quarta-feira, 7 de agosto de 2013

REFORMA POLÍTICA: MUDAR PARA QUE NADA MUDE




Só mesmo um sujeito muito tolo não enxerga que a Comissão de Reforma Política é uma fraude. O principal objetivo desta “Comissão” é exatamente o de não mudar coisa alguma. A organização criminosa que se encontra no poder (também conhecida por Partido dos Trabalhadores) imediatamente assumiu a direção dos trabalhos. Primeiro com Henrique Fontana (PT-RS) que já vinha “trabalhando” no assunto, porém atendendo determinação do ex-presidente Lula o presidente da Câmara dos Deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) convocou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) que já se pronunciou sobre a impossibilidade de que qualquer mudança possa ser aplicada na próxima eleição. Acrescenta-se que para as eleições futuras qualquer mudança deverá resultar na manutenção e quiçá ampliação dos privilégios de Suas Excrescências, digo, Excelências.  A celeuma provocou racha entre os quadrilheiros do PT, também conhecidos como deputados. Mas não comemorem o racha. A esquerda tem uma capacidade ilimitada de flagelarem-se (como no caso do mensalão onde petistas apontavam os mensaleiros como traidores quando, na verdade, agiram rigorosamente de acordo com o planejado) e reciclarem-se. Bem verdade que ao reciclarmos merda só se pode obter mais merda.

Caso houvesse algum interesse em atender as reivindicações da sociedade brasileira “o presidenta” dispõe de dois instrumentos legais de efeito imediato. As Medidas Provisórias (MP) e os Projetos de Emenda Constitucional (PEC). Ao invés de utilizá-los transfere para o Congresso Nacional a tarefa na tentativa de eximir-se da responsabilidade. Poderia começar por reduzir drasticamente o número de ministérios que somam hoje 39 oficiais e mais dois extraoficiais (o marqueteiro João Santana e o conselheiro Franklin Martins) e muitas outras medidas que independem dos “senhores” congressistas. Mas d. Dilma está obcecada pela reeleição. Uma reeleição que fica cada vez mais distante a medida que os dias se passam. Responder com ações efetivas ao clamor das ruas implica inevitavelmente em confrontar-se com a base aliada (ou mancomunada), desagradar ainda mais membros de seu próprio partido que integram ou não seu governo que ostensivamente conspiram para o retorno do ex-presidente Lula em 2014. Mesmo considerando que “a presidento” tem, por enquanto, adversários frágeis eleitoralmente está muito claro para a esquerda que, persistindo sua candidatura, seu projeto de manter-se no poder fica seriamente ameaçado tendo em vista sua caótica administração. Será preciso mais do que um bom marqueteiro e um palpiteiro para reverter os índices de rejeição que as pesquisas lhe têm atribuído. D. Dilma encontra-se, portanto, numa situação que se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.
Desde que foi apontada como candidata do Partido dos Trabalhadores não foi difícil concluir que sua administração seria desastrosa em parte pela herança de seu antecessor e em parte por sua própria arrogância, prepotência, inabilidade e incompetência. Caso a situação complique-se ainda mais a esquerda só poderá apelar para o ex-presidente Lula, posto ser o único que dispõe de capital político capaz de mantê-los no poder. Mesmo Lula não é, por si só e na atual conjuntura, garantia sólida, inquestionável e “inderrotável”. Nesses quatorzes meses que nos separam das eleições muita água vai correr por baixo da ponte. Por enquanto o ex-presidente se finge de morto para assaltar o coveiro e d. Dilma está praticamente morta (eleitoralmente) aguardando apenas o coveiro. “O presidenta” está desesperada e seu marqueteiro ou está perdendo a mão ou é um asno mesmo. Sendo uma coisa ou outra deveria ser demitido porque o governo petista vive de marketing. Mas, como disse Abraham Lincoln (1809-1865) “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.”

Esta “Comissão” ou qualquer outra que acene com reformas não passará de uma fraude, uma pantomima. Os encarregados de “reformarem” (deputados e senadores) jamais irão cometer suicídio político e atirar contra o próprio patrimônio. O Estado brasileiro já nasceu deformado (na forma e no conteúdo) e a classe política, ao longo dos anos, contribuiu ostensivamente para que, cada vez mais, se tornasse num gigantesco e horripilante monstro devorador, insaciável, obeso, omisso, injusto e preguiçoso. Mas dizer que os políticos brasileiros formam uma classe é uma maneira educada para referir-se a este bando de aves de rapina. Como não podemos revogar o Estado o único instrumento disponível para que entre nos eixos é a reforma (política, tributária, agrária, previdenciária, etc.). No entanto, as reformas precisam ir além desmontando estruturas apodrecidas ou contaminadas que atuam contra a sociedade ao invés de servi-la. Mas com esta corja de pilantras, velhacos e trambiqueiros com assento no Congresso Nacional, no Executivo e no Judiciário isto só acontecerá no dia que pudermos caminhar sobre as águas ou voar graciosamente utilizando apenas nossos corpos.

CELSO BOTELHO
27.07.2013