sexta-feira, 30 de outubro de 2009

NOVOS CRISTÃOS


Primeiro vamos recapitular: o presidente Lula, O Ignorante, afirmou que para se governar o Brasil até o próprio Jesus Cristo teria que fazer acordo com Judas, o Iscariotes. Quanto a realidade que sempre houve necessidade de compor-se para garantir-se um mínimo de governabilidade ninguém dúvida, é fato histórico. O que se questiona são as formas utilizadas para se concretizar essas composições, mas o presidente (dada suas limitações) na tentativa de reforçar um fato sabido e conhecido de longa data lançou mão da figura de Jesus Cristo e seu tido e havido traidor. Mostrou-se desrespeitoso com o fundador do Cristianismo negando-lhe poder suficiente para se sobrepor e desconsiderando o fato de que em sua pregação Cristo jamais tentou se sobrepor e sim convidou a aceitá-lo e as boas novas que trazia. O segundo ponto é admitir com esta deplorável metáfora que, mesmo sob sua administração (que deve reportar como divina), o país é uma esculhambação monumental onde gatos e ratos precisam dividir o mesmo espaço e por isso deveriam estarem acordados. Esta seria uma metáfora mais aceitável e, portanto, menos polêmica, bem menos.



Para ficarmos ambientados no Novo Testamento e, desta forma, facilitando à compreensão do presidente vamos lançar mão de outra metáfora com os mesmos personagens para definirmos a atuação do governo brasileiro num assunto interno de Honduras que ameaça ir a Corte Internacional de Haia apresentar queixa contra o Brasil: “o mal de Judas foi se intrometer na vida de Cristo.” Com toda certeza e nem de longe aquela nação se assemelha em qualquer ponto com Cristo, no entanto, nosso presidente incorpora fielmente o papel de Judas, pois, nos traiu na maior cara-de-pau e não será necessário muito esforço de memória para isso constatar-se. Neste episódio o Itamaraty se pronunciou dizendo que a ação, levada adiante, não poderia prosperar porque aquele governo não é constitucional. Muito bem. Concordamos. Mas o primeiro governo Vargas (1930-1945) era constitucional? O regime militar (1964-1985) foi constitucional? Não. Ambos foram legitimados pela sociedade quer por coerção, propaganda, doutrinação ou tudo isso. Nos dois casos nosso país celebrou acordos, contraiu divídas internacionais, participou de entreveros em outras nações, exportou, importou, representou-se nas diversas organizações mundiais, etc. e foram governos usurpadores, inconstitucionais, ditatoriais. Portanto, o argumento não se sustenta. Chávez afirmou que em Honduras sim havia uma ditadura, mas na Venezuela respirava-se democracia. Ou ele inventou um novo conceito para democracia ou, e é o mais certo, é um completo descarado.



Agora surge mais um novo cristão: Hugo Chávez. Sim, ele mesmo. O arremedo de ditador, bobalhão empedernido e megalomaníaco. O lunático comparou nosso presidente a Jesus Cristo em função de trazer boas notícias para o seu país (em referência a aprovação do nosso safado Senado Federal em permitir o acesso da Venezuela ao Mercosul atropelando a clausula democrática do bloco). Para começo de conversa qualquer coisa saída da boca daquele ditador de meia pataca com relação à religião (seja ela qual for) é a mais ignóbil blasfêmia e sobre qualquer outra coisa é a mais pura balela. Portanto, tal ser humano encontra-se plenamente desqualificado para dizer qualquer coisa, até mesmo um bom dia por ele proferido será motivo de suspeitarmos de alguma malandragem. Lula pode ter levado boas novas a Chávez, porém, não o faz com relação aos brasileiros, basta analisarmos, mesmo que superficialmente, os dados e indicadores econômicos e sociais disponíveis. Portanto, tal comparação só poderia vir do colega venezuelano igualmente ignorante, arrogante, presunçoso e que se imagina um semideus.



Quanto à pergunta formulada por aquela coisinha nefasta ao bom povo venezuelano da razão pela qual nosso presidente deveria deixar o governo quando amealha 80% de popularidade podemos dizer que, simplesmente, é o que determina a maltrapilha Constituição Federal, mesmo que tivesse os 100% e ponto final. Por falar nisso, o prazo legal para se alterar a Carta e fazer valer uma emenda constitucional que viabilizasse uma terceira disputa do presidente expirou-se deixando-nos com apenas duas opções. A primeira é passar a faixa para o seu sucessor ou sucessora (como quer). A segunda é conspirar para construir um golpe de Estado o que, pessoalmente, creio ser improvável, mas nunca impossível, aliás, este é o maior sonho dos integrantes da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovo do Lula). Lula e Chávez não são novos ou velhos cristãos são dois grandíssimos fariseus.



CELSO BOTELHO

30.10.2009

sábado, 24 de outubro de 2009

CARTA AO ONOFRE IV


Caro Onofre,


Confesso, pois, nunca haver sido um homem dado a escrever cartas e disso bem o sabes. Mais por desleixo e nada por falta de apreço às pessoas o que, deveras, me redime. Aqui vai uma curiosidade: sempre desejei iniciar uma carta dizendo “espero que estas mal traçadas linhas o encontrem gozando de plena saúde” e até cheguei a rascunhar algumas, porém, um e outro que se encontravam às minhas costas assistindo desaprovaram a idéia pondo-se a fazer dezenas de objeções estéticas. Argumentavam ser tal oração um glichê arcaico, uma imagem nada criativa, que implicava em assumir a ignorância gramatical do autor e a péssima qualidade de sua forma manuscrita de escrever e os entraves que puseram foram de tal ordem que abandonei a idéia a partir daquele momento e não sendo sequer um esporádico emissor de cartas ai mesmo que não surgiram oportunidades para desafiá-los e realizar meu desejo. Agora, cá do meu sótão, tomando o teclado para escrever-lhe vislumbrei, de chofre, a oportunidade de satisfazer tal desejo. Portanto, prezado amigo, pode se sentir homenageado por este humilde companheiro em proporcionar-lhe tal realização que pode ser coisa pequenina à vista de muitos, porém, no meu caso não o é. E, afinal, nas coisas mais simples é que se acham a essência daquelas mais complexas. Após esta nota devo recomeçar esta carta.


