domingo, 29 de março de 2009


Gostaria de ver algum “prego” da administração pública (federal, estadual ou municipal) contestar o relacionamento incestuoso com as empreiteiras de obras, mas isto seria tão possível como jogar futebol no espaço sideral. Depois da Camargo Correia é a vez da Construtora Delta que abocanha obras do famigerado PAC (Programa de Aceleração do Crescimento ou da Corrupção, tanto faz) e recursos públicos que fomentaram um crescimento de singelos quase 1.000% desde o Ano da Graça do Senhor de 2000. Naturalmente que o TCU (Tribunal de Contas da União) detectou irregularidades nos contratos, porém, a coisa permanece como dantes no quartel de Abrantes. O patrimônio desta amásia dos cofres públicos chegou à portentosa cifra de mais de meio milhão de reais. O PAC, Bolsa-Família, Luz Para Todos e outras engrenagens politiqueiras, populistas, eleitoreiras e principalmente, bilontras são mesas postas para saciar a ganância de um lado e do outro num banquete regado com o dinheiro do aviltado contribuinte. Devo admitir que os empreiteiros safados sequer se preocupam em esconder o rabo porque sempre contaram com a pronta intervenção do gracioso Instituto da Impunidade para impedir que o pisem. Rastrear e comprovar irregularidades em todas as etapas do processo que envolve a contratação de obras com o governo é fácil (o preço de um saco de cimento ou o preço da mão de obra estão explícitas no mercado ao contrario, por exemplo, dos contratos de publicidade que são marcados pela subjetividade quando na composição de seu custo), difícil – muitas vezes até impossível – é punir esta gente.


Tanto o PAC como esse tal de “Minha Casa, Minha Vida” ou qualquer outra bandalha paternalista, demagógica e feérica executada por este governo apontam um único caminho: o da corrupção, desvio e desperdício além, é claro, de tentar alavancar a candidatura falida da senhora Dilma Roussef para o cargo de fiel depositária da cadeira presidencial até 2014 (no caso do golpe do terceiro mandato não vingar). Nada contra a construção de casa populares para as pessoas de menor poder aquisitivo, pelo contrário. Porém, porque o governo, sendo detentor de mais da metade das terras, não doa os terrenos e abre uma linha especial de crédito para a construção (com aproximadamente R$ 20 mil pode-se construir uma moradia modesta, funcional e com qualidade) fornecendo orientação técnica, apoio logístico, etc.? Porque fica inviável a barganha política, as negociatas, os apadrinhamentos e toda sorte de vícios aos quais são contumazes praticantes. A meta será, sempre, a de criar dificuldades para vender facilidades. Antes mesmo de se colocar o primeiro tijolo na primeira casa que será construída já haverão inúmeras irregularidades detectadas tal como no PAC, Bolsa-Família, Luz Para Todos e outras baboseiras que até são meritórias em tese, no entanto, completamente destorcidas na prática como, aliás, convém a aos arrivistas.


Como bem disse o nosso presidente durante o escândalo do Mensalão que caixa dois era uma pratica corriqueira (isso é que respaldo para o planejamento e execução do ilícito). As empreiteiras se locupletarem com o dinheiro público também é e, segundo esta ótica, ninguém deve ser crucificado exatamente como no caso do Mensalão que, a rigor, não puniu e dificilmente punirá qualquer canalha envolvido, especialmente com este STF(Supremo Tribunal Federal) que ai está sob o (des)comando do senhor Gilmar Mendes, O Bondoso. A única defesa que posso imaginar, seja para a Camargo Correia, Delta, Guantama ou qualquer outra que se alimente do dinheiro público (em nosso país dinheiro público é sinônimo de dinheiro de ninguém ou de quem chegar primeiro) surrupiado descaradamente é que, angelicalmente, perguntem: só nós? E as outras?


CELSO BOTELHO

29.03.2009