segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

NÃO XINGUEM A MÃE DO MANTEGA E MERCADANTE APOSTA ALTO



Quanto mais vejo o ministro da Fazenda Guido Mantega falar bobagens e fazer besteira mais admiro e respeito os jegues, jumentos e as toupeiras. Além de trapalhão agora é vidente. Disse que o ciclo da crise está chegando ao fim. Examinando o panorama internacional e o ridículo desempenho da economia nacional não é preciso muito esforço para concluir que o ministro está mentindo descaradamente. Exceto se considerarmos um crescimento do PIB de 0,09% como espetacular (revisto e alterado para 1%). No entanto, quando afirma que o governo vai perseguir um superávit primário maior que o previsto na proposta orçamentária de 2014 está dizendo a verdade. Porque esta joça é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública que hoje consome cerca de R$ 200 bilhões anuais. E como se faz esta economia? Contingenciando verbas da saúde, da educação, da segurança pública, das obras de infraestrutura, dos transportes, etc. De acordo com a bola de cristal de Mantega, especialmente treinada para lhe mostrar coisas que nós simples mortais não vemos, as condições fiscais serão melhores em 2014 em função do crescimento da economia. Gostaria de saber como isso será possível com uma economia crescendo como rabo de cavalo. O ministro promete “recompor certos tributos”. Hummmm! Lá vem fumo! Também diz que serão reduzidos os estímulos e incentivos. Ora, desculpem minha ignorância, mas isto não tende a provocar uma retração? Outra verdade do ministro está “no que se refere” (royalties para Dilma Rousseff) a redução de despesas (desde que não venham a bulir com os companheiros, associados, cúmplices e comparsas) a começar com o abono salarial e o seguro desemprego. Para não saírem por ai a dizer que sou intransigente, turrão e implicante tenho que concordar com o ministro Guido Mantega quando reclama que alguns ministros estão xingando a senhora sua mãe (a dele) e depois a do secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin (nada a ver com os eletrodomésticos). É bom que se diga que este cidadão está no cargo há seis anos e, portanto, não é de hoje que vem dando uma de mágico realizando truques contábeis ou, como dizem os economistas, promovendo uma “contabilidade criativa”. Muito deselegante o comportamento de seus colegas de quadrilha, digo, ministérios. Que mal fizeram as senhoras além de tê-los gerado e parido? Deveriam apenas xingá-los. Porque envolvê-las nas trapalhadas e jumentices de seus rebentos? Ora, que falta de educação! Entendo perfeitamente que a ofensa à mãe é o xingamento favorito de dez entre dez brasileiros, porém, publicamente, entendo que devemos poupá-las. Caso as mulheres soubessem antecipadamente o traste que estavam gestando certamente correriam para expeli-lo. E assim o mundo estaria livre de um Fidel Castro, Lenin, Stalin, Mussolini, Hitler, Pinochet, Lula, etc. etc. etc.




Mantega garantiu que o governo não fará novas manobras para fechar suas contas. Então antes fazia? Ora, ministro, se o governo não fizer isso só mesmo um milagre poderá fechar as contas públicas. Mas como não podemos contar com a intervenção divina neste caso os truques e artimanhas contábeis continuarão maquiando a bagunça. O próprio ministro disse, textualmente; “fizemos essas operações que podem não ser consideradas muito ortodoxas, mas que foram feitas dentro das regras. Não há nenhuma irregularidade, apenas fica uma operação menos transparente, vamos dizer assim. Este ano, adotamos a prática de fazer tudo absolutamente transparente, colocar todos os gastos explícitos.” Vamos desmembrar a fala. O ministro parece desconhecer o próprio idioma. Ortodoxa significa que segue à risca o que diz uma regra. Se não podem ser consideradas muito ortodoxas é porque fugiram às regras e se fugiram às regras como poderiam estar dentro delas? Depois afirma não ter ocorrido nenhuma irregularidade, somente houve menos transparência. Se houve menos transparência foi porque havia necessidade de ocultar alguma coisa e quando se oculta alguma coisa é porque existem irregularidades, principalmente se tratando dos governantes brasileiros. Declara o indigitado ministro que neste ano a área econômica do governo fez tudo absolutamente transparente colocando todos os gastos explícitos. Então confirma que nos anos anteriores não houve transparência. Se não houve transparência é porque houve irregularidades. A fala do ministro é o samba do crioulo, do branco, do índio, do mameluco doido. Mantega está à frente do ministério desde 2006, tal como Dilma, não pode atribuir responsabilidade pelo desarranjo na economia ao seu antecessor. Estaria atirando contra o pé. Que situação! Sobre a crise de confiança do mercado diante da política fiscal afirmou que alguns setores ficaram de mau humor com o Brasil. Ora vejam, nosso desempenho econômico está atrelado ao humor. Se é assim acho que o Tiririca deveria ir para o ministério da Fazenda.



