a terra, o crédito, as sementes, os insumos, a esmola-eleitoreira e quiçá a chuva, o sol e o vento.




Os mecanismos existentes na agricultura teoricamente até é possível que venham a ter algum valor, porém na prática demonstram ser inadequados, ineficientes e profundamente vulneráveis a toda ordem de bandalheiras. Na imprensa há uma fartura de reportagens sobre “pequenos agricultores” (comerciantes, funcionários públicos, carpinteiros, mototaxistas, donas de casa, filhos de políticos, digitadores encarregados do cadastro, etc.) que são beneficiados com os recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar). Tem “agricultor” recebendo o Garantia-Safra pela perda do “plantio” que jamais foi plantado. “O presidenta” sai alardeando que para a safra 2013-2014 o MDA (ministério do Desenvolvimento Agrário) disponibilizará um financiamento maior para cooperativas para fortalecer a agricultura familiar e ampliar o microcrédito destinado aos agricultures de baixa renda. Porém, caso não aja uma fiscalização rigorosa e uma punição exemplar para os espertalhões restará, se muito, alguma boa intenção para expandir e fortalecer a agricultura familiar. Lembrando sempre que delas o inferno está cheio sem, contudo, encontrar-se lotado. Mas os governantes brasileiros de uma maneira geral e o petista em particular além de não darem a mínima para a prática da fraude, da corrupção, do desvio, do desperdício e da malversação dos recursos públicos esmeram-se em prática-las por vocação com insuspeita devoção. Verdade seja dita, os governantes brasileiros jamais estiveram interessados em pequenos agricultores, talvez a exceção fique por conta da Coroa Portuguesa que chegou a determinar que fosse implementada uma cultura de subsistência ainda no período colonial. Porque Dilma não mostra para a sociedade o quanto já foi dado de terras produtivas ao MST (Movimento dos Sem-Terra) desde anos 1980 e que destino foi dado? O MST é uma organização criminosa a serviço do nada menos criminoso Partido dos Trabalhadores. Caso fossem cultivadas as terras destinadas ao MST haveria uma abundancia de alimentos jamais vista em qualquer parte do planeta em qualquer tempo. Delfim Neto, como ministro da ditadura, chegou a brilhante conclusão que a inflação fora alimentada pelo aumento do preço do chuchu. D. Dilma poderia dar um passo além na imbecilidade e proclamar o pimentão e o tomate como vilões que nutrem o dragão da inflação. Afinal, uma idiotice a mais ou a menos não fará diferença alguma em se tratando do governo petista.



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CELSO BOTELHO

10.04.2013