segunda-feira, 9 de junho de 2008

O POÇO DO PLANALTO


O Senado Federal brasileiro só não chegou ao fundo do poço simplesmente por sua inexistência e por mais que se busque transparência nas águas que ali correm só encontremos lama. Os descalabros sempre aconteceram desde 1824. É um embuste atrás do outro. Muitas vezes fica, apenas, faltando condecorar e convocar desfile em homenagem a notórios pulhas. Tem votação secreta pode ser legal, no entanto, é profundamente imoral o que, aliás, não incomoda aquela Casa tal o uso e abuso de toda sorte de expedientes que venham atender as necessidades e interesses de seus seletos membros ou daqueles a que estão a serviço. Pouco tempo atrás, num acesso de otimismo (ou delírio), havia alguma remota boa vontade em excluir alguns senadores do saco de gatos. Hoje os devolvo ao saco e não faço nenhuma exceção. Sou traído, insultado, espinafrado e ferido como cidadão sistematicamente. A alcatéia está faminta e devora ansiosa o Estado de Direito restabelecido em 1985 após os generais de plantão e capangas haverem consumido, de todas as formas, a nação durante mais de duas décadas. Até que possa voltar a depositar algum crédito na Instituição será preciso uma depuração rigorosa, pois, com estes senhores que lá estão não haverá boa vontade do mundo que excluam alguns. E não adianta berrarem na tribuna ou para a imprensa que votaram a favor da sociedade porque, na calada do dia e da noite, estão sempre maquinando contra a nação. A especialidade daqueles senhores é mentir o tempo todo e mais algumas horas. Durante o regime militar o Senado movia-se de cócoras, mas havia uma baioneta às suas costas. Agora se rasteja a serviço deste ou daquele interesse momentâneo e estritamente pessoal. Tomem cuidados senhores senadores: animais que assim se locomovem acabam esmagados!
Não creio que o voto possa desalojar esta horda que se instalou no Congresso Nacional (nas duas Casas) com este sistema eleitoral vigente e a tal da reforma política, seja ela qual for, será patrocinada pelos beneficiários desse modelo e jamais ocorrerão mudanças substanciais que possam alijar-lhes do poder. E a sociedade permanecerá refém dos pífios, espoliadores, salteadores e mentirosos de sempre. Não creio, defendo ou aceito sequer supor-se o fechamento do Senado Federal, porém, faz-se urgente uma reforma política (entre outras) discutida amplamente com toda a sociedade sem engodos, manipulações ou formações maquiavélicas. Não há nem como classificar de bagunça o que ali acontece, porque existem bagunças bem mais ordeiras e civilizadas.
Posso até dizer que não vejo esforço algum de quaisquer de Suas Excelências para, de fato, restaurar a imagem da Instituição. Pelo contrário, cada vez mais a sordidez e a torpeza grassam embaixo da cúpula voltada para baixo e assim está arquitetonicamente e moralmente.
Celso Botelho