Espero que estas mal traçadas linhas o encontrem gozando de plena saúde. De igual modo a sempre meiga e atenciosa Veridiana e aproveito para que lhe dê ciência de minhas saudades com relação a ela e seus apetitosos quitutes sem dúvida alguma. Caso dissesse que não lhe escrevo porque o correio está arisco além de plagiar Chico Buarque de Holanda estaria mentindo descaradamente, pois, estes tempos já se foram a mais de um quarto de século. Portanto, e se o desejares pode atribuir-me adjetivos como negligente, preguiçoso que não tomarei por mal e, em hipótese alguma, afetará nossa longa e sólida amizade. Poderia, para minimizar minha displicência, alegar-lhe que os estudos nos quais estou envolvido e outros afazeres assoberbam meu dia e o comprimem de tal modo que as vinte e quatro horas tornaram-se ínfimas e saberias que, uma vez mais, mentia sem cerimônia alguma e, eis o pior, tomando-o como um crédulo incorrigível ou tolo. Então, sendo assim, fica a verdade sobre o envio de cartas com longos espaços de tempo entre si.


Onofre observei que a grande imprensa e inúmeras pessoas que se dizem atentas às questões políticas não estão dando muita importância a um fato que, na minha modesta opinião, é de grande importância para a sociedade brasileira. O presidente da República criticou severamente o Tribunal de Contas da União, a Corregedoria Geral da União e “um monte de coisas” (em suas próprias palavras) que sabe que tem poder fiscalizatório. Posso admitir que existam falhas de todas as naturezas nestas e outras instituições, que são aparelhadas, politizadas, sofrem pressões, submetem-se a interesses inconfessáveis e outras práticas nefastas. Porém, colocar-lhes a integridade total em dúvida não me parece uma atitude coerente, plausível ou correta, notadamente posta por um presidente. Lula afirmou haver embargos de obras absurdos e prepara um relatório para apresentar à sociedade embargos que não se justificavam e que funcionários de quarto escalão possuíam mais poderes que ele próprio demonstrando outra vez sua arrogância e tentativa de apequenar as pessoas. Não vejo razão alguma de tal reclamo, pois, sabia perfeitamente da existência dos órgãos fiscalizadores e não era inocente quanto ao seu funcionamento, portanto, está com a caneta desde 2003 e não a utilizou para aperfeiçoar o sistema porque não quis ou porque não lhe era conveniente politicamente ou ainda por algum outro motivo que se não me apresenta no momento. Desculpe a imagem corriqueira, mas pimenta no de outro é refresco. Lula, o PT e seus penduricalhos passaram décadas na defesa intransigente de promoverem-se todas e tantas investigações e fiscalizações quanto fosse possível e, neste momento, no limiar de seu governo descobre suas imperfeições? Ora, isso só pode ser considerado como pura e simples demagogia, justificativa capenga para explicar uma incompetência operacional monumental, levando em conta os imbróglios gerados frequentemente nas obras do PAC desde sua implementação. A imprensa, que tão bem o serviu na oposição transformou-se no boi da cara preta quando na situação, é demonizada pelo presidente que não conseguiu amordaçá-la como seria de seu gosto, porém faz suas investidas seja coibindo legalmente (ou ilegalmente), seja suprimindo polpudas verbas publicitárias. O jornal “O Estado de São Paulo” encontra-se sob censura por determinação do desembargador Dácio Vieira do Tribunal de Justiça do Distrito Federal que proibiu veículos de publicarem reportagens sobre a Operação Boi Barrica que envolve o filho do presidente do Senado Federal. Que há excessos ninguém em são consciência duvida, no entanto, o que mais incomoda o presidente não é o fato de um fiscal confundir uma pedra com um utensílio indígena e sim a exposição das mazelas praticadas em sua administração com o dinheiro público “como nunca antes na história deste país.”


Chegou a sugerir o funcionário público número um, é isso que o presidente é e não o semideus tupiniquim parido em seus delírios, da necessidade da constituição de um órgão “inatacável” para desempenhar função fiscalizatória. Isto quer dizer, naturalmente, uma instituição devidamente alinhada com os pressupostos de petistas e associados. O presidente deseja, na verdade, uma entidade completamente aparelhada desde sua formação, empenhada em manipular, escamotear e ocultar as práticas delinqüentes que são usuais neste e em outros governos anteriores. Ou seja, fariam tudo com exceção de fiscalizar qualquer coisa. Mesmo reconhecendo a deficiência das instituições e os excessos da imprensa o que sabemos de corrupção, malversação e desperdício do dinheiro público deve-se a eles e envolvem somas astronômicas e personagens que até gozavam de reputação ilibada. Não desejo imaginar o que seria com um ente dito “inatacável” criado pela administração petista. Cheguei a cogitar, meu bom Onofre, que além destes interesses poderia haver a necessidade de legar-se ao próximo governo, seja azul, cor-de-rosa (todos acabarão por serem incolores, mas jamais transparentes), um instrumento eficaz que garantisse a manutenção de concessões e acordos sem maiores ou menores contratempos. Não será difícil encontrar boa receptividade para a sugestão do presidente Lula, O Ignorante, posto que favoreça os segmentos econômicos que, de fato, sustentam o poder político.


Amigo, por ora era este assunto que deixo para sua reflexão e, naturalmente, fazer-me conhecer seus resultados. Ficarei no aguardo de missiva sua o mais breve possível e, desde já, convido-me, talvez no próximo mês ou quiçá às vésperas das festas natalinas, em desfrutar de sua companhia e de Veridiana neste belo sítio que possuem. Abraços reiterando minha amizade e apreço,


CELSO BOTELHO

24.10.2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ELE É DA MESMA LAIA


Não é implicância nem má-vontade minha com o presidente Lula, O Ignorante, meus comentários sobre sua postura apenas buscam retratar aquilo que realmente é, ou seja, arrogante, prepotente, presunçoso, permissivo e membro praticante da mesma laia que sempre criticou. Desta feita, em entrevista à Folha de São Paulo, ficaram explicitas as qualificações que lhe atribui acima o que, aliás, não é novidade alguma. Logo de início, perguntado sobre a crise financeira internacional, afirmou que “fizemos o Banco do Brasil comprar carteiras de bancos menores, fizemos O Banco do Brasil comprar a Nossa Caixa e comprar 50% do Banco Votorantin.” Fizemos? Quem? Segundo consta Lula e a “cumpanheirada” não são os donos do Banco do Brasil e não mencionou, obviamente, os interesses ali embutidos por trás do “fizemos”. O Banco do Brasil, de acordo com que sei, não é um banco privado e sim de economia mista, sendo o capital majoritário público. Este governo não é o primeiro nem será o último a transformá-lo em mais um de seus tentáculos para socorrê-los em suas agruras. No Brasil já se destinou muito mais recursos para salvar bancos públicos do que os privados. Com a Caixa Econômica Federal não é diferente, os governos dela se servem como bem lhes aprouverem e a revelia da sociedade. Na ocasião o presidente “fez” o Banco Central, O Carimbador Maluco, liberar R$ 100 bilhões dos depósitos compulsórios para “irrigar o sistema” que, certamente, não eram o educacional, o de saúde, transporte, etc. e tal.


