quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ESTÁ FALTANDO ALGUÉM NA AÇÃO PENAL 470, VULGO MENSALÃO



As palavras preferidas de Lula

Por maior esforço e boa vontade que possa ter é impossível compreender o escândalo do Mensalão sem a figura de seu principal responsável: o ex-presidente Lula, O Ignorante Desbocado. Na denúncia constavam 40 ladrões e nenhum Ali Baba. O deputado José Janene, PP, morreu. Suspeito de haver recebido do esquema de corrupção R$ 4,1 milhões. Em 2006 safou-se da cassação de seu mandato por insuficiência de votos a favor. Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, fez acordo com a Justiça e cumpriu 750 horas de trabalho comunitário, exercia atividades administrativas na subprefeitura do Butantã, SP, ou seja, não beneficiava em nada a comunidade, era “pena” para inglês ver. Sobram, portanto, 38 réus dos quais a Procuradoria Geral da República (PGR) pede absolvição de dois por falta de provas, ora vejam! Luiz Gushiken, ex-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Lula, ex-bancário, ex-trotskista, ex-sindicalista, ex-deputado, ex-budista e réu-absolvido, segundo recomendação da PGR. Em 2007 foi multado em R$ 30.000,00 pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que considerou os contratos publicitários firmados por Gushiken como irregulares e que não fiscalizara sua execução. Ao sair do governo – a exemplo de tantos outros, como Palocci e Fernando Pimentel – abriu uma empresa de “consultoria em gestão empresarial” e em novembro de 2010 teve uma participação no negócio que resultou na associação entre o Banco Pan-americano e a Caixa Econômica Federal onde o contribuinte foi chamado a arcar com a bandalheira contra sua vontade como, aliás, é usual. Sem fazer alarde prestou uma “consultoria informal” ao banco de Silvio Santos. Virou réu do Mensalão ou, caso prefiram, Ação Penal 470, por peculato (Artigo 312 do Código Penal), mas a PGR não encontrou provas. Que coisa, heim!? E, por último, Antonio Lamas, ex-assessor da Liderança do Partido Liberal (hoje PR, Partido da República, as moscas são as mesmas), acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, mas por não ter conseguido reunir provas o procurador-geral pediu sua absolvição. O dito cujo é irmão de Jacinto Lamas (nome apropriado, é réu por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha), ex-tesoureiro do PL, sacou R$ 1,65 milhões do valerioduto ou PTduto. Portanto restaram 36 mensaleiros desfigurando a história das mil e uma noites, a versão brasileira fica, pois, sendo Ali Lula Não Sabia Baba e os 36 Mensaleiros. Os advogados de defesa estão se esforçando para transformá-los em criaturas angelicais, mesmo convictos que não passam de criaturas diabólicas. Afinal, são regiamente pagos para isso.


Qualquer semelhança é a mais absoluta semelhança

Caso o ex-presidente seja inocente devemos beatificar e canonizar Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, o mais depressa possível. Isso para ficarmos em seu estado natal. Lula sempre controlou o PT com mão de ferro. Não caía um palito de fósforo no chão sem que ele soubesse. É impossível que uma organização criminosa funcionasse embaixo de sua barba, ou melhor, ao lado de sua barba sem que dela tivesse conhecimento. O ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza ao elaborar o organograma da quadrilha deixou em branco o lugar acima de José Dirceu que foi confirmado como “chefe da quadrilha” sem, na verdade, o ser. Podemos dizer que José Dirceu (ou Carlos Henrique Gouveia de Mello, nome que adotou quando voltou de Cuba após operação plástica) era um lugar-tenente, aquele que provisoriamente desempenha a função de outro, posto que fosse o candidato natural à sucessão de 2010. Dilma Rousseff precisou ser inventada, lapidada, embalada e oferecida ao eleitor. Sem o apoio de Lula dificilmente se elegeria sequer vereadora. Mas, voltando a José Dirceu, O ex-guerrilheiro de um terço de uma pataca furada, possuía um chefe ou, como dizem na máfia, um padrinho, o chefe da “famiglia”. Naquela ocasião o próprio José Dirceu declarara que não fazia nada sem a ordem do presidente. Então? A farta distribuição de doces e malas de dinheiro se inclui na afirmação do ex-chefe da Casa Civil. Porque a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), a Polícia Federal, o Congresso Nacional, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da República e o botequim do “seu” Manoel conformaram-se com o simplório “eu não sabia” do ex-presidente? Porque são casas de tolerância, com todo respeito ao botequim do “seu” Manoel. E, caso não sejam, desempenham muito bem este papel.



 
Antes da votação que cassou seu mandato Roberto Jefferson (PTB-RJ), em sua defesa, traçou um perfil do ex-presidente Lula: "O presidente Lula é uma espécie de Genoíno na Presidência da República, não sabe o que lê, não sabe o que assina, não sabe o que faz. S.Exa. é o Genoíno do Planalto, e deu a mãos erradas, a Luiz Gushiken e José Dirceu, a confiança que o povo do Brasil depositou nele. S.Exa. errou. O meu conceito do Presidente Lula é que ele é malandro, preguiçoso... O negócio dele é passear de avião. Governar que é bom ele não gosta." Isso de não gostar de trabalhar é fato mais do que sabido desde 27 de outubro de 1945, mas será que o ex-deputado não se esqueceu de acrescentar que além de gostar de passear de avião o ex-presidente sempre apreciou uma pinga? Qualquer um sabe que o presidente da República dispõe de um aparato de informantes que o mantém a par de tudo que acontece, desde mexericos até assuntos de alta complexidade. Portanto, alegar ignorância sobre o mensalão foi desejar outorgar um vistoso diploma de asno para a sociedade. Caso houvesse de fato uma oposição ao governo do PT o ex-presidente teria sofrido um impeachment e muito bem merecido. Lula conseguiu, sem implantar uma ditadura ou derramar sangue, neutralizar toda e qualquer oposição que, por ventura, desse o ar de sua graça. Pôs preço e comprou tanto quanto pode e ainda roubou-lhes o discurso.


Está parecendo um anexo ao Palácio do Planalto


Tribunal de Nuremberg


O título deste artigo faz alusão ao livro de David Nasser (1917-1980) “Falta Alguém em Nuremberg” que traça o perfil dos subordinados escolhidos por Filinto Müller (1900-1973) para conduzir a sua polícia política na Era Vargas. Indivíduos cujo servilismo ao governo e brutalidade com os presos contribuíram para as violações dos direitos humanos ocorridas na época. Dos vinte e quatro principais criminosos de guerra na Segunda Guerra Mundial o tribunal de Nuremberg decretou doze condenações à morte (apenas dez foram executadas), três prisões perpétuas, duas condenações a 20 anos de prisão, uma a 15 e outra a 10 anos, três absolvidos, dois suicidaram-se e um teve as acusações canceladas por motivo de saúde debilitada. Nada é perfeito. O tribunal que decidirá sobre o destino mensaleiros possui em seu histórico, desde sua criação em 1824, jamais haver condenado um político entre outras centenas de milhares de coisas no mínimo, para usar de elegância, polêmicas. A lista do que o STF já fez, faz, deixa de fazer ou simplesmente se omite é imensa. Que sairão alguns condenados isto não resta a menor dúvida (caso contrário podemos partir para a bagunça ampla, geral e irrestrita, pois o Brasil deixará de ser oficialmente uma nação), mas perguntamos: será que as punições serão executadas? E afirmamos: falta alguém no banco dos réus. Alguém que transformou o maltrapilho Estado brasileiro num departamento do Partido dos Trabalhadores.





CELSO BOTELHO

07.08.2012