sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CUTUCANDO ONÇA COM VARA CURTA


Como se não bastasse o imbróglio em Honduras rompendo a tradição brasileira de não interferência em assuntos internos de outros países agora o presidente Lula, O Ignorante, não tendo o que dizer resolveu, como de praxe, falar bobagens. É preciso esclarecer ao presidente que no Oriente Médio a pendenga é muito mais complexa e remonta à época do Big Bang enquanto aquele país da América Central em junho de 1969 entrou em guerra com El Salvador por causa de uma partida de futebol onde suas seleções disputavam uma vaga no mundial de 1970, conflito que ficou conhecido como “A Guerra das 100 Horas” (de 14 a 18 de julho de 1969) solucionada após a intervenção da OEA (Organização dos Estados Americanos), mas o tratado de paz só foi assinado uma década depois e deixou um saldo de cerca de 2000 mortos. Portanto, prudência e caldo de galinha não fazem mal algum. Penso que o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) deveria alertar o presidente com maior esmero para evitar posicionar-se de forma perigosa como neste caso. Admito a habilidade política do presidente, sua intuição, carisma, mas esses atributos não o qualificam para assuntos de tal magnitude onde até os mais notáveis especialistas tem dificuldade. Se sua atitude foi para “fazer média” saiu-se extremamente mal. Essa vocação de desejar ser mediador de tudo em todos os lugares trará, inevitavelmente, substanciais prejuízos ao nosso país. E, de qualquer maneira, possuímos outras pendegas e conflitos que estão longe de serem solucionados. Tanto quanto o presidente desejaria ver a situação no Oriente Médio resolvida, todos vivendo em harmonia, etc. e tal. Porém, neste caso, querer não é poder. Caso haja oportunidade de contribuirmos de alguma forma para minimizar ou solucionar o entrevero certamente que não devemos nos omitir. No entanto, o presidente representa o Estado brasileiro e ai os contornos são outros. Não estou sugerindo que fique em cima do muro como a tucanada costuma fazer quero dizer que, neste caso, não é de bom alvitre exibir um posicionamento deste porte. Esse delírio presidencial de desejar ser um líder mundial ou universal, o redentor, o salvador revela um estado esquizofrênico severo.


Afinal, para quem esteve menos atento aos noticiários, o parágrafo acima se refere à visita do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) Mahmoud Abbas ao Brasil. O presidente Lula, O Ignorante, defendeu (é muita pretensão) o congelamento imediato dos assentamentos na Cisjordânia (talvez seja por isso que a reforma agrária por aqui não prospera) e que Israel deveria “preservar” as fronteiras com os territórios palestinos e permitir “mais liberdade de circulação” nas regiões ocupadas. O governo brasileiro colocou-se frontalmente contra o governo israelense ao criticar a ampliação dos assentamentos pedindo que volte atrás da decisão. Tal atitude pode ser classificada como pueril, irresponsável e destoa da tradição do Itamaraty e do bom-senso, principalmente deste. O relacionamento de países é muito intrincado e encampa vastos interesses, portanto, ao colocar-se desta maneira o governo brasileiro assume uma posição de repúdio as decisões de Israel que, casualmente, é o maior aliado dos norte-americanos na região que, coincidentemente, mantém relações muitos estreitas como o Brasil. Não chegaria a supor uma retaliação (seria ingenuidade), mas posso imaginar a possibilidade de arranharmos de tal forma nossas relações com estes países que não seria utópico prever uma retração nelas. Ao tomar partido numa escaramuça qualquer é fato sabido e conhecido que uma das partes não ficará satisfeita e o desdobramento desta insatisfação é imprevisível. No contexto mundial todos os países se relacionam em diferentes esferas e de diferentes maneiras, portanto, não estamos sós. Somos interdependentes e não será cutucando onça com vara curta que esta nação irá se impor.


Lamentável (e desastrosa) essa postura do presidente, pois, só serve para minar as relações que mantemos com Israel ao imiscuir-se em assunto interno tão delicado, pois se fosse coisa de pouca monta já teria sido resolvido há muitos e muitos anos e o cabedal de nosso presidente é enormemente insuficiente para esboçar qualquer contribuição mediadora. Se persistir na intromissão estará somente aprofundando o estrago que já provocou. Posso sugerir que se restrinja à atividade politiqueira tupiniquim na qual é expert.


CELSO BOTELHO 20.11.2009