A certa altura repudiou a palavra “burguesia”, justamente a que mais agrada os marxistas, pseudo-marxistas e suas incontáveis variantes por este globo afora. Pronunciou-a infindáveis vezes por décadas, mesmo em ocasiões que não fazia o menor sentido. Caramba, se a tal “burguesia” (na concepção limitada do presidente) está ganhando dinheiro como nunca no seu governo devo dizer que, concomitantemente, também está sendo extorquida, espoliada e maltratada como “nunca antes na história deste país”. Ainda ontem falei sobre o presidente apequenar seus antecessores e suas administrações e estendeu a atitude ao pré-candidato à presidência da República José Serra (PSDB-SP) que fizera uma critica indicando que o Banco Central poderia ter baixado os juros durante a crise financeira internacional atribuindo-lhe pouca importância para ele, para o jornalista que o entrevistava e para o povo brasileiro. Ai, uma vez mais, a porca torce o rabo: o seu governo (legitimamente eleito) representa o Estado brasileiro, porém, não me lembro de haver outorgado procuração ao presidente para dizer a quem devo ou não dar importância, pois, sua função é representar a sociedade e não emitir juízo de valor em seu nome. Que o presidente não é leitor de livro algum todos sabem, no entanto, mesmo no finalzinho do mandato, recomendo-lhe uma leitura da Constituição Federal e constatará facilmente que o presidente não tem o direito de fazer o que bem entender como afirmou a menos, é claro, que tenham suprimido boa parte dela no seu exemplar. Parece-me que a turma da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovo do Lula) faz chegar às mãos do presidente dados e indicadores de um Brasil que tentamos localizar no mapa mundi e não conseguimos pelo corriqueiro fato de não existir. E o presidente se sacode de satisfação com eles e sai por ai repetindo-os como se fossem reais, porque eu teria que ser um inveterado idiota para crer, entre outras coisas, que “as contas do governo nunca estiveram tão boas na história deste país”, basta passar os olhos nas despesas correntes para se ter uma idéia da generosidade perdulária.


Do alto de sua sapiência (sua, do pessoal da ANABOL e outros de sua laia) Lula determinou que existem duas concepções de ver o Brasil (eu e muitos que conheço não diriam tal bobagem, mas enfim). A primeira seria aquela composta de pessoas que governam para uma pequena casta (laia) e a segunda por pessoas que governam para 190 milhões. Cabe indagar ao tomar conhecimento, por exemplo, dos fantásticos lucros que os banqueiros vêm obtendo desde 2003 se isto não é governar para uma pequena casta (laia)? Por outro lado devo dizer que, definitivamente, conceder esta esmola sem-vergonha, eleitoreira, populista do Bolsa-Família não é governar para 190 milhões de brasileiros. Então ficamos aonde? Simples, mesmo que negue, entre as grandes concessões e o popularíssimo “cala a boca”. Quanto ao preconceito (não é a palavra que deveria ter empregado) de enxugar a máquina, fazer o país crescer e depois dividir (referência ao ex-ministro Delfim Neto que, quando ministro da Fazenda, deu a dica culinária para a economia: “primeiro o bolo tem que crescer para depois dividi-lo”, mas perdeu a mão e o bolo solou). De fato, quebrou o “preconceito” de enxugar a máquina encharcando-a exemplarmente, é só verificar a quantidade de nomeações, autarquias, empresas, departamentos, seções, cantinhos que foram criados ao longo deste governo. O bolo pode até ter crescido, porém, os brasileiros não foram convidados para a festa, quando muito lhes atiçaram migalhas. Porém, algumas fatias sabemos para onde foi: para perdoar dívidas de países africanos, empréstimo ao FMI (Fundo Monetário Internacional), composição do superávit primário, cofrinho na Suíça, viagens nababescas e outros deslumbramentos e ostentações. Enquanto isso, neste momento, 20% das crianças e adolescentes deste país vive em situação de miséria alimentar, educacional, sanitária, habitacional, etc. O tráfico assumindo e controlando espaços do Estado como a maior desenvoltura possível. Os desempregados em número cada vez mais expressivo e os subempregados idem. Os jovens não conseguem entrar para o mercado de trabalho atrelado a uma legislação obsoleta e submetido a uma política econômica que o emperra. Isso é governar para 190 milhões de compatriotas, presidente? Ainda nesse bloco volto a querer entender qual o conceito de consumidor que o presidente tem ao dizer “criamos uma nova casta (laia) de consumidores”. Ele diz ter comprado uma geladeira nova, será isso? Consumir é o que? Comprar geladeira, televisão de plasma, computador, carne bovina, feijão e arroz, usufruir de luz elétrica, água corrente tratada, esgotos, ir ao cinema, teatro, viajar à Disneylândia e tantas outras coisas? No governo do general Geisel (1974-1979) o austero luterano recomendou-nos comprar o essencial e não o supérfluo e pechinchar para contribuir com o governo e “baixar” a inflação. O diabo é que ficamos, até hoje, sem saber exatamente o que é supérfluo e o que é essencial, arrisco dizer que talvez isso tenha selado o fracasso do apelo do presidente-general ou general-presidente. Quanto a pechinchar a maioria dos brasileiros sempre souberam fazer, mesmo porque sempre foi uma questão de sobrevivência.


O presidente se contradiz com uma facilidade impressionante. Num momento diz que o Estado brasileiro não existia até o advento de sua eleição, a seguir afirma que a participação do Estado na economia é mais presente, adiante assevera que a ele se opunha (mesmo não existindo) e agora jura de pés juntos que D. Dilma é a mais competente gerente que o Estado brasileiro já teve. Ou eu sou um jumento ou o presidente tem dificuldade de organizar seu pensamento de uma maneira mais ou menos lógica em certos assuntos. Ficaria eu muito mais informado caso me fosse fornecido detalhes sobre o passado político da pré-candidata “queridinha” D. Dilma Roussef, pois as informações que possuo não são lá muito alvissareiras como aquele assalto, em 1969, à casa da amante do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros em Santa Teresa no Rio de Janeiro de onde roubaram um cofre, transportado numa Kombi, contendo cerca de U$ 2,5 milhões (na época o Capitão Carlos Lamarca, 1937-1971, da VPR ‘Vanguarda Popular Revolucionária’ anunciou que o dinheiro seria revertido em benefício do povo) e, segundo consta, a mentora desta ação era a “companheira Estela”, codinome de Dilma Roussef que aliás, reportam também como encarregada de definir o tipo de armamento a ser utilizado pela guerrilha e onde poderiam roubá-lo, certamente o presidente considera isso “firmeza ideológica, compromisso e lealdade”. Isso é o passado que conheço. O presente é incluir diploma de mestra e doutora em seu currículo sem efetivamente ser, de mentir sobre o encontro com a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira, de ser destemperada e até grosseira com membros do governo e vamos parar por aqui.


