sexta-feira, 30 de outubro de 2009

NOVOS CRISTÃOS


Primeiro vamos recapitular: o presidente Lula, O Ignorante, afirmou que para se governar o Brasil até o próprio Jesus Cristo teria que fazer acordo com Judas, o Iscariotes. Quanto a realidade que sempre houve necessidade de compor-se para garantir-se um mínimo de governabilidade ninguém dúvida, é fato histórico. O que se questiona são as formas utilizadas para se concretizar essas composições, mas o presidente (dada suas limitações) na tentativa de reforçar um fato sabido e conhecido de longa data lançou mão da figura de Jesus Cristo e seu tido e havido traidor. Mostrou-se desrespeitoso com o fundador do Cristianismo negando-lhe poder suficiente para se sobrepor e desconsiderando o fato de que em sua pregação Cristo jamais tentou se sobrepor e sim convidou a aceitá-lo e as boas novas que trazia. O segundo ponto é admitir com esta deplorável metáfora que, mesmo sob sua administração (que deve reportar como divina), o país é uma esculhambação monumental onde gatos e ratos precisam dividir o mesmo espaço e por isso deveriam estarem acordados. Esta seria uma metáfora mais aceitável e, portanto, menos polêmica, bem menos.



Para ficarmos ambientados no Novo Testamento e, desta forma, facilitando à compreensão do presidente vamos lançar mão de outra metáfora com os mesmos personagens para definirmos a atuação do governo brasileiro num assunto interno de Honduras que ameaça ir a Corte Internacional de Haia apresentar queixa contra o Brasil: “o mal de Judas foi se intrometer na vida de Cristo.” Com toda certeza e nem de longe aquela nação se assemelha em qualquer ponto com Cristo, no entanto, nosso presidente incorpora fielmente o papel de Judas, pois, nos traiu na maior cara-de-pau e não será necessário muito esforço de memória para isso constatar-se. Neste episódio o Itamaraty se pronunciou dizendo que a ação, levada adiante, não poderia prosperar porque aquele governo não é constitucional. Muito bem. Concordamos. Mas o primeiro governo Vargas (1930-1945) era constitucional? O regime militar (1964-1985) foi constitucional? Não. Ambos foram legitimados pela sociedade quer por coerção, propaganda, doutrinação ou tudo isso. Nos dois casos nosso país celebrou acordos, contraiu divídas internacionais, participou de entreveros em outras nações, exportou, importou, representou-se nas diversas organizações mundiais, etc. e foram governos usurpadores, inconstitucionais, ditatoriais. Portanto, o argumento não se sustenta. Chávez afirmou que em Honduras sim havia uma ditadura, mas na Venezuela respirava-se democracia. Ou ele inventou um novo conceito para democracia ou, e é o mais certo, é um completo descarado.



Agora surge mais um novo cristão: Hugo Chávez. Sim, ele mesmo. O arremedo de ditador, bobalhão empedernido e megalomaníaco. O lunático comparou nosso presidente a Jesus Cristo em função de trazer boas notícias para o seu país (em referência a aprovação do nosso safado Senado Federal em permitir o acesso da Venezuela ao Mercosul atropelando a clausula democrática do bloco). Para começo de conversa qualquer coisa saída da boca daquele ditador de meia pataca com relação à religião (seja ela qual for) é a mais ignóbil blasfêmia e sobre qualquer outra coisa é a mais pura balela. Portanto, tal ser humano encontra-se plenamente desqualificado para dizer qualquer coisa, até mesmo um bom dia por ele proferido será motivo de suspeitarmos de alguma malandragem. Lula pode ter levado boas novas a Chávez, porém, não o faz com relação aos brasileiros, basta analisarmos, mesmo que superficialmente, os dados e indicadores econômicos e sociais disponíveis. Portanto, tal comparação só poderia vir do colega venezuelano igualmente ignorante, arrogante, presunçoso e que se imagina um semideus.



Quanto à pergunta formulada por aquela coisinha nefasta ao bom povo venezuelano da razão pela qual nosso presidente deveria deixar o governo quando amealha 80% de popularidade podemos dizer que, simplesmente, é o que determina a maltrapilha Constituição Federal, mesmo que tivesse os 100% e ponto final. Por falar nisso, o prazo legal para se alterar a Carta e fazer valer uma emenda constitucional que viabilizasse uma terceira disputa do presidente expirou-se deixando-nos com apenas duas opções. A primeira é passar a faixa para o seu sucessor ou sucessora (como quer). A segunda é conspirar para construir um golpe de Estado o que, pessoalmente, creio ser improvável, mas nunca impossível, aliás, este é o maior sonho dos integrantes da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovo do Lula). Lula e Chávez não são novos ou velhos cristãos são dois grandíssimos fariseus.



CELSO BOTELHO

30.10.2009