terça-feira, 2 de dezembro de 2008

RUÍNA ANUNCIADA



A única e exclusiva preocupação que posso ter com a Venezuela é com seu povo entregue a um desequilibrado mental como Hugo Chávez. Seu apetite pelo poder é insano, nefasto, imundo. Aliás, os países latinos (ou não) nos últimos anos têm colhido uma envenenada safra de arremedos de ditadores, bobalhões empedernidos, megalomaníacos e ignorantes No estágio de loucura de Chávez posso recomendar tranquilamente que o trancafiem numa cela de segurança máxima em algum sanatório fortemente vigiado e joguem as chaves fora (sem trocadilhos). Desta feita voltou à carga com a conversa de reeleição ilimitada na idiota alegação de que o fascismo estava renascendo em seu país. Espero que Benito Mussolini (1883-1945) não seja ressuscitado também. Todos sabem que o real motivo foram os resultados das ultimas eleições que sinalizaram, como no plebiscito do ano passado, a crescente insatisfação do povo venezuelano com o desgoverno anti-social-moreno de Chávez.


O fascismo teve inicio na Itália pouco depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e as suas principais características encontram-se enraizadas na personalidade de Chávez com bestial abundância: apego irrefutável a ditadura e ao totalitarismo; narcisista; defensor de um nacionalismo agressivo, do militarismo, do imperialismo e simpático à repressão, ao corporativismo, nutrindo imensa aversão aos direitos individuais dos cidadãos ou qualquer oposição que se possa fazer. Essas características do fascismo normalmente rotulam as ditaduras totalitárias de direita, mas Chávez proclama-se socialista desde criancinha sem sequer ter se engajado em qualquer movimento de esquerda. Então do que se queixa o Coronel? O conceito de fascismo por acaso não se encaixa em sua pessoa? Não é o que deseja e vem praticando durante todos os dias? Acho melhor procurar outro regime para servir de bode expiatório para seu propósito de perpetuar-se no poder. Apesar de que há muito tempo destila todo seu veneno contra a democracia como sendo mãe, pai e avó de todas as misérias humanas e extraterrestres. Admito que existam erros gravíssimos no regime democrático (e devemos corrigi-los com a maior presteza), porém, ainda não inventaram coisa melhor.


Chávez, tal qual seu fã brasileiro nº. 1 garante que está pronto para governar até 2021. Já o seu idólatra tupiniquim por ora parece contentar-se até 2014, no entanto, publicamente, repudia a idéia veementemente (talvez por que aqui o buraco é mais para baixo ou mais para cima, não sei). Mas, creio que o presidente venezuelano, ao contrário do nosso, aplica o velho dito popular de que miséria pouca é besteira. A ruptura para ele tem ser total. A diferença está que o caraquento (qual será o gentílico para quem nasce, ou melhor, mora em Caracas?) fala abertamente de suas pretensões ditatoriais ao esbanjar bravatas como “vamos ver quem manda na Venezuela” autorizando o partido que fundou sendo seu único proprietário (PSUV) originário de catorze agremiações que vão desde o “sim” até o “sim senhor” a promoverem “debate” para aprovarem o esbulho de emenda constitucional e reeleição ilimitada para a presidência da República. O delírio do homem é tão profundo que chega a aventar uma possível ação de movimentos provinciais separatistas o que, aliás, seria perfeitamente legítimo diante das circunstâncias. Afirma que conspiram contra a “revolução socialista”. Mas que diabo de revolução é essa de que tanto fala? Vamos a alguns fatos.


O petróleo é praticamente a única fonte de receita da Venezuela e fica ao sabor dos vai-e-vem do mercado internacional. Estão disponíveis dados que em 2006 sua estatal do petróleo (PDVSA) tinha uma previsão em seu orçamento de gastos em programas sociais da ordem de dois terços maiores do que em seus gastos de exploração e produção do chamado ouro negro, isto é, o governo está matando a galinha para fazer canja ignorando o fato de que não porá mais ovos. A distribuição de renda que o senhor Chávez apregoa deve-se ao simples e corriqueiro fato de que aumenta a circulação de dinheiro e faz filantropia com o dinheiro alheio. Somente entre 2005 e 2006 os aumentos dos gastos públicos atingiram a bagatela de 124%. Estimulou-se o consumo com uma agricultura, pecuária e indústria precária e o resultado foi elevar-se a inflação. Carne e leite não são itens comuns nas prateleiras dos supermercados. Nos primeiros oito anos de mandato as empresas na Venezuela encolheram de 17.000 para 8.000. Ainda em 2005 o aprendiz de caudilho fechou oitenta lanchonetes da rede Mac Donalds e quatro fábricas da Coca-Cola. Somente nos dois primeiros mandatos os investimentos naquele país caíram pela metade e a classe média foi reduzida em quase sessenta por cento. Em contra partida as famílias pobres tiveram um acréscimo de quase 20%. Oitenta por cento das famílias, em 2006, encontravam dificuldades para por comida em suas mesas. O dinheiro vindo do petróleo escoa para o assistencialismo em diversos programas (chamados missiones) que vão desde a alfabetização de adultos, cooperativas agrícolas, atendimento médico, alimentos subsidiados e por ai a fora. Funciona como aqui: dão o peixe (e sabemos de que mar é pescado), mas se negam a ensinar a pescar. A fim de encurtar o assunto estima-se em 10.000 o número de homicídios por ano na Venezuela. Porém, sob a batuta de Chávez a coisa pulou para mais de 70.000, isso apenas nos cinco primeiros anos porque a partir de 2004 foi proibida a divulgação dos aterradores números sobre a violência de forma oficial. Os seqüestros espicharam em 30% e os mortos em confronto com a polícia foram multiplicados por quatro. A mesada para Cuba (antes propiciada pela ex-URSS) é enviada religiosamente ou ateísticamente. O socorro maroto, apoio e intromissão em países vizinhos é parte de sua política de atear fogo na América do Sul. Sua fixação em expandir e modernizar as Forças Armadas é um sinal contundente de seus devaneios bélicos. Então pergunto novamente: que porcaria de revolução é essa? Revolução às avessas? Chávez ideologicamente não é coisa alguma que se queira rotular. Não passa de um egocêntrico, um lunático que está levando seu país à bancarrota e seu povo ao desespero, à miséria. Governos como este devem merecer uma atenção redobrada da comunidade internacional porque quando o fizeram em relação a Hitler (1889-1945) já era tarde demais. Hugo Rafael Chávez Frias personifica a ruína anunciada de uma nação.


CELSO BOTELHO

02.02.2008