Ainda bem que no exemplar compactado da Constituição Federal do presidente não suprimiram o Artigo 5º e ele concorda que todo brasileiro tem o direito de falar o que bem entender, dentro de certos limites, é claro. Ao ser perguntado sobre o fato da imprensa fiscalizar o governo o presidente, que deve ter ojeriza a esta palavra, remeteu esta obrigação ao TCU (Tribunal de Contas da União), a Corregedoria Geral da União e “um monte de coisas” que nem mesmo ele sabe o que é. Acontece que a maioria das lambanças nas quais o poder público se mete somente são conhecidos quando denunciados pela imprensa que faz chegar aos órgãos de investigação. O presidente, durante a entrevista àquele jornal, faz uma incursão à seleção brasileira e sobre este assunto me manterei distante porque, em matéria de futebol, sou uma perfeita mula, só sei que são onze jogadores de cada lado, uma bola e quem fizer mais gols ganha e também sempre se pode xingar o juiz no caso de seu time perder.


Mas o ponto “alto” (ou baixo) da entrevista que o presidente concedeu ficou por conta da analogia que fez sobre as composições político-partidárias que qualquer presidente no Brasil é obrigado a fazer, exceto no caso dos regimes de exceção, para governarem: “Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria que chamar Judas para fazer a coalizão.” Mesmo colocando-me como um homem não religioso, segundo entendo, as únicas alianças feitas por Jesus Cristo foram com Deus e os Homens (a raça humana) em dar-se em holocausto para proporcionar a salvação de suas almas. O condicional “se” já é safado por natureza porque é pura especulação, mas especular com a figura de Jesus Cristo e, mais ainda, fazendo de um momento crucial do cristianismo uma chacota, uma anedota, uma possibilidade plausível em se tratando de nosso país é deplorável. Que o presidente tenha feito acordo com inúmeros “judas” (no sentido de traidores da pátria, canalhas mercenários e outros delinquentes) para se eleger, reeleger e governar não é aceitável, porém é humano, material, politiqueiro. Devo aconselhá-lo a restringir suas analogias, metáforas, trocadilhos ao mundo futebolístico como é de seu costume. Para encerrar o supremo mandatário saiu-se com uma de suas maiores lorotas: “nunca fiz concessão política, faço acordo.” Faz ambas as coisas. E as faz tão amiúde que já não consegue diferenciá-las.


PS: Falta um na foto.


CELSO BOTELHO

22.10.2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

EU NÃO SOU DA SUA LAIA


Para o presidente Lula não basta ser ignorante tem que ser arrogante, prepotente e presunçoso também. O fato de ser o presidente da República não o exime do cumprimento da lei, pelo contrário. Não se encontra acima dela como, aliás, nenhum cidadão. Afrontá-la como o fez descaradamente por ocasião da “vistoria” que realizou as obras de transposição do Rio São Francisco que não passou de um palanque eleitoral montado antecipadamente com a presença de dois pré-candidatos à presidência da República e desafiar a oposição (mesmo sendo notoriamente incompetente, tacanha, capenga e subserviente) demonstra cabalmente que a mantém sob controle e por mais que ladrem jamais irão mordê-lo. Caso aquilo não foi campanha antecipada então papai Noel existe e o coelhinho da Páscoa também.


Segundo o presidente quando fazia oposição não existiam estradas, pontes, escola, enfim nada. Ora, cacete, então vivíamos de que jeito? Trepados nas árvores? Nas cavernas? Ou tudo que presumíamos existir era ilusão, miragem? Seu delírio de que inventou o Brasil assumiu proporções esquizofrênicas. Eu não fico nervoso porque esteja inaugurando obras o que, por sinal, é uma de suas obrigações. Fico furioso de que elas - antes de tudo - abastecem a corrupção, o desperdício e a malversação do dinheiro público além de atenderem interesses específicos econômicos, político-partidário e coisa e tal. Ou isso não é verdade, heim? Vasculhando minha memória sinceramente não me lembro de que o Estado brasileiro tenha se ausentado da economia, pois, de alguma forma, sempre meteu seu bedelho, mesmo no inicio da República atingindo seu ápice durante o nefasto regime militar (1964-1985). Mas ou muito me engano ou o presidente birimbolou suas idéias. Vejamos: ao admitir que O Estado esteja mais presente na economia, pergunto: como pode, ao mesmo tempo, afirmar que ele não existia? Se o ente não existe ele não pode, de maneira alguma, estar mais ou menos presente. Parmênides (530 a.C. – 460 a.C.) nos ensina que “só o ser é – e que o não ser não é”. Então, ora bolas, quem desgraçou tudo foi o presidente que deveria desfazer esta confusão. E o mais ilógico ainda é o fato de que fazia, neste tempo, oposição. Se não existia Estado e, consequentemente governo, a que estava se opondo? É... Mesmo sendo um apedeuta não se justifica a incoerência, o disparate.


Que diabos será um país pensado de forma pequena na avaliação do presidente? A julgar por seu entendimento do que seja Estado e sua estupenda arrogância sou levado a entender que a afirmação tem o único objetivo de apequenar seus antecessores e suas administrações. Presidente desça deste pedestal no qual se colocou. Sua Excelência foi não ungido pelo próprio Deus, foi eleito e reeleito por seus concidadãos. Calce as sandálias da humildade. Opor-se é um direito e um dever que todos os cidadãos têm (não aquela oposição a tudo e a todos durante todo o tempo sem pé nem cabeça), no entanto, devemos reconhecer os méritos de nossos adversários e respeitá-los. Eu mesmo sou um opositor ferrenho à sua administração, porém, inúmeras vezes aqui mesmo neste espaço, reconheci as decisões e atitudes que considerei como corretas ao longo desses anos. Menosprezar quinhentos anos de história de uma nação para satisfazer seu ego é, como se diz popularmente, cuspir no prato que se está comendo.


O presidente Lula, O Ignorante, voltou a atacar a parte da sociedade que lhe faz oposição (o que é legítimo, pois, como se costuma dizer, nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todos) afirmando que torcem por seu governo dar errado. Não é a primeira vez que diz tal asneira. Como já disse se existe alguém com este pensamento ou é um louco varrido ou muito estúpido ou irá se beneficiar de algum modo. Como imaginar, fora dessas três alternativas, que se possa torcer contra o país? As conseqüências imediatas e futuras recairão, inexoravelmente, sobre nós próprios. Este reclamo do presidente tem endereço sabido e conhecido: as pessoas que recebem algum tipo de benefício estatal que constituem a maioria avassaladora de eleitores do Partido dos Trabalhadores. A incorporação do papel de vítima do preconceito das elites reforça o apego das pessoas à figura do presidente. Não que não tenha sido ou que não seja ainda vítima de preconceitos, porém, são menos intensos e sua maior utilidade não é discriminá-lo e sim para reforçar a oposição ao seu governo. No imaginário popular persiste a idéia de que “este presidente é um dos nossos”, isto é, simples, operário, com “pouco estudo”, lutando para não ser engolido pelos tubarões, etc. tudo, aliás, que Lula deixou de ser a muito tempo, abrindo exceção para o fato de não possuir uma formação acadêmica e isto se deve a sua plena e total aversão aos livros.


