quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O ENCONTRO


Pois é. Uns viram e afirmam que não aconteceu, outros não viram e afirmam que aconteceu. É esta a situação do suposto encontro entre Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal e Dilma Roussef, ministra da Casa Civil. Estou inclinado e, provavelmente, a maioria das pessoas a crer em Lina Vieira considerando que D. Dilma é uma notória mentirosa. O ministro da Justiça (sic) Tarso, O Genro, deu demonstração cabal de corporativismo ao dizer que uma acareação entre as duas senhoras é desnecessária, pois, segundo ele, tal procedimento só se justifica quando há algum delito grave. No meu leigo entendimento a acusação sobre a ministra nos remete ao Artigo 319 do senil Código Penal (“retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. Pena: de três meses a um ano e multa) e o controverso ministro afirma ser coisa de pouca monta? Ora, vá ver se estou na esquina!



O depoimento de Lina Vieira deixou muito a desejar. Não vejo como alguém que ocupa um cargo tão importante seja tão relaxado com sua agenda. Um encontro dessa natureza precisa ser agendado, principalmente por não haver vinculo hierárquico entre D. Dilma e D. Lina. Não posso crer que o acesso ao quarto andar do Palácio do Planalto seja franquiado a quem quer que seja sem controle algum. Mas admitamos que o encontro não esteja registrado em agenda alguma e, de acordo com a ex-secretária, existem câmeras de segurança coisa, aliás, comum até nos botequins pé-sujo, que podem ser perfeitamente adulteradas. Podemos considerar que o governo levou a melhor. A mentira vence e a impunidade fica garantida. Com respeito aos senadores presentes no depoimento reservo-me o direito de não mencioná-los por absoluta questão de higiene.



Lina Vieira tornou-se um estorvo para a administração petista no momento que foi deflagrada uma investigação na Petrobras que se utilizava de uma manobra fiscal para pagar menos imposto e aventou a possibilidade de aplicar multa aquela estatal e, sem mais delongas, foi exonerada. Acreditem, esse ardil contábil é fichinha se comparado com outras falcatruas na empresa e a tal CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobrás vai apurar tudo para, com certeza, não apurar coisa alguma e todos sairão felizes, com exceção da sociedade. Somente uma acareação torna possível esclarecer o fato e expor por inteiro (ou mais ou menos isso) a verdade. No entanto, corremos o risco de assistirmos uma sessão de amnésia de ambas as partes e cada uma delas com seus motivos que podem ser sobrevivência e conveniência. Uma coisa podemos ter certeza: as duas senhoras não se encontraram para tomar chá, jogar biriba ou colocar a fofoca em dia.



CELSO BOTELHO

19.08.2009