quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ECONOMIA MANCA, MINISTRO LAMBÃO

O ministro da Fazenda Guido Mantega deve sofrer de amnésia, isto na melhor das hipóteses, ao afirmar que a “economia está crescendo com duas pernas mancas”. Mais apropriado seria dizer que cresce tal qual rabo de cavalo. Guido Mantega é formado em economia com especialização em sociologia na USP, conhecida fábrica de comunistas e outros trambolhos. A partir de 1993 passou a integrar a quadrilha do ex-presidente Lula como assessor econômico. Em 2002 foi um dos coordenadores do programa econômico do Partido dos Trabalhadores. A partir de 2003, com a posse do chefe da quadrilha na presidência da República, assumiu o ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e logo depois remanejado para a presidência do BNDES. É ministro da Fazenda desde 2006, portanto há sete anos. Sendo assim, deve-se creditar na sua conta o pífio desempenho da economia brasileira. Responsabilizar a falta de financiamento para o consumo e a crise internacional que “rouba parte do crescimento” é pretender outorgar-nos um diploma de asnos. Seu “padrinho” e chefe Dom Lula Corleone não alardeou em 2008 que a crise internacional era um tsunami e que aqui chegaria como uma marolinha? Marolinha uma ova! Em outubro de 2008 uma Medida Provisória autorizou O Banco Central a adquirir carteiras de bancos em dificuldade, a produção industrial nos três meses finais do ano teve queda de cerca de 20%, as montadoras de automóveis ficaram com seus pátios lotados, os preços das commodities caíram rapidamente porque havia muita oferta, recorreu-se a redução de impostos para ativar o consumo e estimular os investimentos e o ignorante do Lula foi para a televisão recomendando a população que continuassem consumindo para manter seus empregos (“se você não comprar, o comércio não vende. E se a loja não vender, não fará novas encomendas à fábrica. E aí a fábrica produzirá menos e, a médio prazo, o seu emprego poderá estar em risco.”). Adams Smith (1723-1790) e John M. Keynes (1883-1946) se sentiriam humilhados diante do vasto conhecimento de Lula sobre economia. O governo Lula só fez expandir o crédito facilitando a entrada de novos consumidores no mercado e isto garantiu, no início, um crescimento robusto da economia. Acontece que desde meados de 2011 as concessões de crédito refluíram na mesma proporção que a inadimplência crescia. Praticamente um quarto das famílias que se endividaram mais do que deveriam só restava reduzir o padrão de vida ou simplesmente dar o calote. Pesquisa de Orçamento das Famílias (POF), do IBGE apontou que mais de 14 milhões de famílias comprometeram mais de 30% da renda mensal com dívidas. A maior parte dos super-endividados foram aqueles que atenderam ao apelo do “grande economista” Luiz Inácio Lula Satanás da Silva e se encontram nas camadas menos favorecidas da população. 5,8 milhões na classe C e 6,6 milhões nas classes D e E.