Ainda de acordo com o presidente se fosse outro a ocupar o cargo e não fizesse nada ninguém cobraria, pois, são todos da mesma laia. Não tendo procuração e não a desejando não posso falar em nome de todos os que se opõem à sua administração, portanto, falarei por mim e só preciso dizer três coisas, a saber: o presidente da República é um funcionário público com mandato pré-determinado e com atribuições especificas e constantes na Constituição Federal e, portanto, deve ser cobrado quando entendemos que adota postura omissa, negligente, permissiva ou inapropriada no exercício do cargo. Segundo: cobrei de generais-presidentes, presidente-escritor, presidente-caçador-de-marajás, presidente-de-topete, presidente-sociólogo e porque deveria abster-me de cobrar de um presidente-ignorante? Terceira: se ao fazer oposição indica que pertenço a uma determinada laia que não especificou qual seja, certamente aqueles que não se lhe opõem pertencem a uma outra. Ah, o sentido pejorativo que deu a este substantivo vale para as duas laias, ou seja, situação e oposição. Então, isso é certo, eu não sou da sua laia.


CELSO BOTELHO

21.10.2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

PORCOS PARA ENGORDA


O presidente Lula, O ignorante, prossegue fazendo uma das coisas que mais sabe (devemos admitir que o referido mandatário não é de todo ignorante) e que lhe dá imenso prazer: populismo e demagogia. De Cabrobó à São Paulo seu delírio continua o mesmo. Sempre com a ministra Dilma Roussef à tira-colo numa flagrante afronta à legislação eleitoral. Podemos colher mais algumas “pérolas” do acervo infindável que o presidente possui. Em primeiro lugar creio não recordar do momento no qual o Estado brasileiro (monárquico ou republicano) deixou de sê-lo, mesmo porque em que outra coisa poderia ter se transformado? Sendo, por definição, o conjunto dos poderes políticos de uma nação, isto é, governo (regime político de um Estado) e este vem se sucedendo ao longo dos anos (legais ou usurpadores, ditatoriais e democráticos). Podemos discutir sobre a sua forma, seu conteúdo, seu desempenho, etc., mas isso é outra coisa. A confusão na cabeçinha do presidente pode ser explicada por haver formado a idéia de que Estado é o governo que no momento o representa e, principalmente, como o gerencia, porém, cá estou eu para esclarecer-lhe tal ponto. O Estado é perene e o governo transitório, mesmo porque não é – como supõe o presidente – insubstituível.


A afirmação de Sua Excelência de que o Brasil tem condições de estar “entre as quatro economias do mundo” é uma das coisas idiotas que tenho que ouvir. E veio acompanhada da metáfora de que tal só seria possível caso nos comportássemos como a “mãe que cuida de sua casa, distribuindo o pouco que tem para que todos sejam tratados em igualdade de condições”. A intenção me parece nobre, porém, qual seria a fórmula para aplicá-la ao país? Distribuir esta esmola safada do Bolsa-Família? Será isto que o presidente entende como distribuição ou transferência de renda? Qual seria a relação custo/benefício de ostentarmos o título de quarta economia do planeta? Quantos milhões de brasileiros deverão ficar desempregados, subempregados ou semi-escravizados, famintos, impedidos de acessarem os seus mais elementares direitos? Os indicadores sociais e econômicos não nos deixam tão otimistas como o nosso presidente. Ou ele tem acesso a dados diferentes ou está mal informado pela turma da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovo do Lula) ou vive e governa um Brasil existente apenas (se é que é possível) numa dimensão paralela.


Devo admitir que a afirmação presidencial de que o nosso sistema financeiro é um dos mais organizados e possuidor de normas rígidas de controle do mundo está correta. E este mérito não é seu e sim do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que promoveu seu enxugamento maciço, contudo isso não impediu do sistema contar com inúmeros buracos para o deleite dos banqueiros. Quanto a política fiscal ela já deveria ter sido revista há muito tempo porque existem entraves que precisam ser removidos e quanto a economia em 2006, por ocasião do auge do escândalo do Mensalão, o presidente cogitou em aventurar-se por mares nunca dantes navegados o que provocaria uma catástrofe inimaginável. Posso concordar que o presidente, qualquer que seja, deve passar uma imagem otimista à sociedade, no entanto, jamais deve mentir ou escamotear a verdade. Os pronunciamentos do presidente ao longo de seus dois mandatos estão caracterizados por um discurso fantasioso, distante da realidade que se vivencia desde grandes cidades até os mais longínquos rincões deste país. O Brasil não começou em 2003 e, com toda certeza, não acabará em 2010, portanto, a condição de “salvador da pátria” (um conceito obsoleto, perverso e que embute efeitos maquiavélicos) que tem si provoca danos históricos à sociedade brasileira e tenta nos brindar com um diploma de asnos (com todo respeito ao quadrúpede). Finalizando, o presidente afirmou que “a parte mais pobre deste país está gostando de ter virado consumidor.” O que não ficou claro para mim é o que o presidente Lula, O Ignorante, entende por consumidor e quais os produtos ou serviços que elenca como presentes nos lares da “parte mais pobre” que as torna tão felizes. Porque todo cidadão consome muitos itens, independentemente de qualquer outra coisa (empregados, desempregados, subempregados, semi-escravos, famintos, etc.), resta saber o que consomem que provoca tanta satisfação no presidente. Provelmente deve estar se referindo ao item alimentação, posto que já nos comparou a porcos para engorda.


CELSO BOTELHO

20.10.2009

sábado, 17 de outubro de 2009

MAIS UMA PANTOMIMA DA OPOSIÇÃO


Os pronunciamentos do presidente Lula, O Ignorante, redundam, invariavelmente, em polêmica por várias razões e em diferentes intensidades. Com sua viagem de “vistoria” às obras de transposição e revitalização do Rio São Francisco a coisa não foi diferente. Que há pouca coisa a vistoriar todos sabem e que o presidente não reúne qualificação técnica para fazê-lo é fato notório, mas então porque diabos foram lá? Para fazer campanha eleitoral de sua “queridinha” D. Dilma Roussef (volto a reafirmar seu currículo: ex-guerrilheira, mãe do PAC, pseudo-doutoura e chefe da Casa Civil). Após classificar a oposição de ociosa, torcer contra e pensar (para o presidente este último ato não tem serventia alguma quando se está no governo) veio a reação da incompetente e tacanha oposição que, segundo me parece dado seus antecedentes (não devemos esquecer, por exemplo, o Caso do Mensalão ou, mais recentemente, das estripulias do presidente do Senado José Sarney, PMDB-AC), irá ladrar tanto quanto possível sem sequer aventar a possibilidade de vir a morder. Esbravejar é um dos artifícios que a oposição lança mão para, como faz o presidente, jogar para a torcida. Poderia ser eficiente se fosse sincero e se o presidente Lula, O Ignorante, viesse a se intimidar com qualquer coisa que partisse dessa oposição. Uma oposição que contribuiu para a criação da cobra agora por ela é repetidamente picada sem chance alguma de um antídoto.