Mas se alguém pensa que a coisa está feia enganou-se. Circula que num eventual segundo mandato de D. Dilma Aloisio Mercadante venha a substituir Gleisi Hoffmann na Casa Civil. Pelo menos ele aposta nisso. O risco é alto, mas não é absurdo. Para derrotar Marina Silva, Aécio Neves ou Eduardo Campos uma Dilma Rousseff pode dar conta, salvo chuvas e trovoadas. Mercadante contava de ser nomeado ministro da Fazenda no primeiro governo Lula, foi preterido. Virou líder do governo no Senado Federal. Em 2006 saiu candidato ao governo de São Paulo e Lula não se empenhou em sua campanha (como fizera com Dilma em 2010 e Fernando Haddad em 2012) perdeu para José Serra, O Papinha de Alface Light. Em janeiro de 2009 foi eleito líder do PT no Senado e em agosto apresentou sua “renúncia irrevogável” devido a decisão do PT de arquivar a abertura de investigação no Conselho de Ética contra o presidente do Senado José Sarney. Lula o chamou às falas e a “renúncia irrevogável” foi revogada. Em 2010 concorreu novamente ao governo de São Paulo e Lula estava ocupado demais com um poste chamado Dilma Rousseff e não o ajudou. Para consolá-lo Dilma o nomeou ministro da Ciência e Tecnologia. Em 2012 foi para o ministério da Educação por conta da eleição de outro poste que Lula plantou na prefeitura de São Paulo.



Vejamos o histórico dos ocupantes da Casa Civil nos dois últimos governos. Na Era Lula ficou assim: José Dirceu foi para a prisão como chefe da quadrilha do Mensalão. Dilma Rousseff para a presidência da República. Erenice Guerra que, apesar dos crimes cometidos (escândalo dos cartões corporativos, fabricação de dossiês fajutos, tráfico de influência, favorecimento a empresas que mantinham ligações com membros de sua família, etc.) saiu ilesa. Apenas com um puxão de orelha do Conselho de Ética da presidência da República que decidiu puni-la, por unanimidade, com uma censura ética pela omissão de informações. Em 2012 o processo foi arquivado por “total falta de provas”. Carlos Eduardo Esteves Lima ficou de setembro a dezembro de 2010. Certamente não houve tempo hábil para fazer lambanças. No governo Dilma Antônio Palocci, demitido no governo Lula do ministério da Fazenda por conta da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, foi demitido por enriquecimento ilícito. Aumentou seu patrimônio vinte vezes em apenas quatro anos. Finalmente Gleisi Hoffmann que nomeou como assessor um pedófilo, depois nomeou um suspeito de corrupção e a seguir Idaílson José Vilas Boas Macedo, funcionário da ministra das Relações Institucionais Ideli Salvati, acusado pela Polícia Federal de envolvimento com a quadrilha suspeita de pagar propina a prefeitos para direcionar investimentos de fundos de pensão municipais. Uma fraude de R$ 300 milhões. Sua nomeação foi avaliada e assinada por Gleisi Hoffmann que deixará o governo para candidatar-se ao governo do Paraná. São pessoas deste calibre que integram o governo da República e mais um não fará lá muita diferença. Mercadante está tão acostumado a ser subserviente ao PT e especialmente a Lula que não percebe que mais uma vez será atirado na toca dos leões. Será desmoralizado mais uma vez publicamente. Lula sempre odiou a ideia de surgir uma liderança que lhe ameaçasse a hegemonia no partido e sempre trabalhou para neutralizá-las. Quando Mercadante foi eleito senador com mais de dez milhões de votos a luz amarela acendeu para Lula que tratou logo de lhe cortar as asas. Fidel Castro agiu assim em relação a Chê Guevara, Stalin com relação a Leon Trotsky. Mas Mercadante merece ser desprezado, repudiado e bagunçado.



CELSO BOTELHO

24.12.2013