sexta-feira, 19 de março de 2010

LULA DAS ARABIAS


Jamais senti saudades de presidente, governador, senador e outros trastes afins e em tempo algum me faltaram motivos para isso. Porém, não sabendo o que me reserva o futuro, inclino-me a dizer que as politicagens, trapalhadas, o vocabulário pobre e chulo, as metáforas pueris e idiotas, a arrogância caipiresca, a presunção desmedida, o ego maior que o Universo, a contradição conveniente, o jeito maroto entre outros atributos do presidente Lula, O Ignorante Desbocado, hão de deixar um vazio neste país como nunca antes em sua história, pelo menos até 2014. Talvez tenha aloprado de vez assumindo a figura de mensageiro da paz, da ordem e da prosperidade mundial de um modo geral e em particular o árbitro imparcial de todas as contendas entre os seres humanos sejam elas de que natureza for, pois, afinal, em seu delírio psicodélico trata-se de um semideus encarnado. De posse em desta imagem o ex-operário, ex-sindicalista, ex-deputado e dentro de alguns meses ex-presidente seguiu para o Oriente Médio para acabar de vez com aquela pendenga iniciada logo após o Big Bang e sem qualquer vislumbre de solução para os próximos cinco bilhões de anos, no caso do planeta resistir esse tempo todo, coisa tida e havida como improvável. O que, certamente, me deixa embasbacado é saber que estudiosos do mundo inteiro dedicaram suas vidas estudando a questão e jamais foram apresentados resultados conclusivos (aliás, na História nada é conclusivo) e nosso presidente, sem diploma acadêmico como faz questão de ressaltar, não precisou dar muitos tratos à bola para compreender e encontrar a solução para o eterno entrevero: negociação. Mas, poderiam dizer, isso é o que se tenta séculos a fora, qual é a novidade? Ora, a novidade é que, pela primeira vez, o mediador será um ungido, um semideus tupiniquim. Devo alertar o presidente que negociar com árabes e judeus em nada se parece com uma negociação entre PT e PMDB, ou seja, um lambendo o outro, porém nunca se sabe...



Posso considerar a intromissão do nosso presidente em assunto tão delicado, complexo e penoso como um ensaio para o cargo de embaixador do Brasil nas Nações Unidas, no caso de D.Dilma-Terrorista-Roussef-Guerrilheira vir a ser eleita como notório pau mandado do “cumpanheiro-mor” e, assim sendo, dar prosseguimento ao seu projeto de candidatar-se à presidência daquela entidade, isto porque ainda não foi criada a Organização dos Planetas Unidos ou a Organização das Galáxias Unidas. O homem encasquetou a idéia de que é um estadista e não há tratamento para este desarranjo mental. O diabo é que, caso eleito (na ONU) resolva implementar a Bolsa-Nação e, admitamos, neste negócio de bolsa possui larga experiência. Mas é preciso adverti-lo que jogo é jogo e treino é treino (para não sair de suas metáforas futebolísticas), portanto, a estratégia pensada no segundo pode revelar-se inadequada para o primeiro. E, de mais a mais, o adversário normalmente não almeja a derrota, a menos que esta o beneficie ou prejudique um rival. No caso do Oriente Médio a coisa funciona mais ou menos assim: o inimigo do meu inimigo é meu amigo e o amigo do meu inimigo é meu inimigo, dá para entender uma coisa dessa? Pois então. Uma outra exortação deve ser dirigida ao homem de Garanhuns (PE), São Bernardo do Campo (SP) e Brasília (DF): não existe uma fórmula conhecida de estabelecer-se à paz naquela região, ou melhor, caso exista está fora do alcance humano. Definitivamente não será comparando o histórico conflito com as miudezas do que chama de direita ou esquerda (se é que sabe o que vem a ser isso) que irá iluminar, mesmo que fracamente, o fim do túnel. Ai já não é mais presunção é pura alucinação, e das brabas.



Como o presidente acredita ser um insuperável, inigualável e insubstituível negociador para mediar conflitos, sugerir soluções e apaziguar os ânimos sugiro que sua atenção deva se voltar para outras partes do globo que também devem merecer seus préstimos. Há um arranca-rabo entre o País Basco, que ocupa a região desde o ano 2000 a.C, com a Espanha que remonta ao século XV e inicio do XVI com a sua unificação. Os curdos encontram-se espalhados pelo Irã (os sucessivos governos encarregam-se da manutenção de uma política anticurda), Iraque (durante a guerra Irã - Iraque foram perseguidos, assassinados, deportados) Síria (onde se recusam a registrar crianças com nomes curdos, proíbem o uso da língua curda, proíbem escolas privadas curdas, livros escritos neste idioma, negam qualquer direito social), Turquia (onde vivem quase que sua metade), Líbano, Armênia (aqui gozavam de alguns direitos até a derrocada da União Soviética quando foram despojados de seus privilégios, a maioria fugiu para a Rússia) e Azerbaijão (enfrentaram muita repressão sendo sistematicamente deportados). Desde o rompimento do Império Otomano esta etnia é perseguida, assassinada, mutilada, discriminada e expatriada. Há 50 anos a Índia e o Pasquitão estão se estranhando e, eis o que preocupa, ambos possuem armamento nuclear. Com uma sociedade estratificada em sistema de castas, uma população de maioria hinduísta muitas pessoas convertem-se ao islamismo para fugir da rigidez do sistema. Na África, notadamente na parte ocidental (Serra Leoa, Costa do Marfim, Libéria) os conflitos étnicos são mais duradouras e fazem milhares de vítimas todos os anos. É, trabalho não irá faltar. Só não recomendo entregar-se muito à missão para preservar a saúde, pois, comandar (?) oito quilômetros quadrados me parece bem mais fácil que imiscuir-se com encrencas monumentais dispersas por todos os continentes. O Lula das Arábias da início à sua cruzada para apaziguar o conflito sentenciando que o atrito entre os EUA e Israel (que o presidente Barak Obama negou) é providencial. A maioria dos países não desejaria um atrito com os EUA e, no caso, nem eles com Israel. De todas as trapalhadas, gafes, estabanações e etc. e tal desta viagem a pior coisa que aconteceu foi a própria. Certamente também ficou sabendo que tal viagem o tornaria o primeiro chefe de Estado brasileiro em visita oficial à Israel. Mas pergunto: e dai? D. Pedro II visitou a região em 1876, mas não fora viagem oficial e sim turismo às expensas do Estado, é claro.



CELSO BOTELHO

18.03.2010