Os opositores (leia-se PSDB e DEM) vão entrar com requerimento de informações sobre a viagem na Casa Civil para recorrer ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), estão reunindo fitas de vídeo para reforçar, vão apelar a Sua Santidade o Papa Bento XVI e etc., mas que o governo terá que devolver cada centavo gasto. Caso houvesse alguma possibilidade disto ser concretizado seria um feito colossal, pois, jamais e em tempo algum, nenhum recurso público desviado ou desperdiçado voltou aos cofres públicos e aqueles que, por ventura, retornaram são somas ridículas e envolvem “esquemas” políticos muitos específicos. Como a sociedade poderia dar algum crédito ao Senado Federal diante do mar de lama no qual está envolvido nos últimos anos? Tem até senador se exibindo com cueca vermelha sobre o terno no Salão Azul da Instituição e a este fato reporto como menos mal diante das falcatruas ali promovidas, se bem que é deplorável. Tudo é pura bravata, demagogia, oportunismo político, pois o Senado Federal não é uma Instituição idônea, imaculada e, portanto, não possui qualquer autoridade para apontar, investigar ou recomendar punição a quem que seja e, por favor, não interpretem como defesa ou minimização das ações do governo Lula, pois, é fato sabido e conhecido que sou um de seus mais ácidos opositores sem, contudo, esquivar-me de reconhecer-lhe alguns méritos.


Os mesmos parlamentares que estão vociferando são de triste memória na história política recente deste país. A reação da oposição me lembrou o roto falando do esfarrapado ao proclamarem o governo de arrogante e corrupto (o que não deixa de ser verdade), pois não procedem da mesma forma estando ou não no governo? Se quiserem exemplos posso buscá-los com a maior fartura possível. Essa gente não passa de uns caras-de-pau e essa reação não passa de uma pantomima muito ordinária.


CELSO BOTELHO

17.10.2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

JOGAR CONTRA E JOGAR PARA A TORCIDA


Posso fazer uma sugestão gratuita sobre uma possível ocupação para o presidente Lula, O Ignorante, após passar a faixa ao seu sucessor ou a sua sucessora: comentarista esportivo. Volta e meia nos brinda com uma metáfora futebolística que se alternam entre pueris, inoportunas ou idiotas. Afinal, tem muita gente fazendo isso sem que tenha sido do ramo ou que atuaram de maneira catastrófica ou polêmica, mas que dão audiência e, afinal, um a mais ou um a menos não faria diferença. A grande vantagem desta sugestão é que o presidente teria uma vitrine que o exporia permanentemente mantendo-o na mídia no caso de desejar participar da campanha presidencial de 2014. Então? A idéia não é de todo má e, aceita, dou palavra que não reclamarei direitos autorais.


Ao encerrar a “vistoria” das obras de transposição do Rio São Francisco fez uma analogia entre a oposição e aquele jogador que está no banco de reservas e se diz amigo do titular torcendo para que se machuque ou que cometa algum desatino e seja expulso para proporcionar-lhe a oportunidade de jogar. A metáfora, em parte, não deixa de ser verdade, pois, um dos objetivos principais de um partido político é assumir o poder para implementar seus projetos. A grande diferença entre um e outro é que pressume-se que nenhum partido político torça para que o partido que está no poder fracasse, isso seria um absurdo: estariam torcendo contra o próprio país, contra eles próprios, contra as gerações futuras e, portanto, se há quem assim proceda devemos urgentemente providenciar-lhe um hospício porque é um louco varrido ou, no melhor dos casos, um completo e total estúpido e dele fazermos pouco caso. Quanto ao acusar a oposição de ociosa creio que o presidente tenha empregado a palavra errada, pois o correto seria incompetente porque há motivos de sobra para fazer oposição ao seu governo. A incompetente e subserviente oposição, de fato, não presta atenção no governo (talvez porque dele se servia abundantemente) e não tem como prestar atenção em si própria uma vez que, rigorosamente, a nada se opõem. É justamente porque a oposição não olha o que a administração petista faz que ela se sente à vontade para praticar tudo quanto é tipo de safadeza. O fato concreto é que o presidente está em franca campanha eleitoral (o que teoricamente não é permitido pela legislação) e não faz de rogado em demonstrar assumindo a “singela” postura de que se encontra acima da lei, do bem e do mal, um semideus tupiniquim. E, antes que me esqueça, ó Luiz Inácio Lula da Silva, quem te informou que o papel da oposição é ver defeito te enganou redondamente. Porém, não posso culpá-lo por pensar desta maneira, posto que passou décadas e mais décadas vendo defeitos nos governos, sejam eles quais tenham sido, só por gosto e demagogia.


O governador José Serra (PSDB-SP) saiu-se como eu poderia esperar: não bateu palma para maluco dançar e, assim, a advertência do presidente para que ficasse “esperto” ficou sem sentido. Alegou apenas dois motivos para não polemizar, isto é, entrar no jogo para manter uma polarização na disputa presidencial (tipo PSDB x PT, Lula x FHC e outras baboseiras): o primeiro é o fato do presidente não ser candidato no pleito de 2010, é claro que contra a sua vontade, mesmo porque a movimentação da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovo do Lula) por um terceiro mandato embalou muitas de suas noites de sono. O Segundo, de acordo com o governador, é que não está definida sua candidatura, sendo assim o presidente ficou falando às moscas. E tem também o pequeno detalhe que se José Serra for pego fazendo campanha eleitoral fora do período estabelecido em lei podemos ter certeza que esta será aplicada com rigor por falta do padrinho-presidente. Acusar opositores (entre os quais me incluo) de jogar contra é, neste caso, uma maneira de fazer o que é contumaz ao presidente: jogar para a torcida.