A crise que vem assolando o mundo iniciou em solo americano a partir de 2008, Mantega já estava no cargo há dois anos. Disse que “acredita” que qualquer empresário hoje consegue financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos e, simultaneamente, o financiamento escasso para o consumo caracterizam um crescimento manco nas duas pernas. No cargo que ocupa não pode e nem deve haver “acreditar” e sim análises consistentes do panorama econômico nacional e internacional e a adoção de uma política econômica adequada, sem mágicas, sem truques, sem bravatas. Economia não é uma crença. Por mais devoto que seja a São Mateus, padroeiro dos economistas, não há de ser suas preces e orações que farão a economia brasileira entrar nos eixos, se é que algum dia já esteve neles. Mostrou-se atrasado na conclusão de que as concessões em infraestrutura estão despertando o “espírito animal” dos empresários, posto que este “espírito animal” encontra-se desperto há muito tempo, notadamente depois do governo FHC. Disse o tal ministro, textualmente: "esse conjunto de concessões é um grande programa, que vai mudar a vida dos brasileiros, aumentar a produtividade, reduzir custos, reduzir gargalos e melhorar os serviços". Chamar o entreguismo, dilapidação do patrimônio público e operações lesa pátria de concessões é ser muito cara de pau. A julgar pelas privatizações realizadas até hoje não há qualquer indicio de que a vida dos brasileiros tenha mudado para melhor, que a produtividade tenha aumentado, que os custos e os gargalos tenham sido reduzidos e especialmente que os serviços tenham sido melhorados. Quais os benefícios para os brasileiros das privatizações, concessões ou parcerias público privada? Até o petróleo foi entregue de bandeja para interesses estranhos ao Brasil. Aliás, D. Dilma era contra esses leilões antes de ser eleita presidente da República. Pergunta inútil: porque será que mudou de ideia? Mudaram os leilões ou mudou a Dilma? Nem um nem outro mudou. A esquerda sempre atua em posições antagônicas justamente para se beneficiar de um ou de outro resultado. Entre os esquerdistas sempre há discordância em alguns aspectos, porém nada que possa comprometer, ameaçar ou arruinar seus objetivos finais. A discordância entre eles também é parte da estratégia para confundir a sociedade. O tal ministro disse ainda que as concessões prosseguirão no próximo ano com ênfase para as ferrovias e os portos ou o que restou deles. Mesmo com a fuga dos investimentos e a economia crescendo manca das duas pernas Mantega assegura que eles estão capitaneando a economia brasileira e que haverá aumento no consumo. O ministro se contradiz ou não tem a mínima ideia do que está dizendo. As agências de risco não estão tão otimistas e decidiram rebaixar a nota do Brasil em decorrência da perda de credibilidade fiscal. Para o titular do ministério da Fazenda "se o vento contrário se tornar a favor, de popa, e o crédito ao consumidor possa aumentar, teremos duas novas formas dinamizadoras para estimular." O diabo todo é o condicional “se”. “Se” Adão e Eva não houvessem desobedecido ao Criador..., “se” Adolf Hitler (1889-1945) ao invés de ter sido ferido durante a Primeira Guerra Mundial tivesse morrido..., “se” Getúlio Vargas (1882-1954) aceitasse a derrota para a presidência da República para Júlio Prestes (1882-1946)..., “se” Guido Mantega não tivesse deixado Gênova na Itália... O condicional “se” tem infinitas aplicações e nenhuma utilidade. O governo Lula desperdiçou o ciclo de prosperidade da economia mundial e agora o governo Dilma está contando com ovo no rabo da galinha. O governo petista fez mais do desperdiçar grandes oportunidades de realizar ótimos negócios para o país. Patrocinou escândalos (mais de cem), estimulou a corrupção, acobertou (e acoberta) bandidos, fez crescer a violência, desarranjou a economia, alimentou o crescimento da dívida pública interna, inchou a máquina pública, aparelhou e instalou o caos na administração pública, reforçou a inversão de valores para confundir a sociedade e derrubar seus critérios de julgamento, contaminou as instituições já capengas desta maltrapilha República, etc.



Perguntado sobre não cumprir a meta para o superávit primário (R$ 111 bilhões) que não será atingida, tendo em vista que até o mês de outubro deste ano o acumulado encontrava-se em apenas R$ 51,2 bilhões o ministro responsabilizou o corte nos impostos para reduzir os custos de produção no país e estimular o investimento. Notem que em 2008 houve corte nos impostos justamente para estimular os investimentos. Antes eram os cortes “mocinhos” e agora são os “vilões”, que coisa! Mas, afinal, este pulha não é o ministro desde 2006? Onde estava? Babando o ovo do Lula ou assistindo o Show da Xuxa? Qualquer estudante no primeiro período de economia sabe perfeitamente que tais medidas não iriam produzir esses efeitos. Com as desonerações no ano passado a perda da arrecadação ficou em R$ 45 bilhões e este ano até o mês de outubro já passava dos R$ 60 bilhões. Caso tenha havido redução nos custos de produção a diferença ficou no bolso dos empresários não estimulando investimento algum. Em outubro de 2011 Guido Mantega disse que os juros reais no Brasil deveriam ser de 2% a 3% e "juro alto é tão ruim quanto inflação alta. E a inflação é negativa para todos, sobretudo os mais pobres". Bingo! Guido Mantega acabava de descobrir o circulo redondo. Já naquela ocasião a economia se encontrava em franca desaceleração e Mantega a falar bobagens e fazer besteiras. A desordem na economia brasileira certamente não começou com o governo petista. No entanto, foi ele quem a robusteceu. Para a esquerda tanto faz se há prosperidade, ruína, ordem, desordem, segurança, insegurança porque qualquer resultado lhes favorece. Sempre terão dois ou mais discursos prontos para aplicar a qualquer situação que se apresente. Quanto mais ambíguo for seu discurso, melhor. Caso sirva de consolo Guido Mantega não é o primeiro nem será o último ministro da fazenda a dizer e fazer patacoadas. Antônio Delfim Neto, quando ocupava o mesmo cargo durante o regime militar (1964-1985), o chuchu subiu 173% imediatamente Delfim Neto declarava publicamente: "o culpado da inflação é o chuchu." Era a “inflação do chuchu. Não confiaria a Guido Mantega sequer uma carrocinha de cachorro quente localizada no interior do Acre, com todo respeito a carrocinha, ao cachorro quente e o estado do Acre.



CELSO BOTELHO

12.12.2013