CELSO BOTELHO

16.10.2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CALADO É UM POETA


Para quem, em 1989, não sabia a diferença de uma fatura para uma duplicata (segundo o ex-presidente Collor) o presidente Lula, O Ignorante, evoluiu de maneira impar, pois, encontra-se no Nordeste “vistoriando” as obras de transposição do Rio São Francisco. O presidente, mais uma vez, reforçou o título que lhe outorguei (O Ignorante) quando afirmou não saber que o governador do Estado de São Paulo José Serra (PSDB-SP) preocupava-se com o Nordeste. Foi uma atitude grosseira, politiqueira, desnecessária. Um homem público com a bagagem de José Serra (deputado federal, senador, ministro do Planejamento e Orçamento, ministro da Saúde, prefeito da Cidade de São Paulo, a terceira maior do planeta, candidato à presidência da República derrotado pelo próprio Lula em 2002) seria escandaloso que não tivesse se preocupado com o Nordeste. E o presidente demonstrou cabalmente sua arrogância ao declarar que “quem sabe eu até convide ele para a inauguração de alguns projetos para ele compreender o que está acontecendo no Nordeste brasileiro”. Ora, excluindo-se todas as divergências que possam ter no terreno político-partidário, José Serra é o governador do principal estado da federação e não pode receber este tratamento aviltante. Não que eu babe de amores por José Serra ou que tenha me constituído no seu advogado de defesa, porém, o presidente foi debochado, desrespeitoso e com vistas a apequená-lo perante o eleitorado. O presidente, do topo de sua popularidade, arrogância e prepotência “está convencido” de tudo pode e que sem ele esta nação descambaria. Errado, presidente. A nação existia antes e existirá depois de sua presidência, portanto, convença-se, o senhor não é nenhum semideus, mesmo porque isso não existe, a não ser em seus delírios. O ataque pessoal é uma das formas sórdidas de se fazer política e Sua Excelência deveria saber disso, pois, em 1989 o candidato Collor fez exibir no seu horário de propaganda gratuita em rede nacional de televisão o depoimento da sua ex-mulher Miriam Cordeiro provocando um estrago monumental em sua campanha.


Não satisfeito com sua deplorável fala achou por bem estendê-la acrescentando à sua coleção de “pérolas” uma afirmação que me deixou, deveras, embasbacado. Disse o filho pródigo de Garanhuns (PE): “quando está no governo, você não pensa, não acredita, você faz ou não faz.” Confesso a vocês que fiquei estupefato. Será que o presidente, de alguma forma, descobriu um modo pelo qual possamos eliminar esta coisa tão mecânica que é o ato de pensar? A maioria certamente crê que só mesmo vindo a falecer que se interrompa tal processo, Administrar um país, qualquer um, sem pensar não poderá ser tido como privilégio e sim como uma leviandade descomunal, uma aberração incomensurável. E, sinceramente, o presidente não acredita nem um pouco no que disse, pois, todos os governos sempre fazem (ou não fazem) as coisas de “caso pensado”. Não existe outro caminho.


Como disse ontem a questão não está agora em dar prosseguimento a polêmica sobre a transposição do Rio São Francisco, o Velho Chico, e sim em encontrar soluções adequadas que possam conciliar a necessidade de se levar água ao semi-árido e a responsabilidade de preservar-se o meio ambiente. E, naturalmente, acompanharmos com o máximo empenho possível a aplicação dos recursos (segundo o governo qualquer coisa em torno de R$ 6 bilhões), pois é fato sabido e conhecido da indecente orgia que se promove com eles, notadamente com obras de demandam aportes de dinheiro substanciais como este. Para finalizar o nosso presidente afirmou não haver falta de dinheiro para as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e, ao mesmo tempo, seu governo alega que a queda na arrecadação provocaria atrasos na restituição do Imposto de Renda. Um imposto que considera salário como renda é mais apropriado que o chamemos de extorsão, apropriação indébita ou rapinagem. Para o PAC tem grana e para restituir uma migalha para o contribuinte devidamente tosquiado não tem mufunfa nos cofres públicos? Ora, vão catar coquinhos! Presidente, devo admitir que o senhor calado é um sublime poeta.


CELSO BOTELHO

15.10.2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O SERTÃO VAI VIRAR MAR E O MAR VIRAR SERTÃO?


Não sendo este escrevente um engenheiro hidráulico (é isso mesmo?) fica, pois, combinado que não está qualificado tecnicamente para apontar correções ou incorreções no projeto de transposição do Rio São Francisco, o Velho Chico. Porém, como cidadão-contribuinte, sinto-me à vontade para dar meus pitacos da maneira como vejo a faraônica obra. Posicionar-se contra ou a favor deste projeto seria reduzir o gravíssimo e secular problema da seca no Nordeste do Brasil. Para começar devo esclarecer ao presidente Lula, O Ignorante, que ao referir-se ao primeiro político a pensar na possibilidade, o deputado provincial do Crato (Ceará) Marco Antonio de Macedo, em 1847 passaram-se exatos 162 anos e não “quase 200” (reprovado em matemática, presidente!) e cinco anos mais tarde (1852) o imperador D. Pedro II (1825-1891) encomendou um estudo detalhado sobre a possibilidade de enfrentar a seca com a abertura de um canal transpondo as águas do rio e rigorosamente nada foi feito. Em 1877 a seca assolou a província e milhares de pessoas morreram, ficaram doentes, tornaram-se indigentes, os rebanhos que as sustentavam pereceram, a precária economia desabou e, contam, o imperador chorou prometendo vender até a última jóia da coroa para que nenhum nordestino voltasse a morrer de fome e assim criaram a “Comissão da Seca” (que não fez chover, não no sentido estrito da palavra).Conclusão: o imperador perdeu a coroa que permaneceu com todas as suas jóias. Transposição de rio não se constitui em uma maravilha da engenharia moderna, no século XVI Leonardo da Vinci (1452-1519) realizou estudos de cartografia e engenharia para transpor o Rio Arno e o engenheiro que ficou responsável pela execução da obra alterou o projeto que foi mal-sudedido deixando-nos sem saber se com o original dar-se-ia o oposto.


Presidente, chamar os governos passados de “duas caras” é muito descaramento junto para os ouvidos deste cidadão. Ora, ora, ora, que autoridade tem Sua Excelência para dizer tal coisa? Afinal, todos os brasileiros sabem que não fugiu à regra: também é um “duas caras”. Eu mesmo enviei-lhe um e-mail em 21.08.2007 falando sobre os dois Lulas numa única pessoa (o sindicalista e o presidente) que me foi retornado acusando o recebimento por algum funcionário, posto que não aprecie a leitura. Este artigo seria longo por demais caso fosse discorrer sobre suas “duas caras”. Decerto levo em conta seus discursos. Seria inimaginável que pudessem permanecer idênticos tanto na militância sindical como na presidência da República. A repercussão é muito mais abrangente e provoca interpretações diversas, aquém e além das desejadas. No entanto, as “duas caras” que me refiro estampam-se com o oportunismo, o casuísmo, o aparelhamento, corporativismo, ao fisiologismo e tantas outras coisas que condenava veementemente. Somente me recordo de dois presidentes da República que não tiveram a oportunidade de mostrar se possuíam “duas caras” ou não: o primeiro foi Júlio Prestes de Albuquerque (1882-1946) impedido de assumir em decorrência da “Revolução” de 1930 e Tancredo de Almeida Neves (1910-1985) internado às vésperas da posse por motivo de saúde vindo a falecer. Mas, deixemos a História de lado e vamos à transposição.


Segundo o governo é um megaprojeto e coisa e tal e de acordo com os opositores existem alternativas, vai impactar o meio ambiente e tal e coisa. A atitude agora, na minha parca avaliação, não deve estar focada na manutenção da polêmica, pois as obras estão sendo tocadas e, sabemos de antemão, que haverá ganhos e perdas. Então, defensores e opositores, deveriam se anular na busca de maximizar os primeiros e minimizar os segundos. Não posso ver de outra forma. Se por um lado temos a necessidade de levarmos água ao semi-árido resgatando esta dívida com nossos irmãos nordestinos por outro temos a responsabilidade de preservarmos o eco-sistema. Sempre se poderá chegar a soluções, mesmo que não consensuais ao menos satisfatórias que atendam a maioria dos reclamos de parte a parte. O sertão vai virar mar, dizem os defensores. O mar vai virar sertão, dizem os opositores. Nem tanto ao céu nem tanto ao inferno, digo eu.


Quanto ao presidente garantir a conclusão da obra ai é que a porca torce o rabo. Estou escolado nesses tipos de garantias presidenciais: jamais são cumpridas. O próximo(s) governo(s) já tem o bordão na ponta da língua: “a culpa é do governo anterior e blá-blá-blá”. Foi assim com inúmeras obras e essas afirmações me soam como pura bravata em ano pré-eleitoral onde o presidente “está convencido” que fará seu sucessor ou sucessora, não sei. Flerta com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) com D. Dilma Roussef (ministra da Casa Civil, ex-guerrilheira e pseudo-doutora) ao seu pé, a tira-colo ou na sua aba. Será que tem caroço embaixo desse angu ou vice-versa? Vamos aguardar.


Emocionante quando afirma saber o que é carregar água na cabeça por quinze quilômetros (poderiam incluir esta modalidade nas Olimpíadas de 2016) o que o presidente não soube, de fato, ao cabo do seu segundo mandato, foi fazer valer o poder de sua caneta, de seu prestígio, de sua popularidade, de sua figura carismática na realização de um governo que nos prometera por quase três décadas.


CELSO BOTELHO

14.10.2009

sábado, 10 de outubro de 2009

O IRREGULAR É MUITO REGULAR


Zeca, vizinho e amigo não de longa data, estava lá às voltas com um pedreiro a dar uma “meia-sola” no reboco externo de sua modesta residência quando, como passe de mágica, surge um emproado e arrogante fiscal da prefeitura exigindo apresentação de autorização e o diabo a quatro para a realização de tal “reforma”. Como não era uma reforma e não possuía os documentos exigidos foi presenteado com uma multa e o devido embargo, pois meu prezado vizinho não concordou em abastecer o bolso do “zeloso” funcionário público (não generalizemos, pois, sabemos, até no paraíso poderemos topar com alguns canalhas) com uma propina. Tenho que concordar que se há uma legislação especifica para proceder-se uma reforma, “meia-sola” ou “puxadinho” ela deve ser cumprida, entretanto, toda legislação existente deve valer para todos, indistintamente. Caso contrário temos duas opções: a primeira é rasgar-se (uma vez mais) a Carta Magna e não produzir outra ou fazê-lo de acordo com os interesses do Partido dos Trabalhadores (denominação que os enxovalha) A segunda, como já sinalizou o próprio presidente da República, seria confeccionar uma para as pessoas comuns (assim como eu) e outra para as especiais (assim como o senador Sarney, PMDB-AP, por exemplo). Porque, no Brasil, a expressão “a lei é para todos” é pura balela, conversa de botequim. E botequim pé-sujo!


Por que esse caso? Simples. Para abordar a reforma no Palácio do Planalto com vista às comemorações de seu primeiro cinquentenário. Aliás, cabe recordar que o presidente Lula, O Ignorante, afirmou na mídia que o encanamento estava velho, carcomido e as torneiras jorravam água barrenta (mas não estendeu tal constatação as ações do Executivo, obviamente). Asseverou também que as instalações elétricas do prédio onde passa boi e passa boiada sem que ninguém perceba estavam deterioradas e caso se acendesse uma gambiarra corria-se o risco de provocar um incêndio (omitindo o fato de que a administração petista também encontra-se empenhada em deteriorar o país e até fornecendo o fósforo para incendiá-lo, vide a dinheirama que sai dos cofres públicos para o MST, Movimento dos Sem-Terra). O imbróglio começou quando em fevereiro a Casa Civil anulou o primeiro edital e o Exército assumiu o comando da licitação e isto ficou um tanto nebuloso para mim porque, segundo consta, o Palácio do Planalto deixou de ser um anexo do ministério do Exército em 15.03.1985. A Porto Belo Construções e Comércio foi a vencedora com a proposta de executar a restauração por R$ 78,8 milhões, valor abaixo do teto estabelecido para a obra em R$ 24,2 milhões (um descontão! Não. Os aditivos deverão superá-lo em muito) o que inviabilizou outras doze concorrentes. É bom que se diga que esta construtora mantém estreitas relações com os cofres públicos. Esta empresa calculou seus custos como se fosse obrigada a recolher 5% de ISS (Imposto Sobre Serviços) quando no DF a alíquota é de 2%, que encanto!


O TCU (Tribunal de Contas da União) não precisou esmiuçar muito para constatar irregularidades na obra. Estavam realizando-a sem alvará (será que imaginaram que poderiam fazê-la sem chamar a atenção?) e a sede do governo foi multada em R$ 2,6 mil pelos fiscais do Distrito Federal. A Casa Civil, atualmente ocupada por uma ex-guerrilheira e pseudo-doutora, conseguiu anular o embargo da obra com uma alegação muito original, porém, descabida: o Palácio do Planalto não se encontra em área pública e sim “em área de bem público de uso especial”. E a multa e o embargo foram suspensos e os documentos exigidos em contrapartida não foram apresentados. Diante destes fatos fica reforçada a máxima “aos amigos a benevolência da lei, aos inimigos o rigor da lei e aos indiferentes a lei.” Como é que uma nação poderá sobreviver deste modo? Até quando o Estado poderá sustentar-se? Não há uma única ação do governo onde não encontramos corrupção, malversação e desperdício do dinheiro público, favorecimentos e outras patifarias que não serão mencionadas, por ora, por absoluta questão de higiene.


CELSO BOTELHO

10.11.2009