quinta-feira, 11 de junho de 2009

SENADO FEDERAL: "ATOS SECRETOS", ORA VEJAM!


Qualquer casa de tolerância aparenta conduta muito mais decente do que o Senado Federal. Pratica-se nesta instituição todos os ilícitos previstos e não previstos no sexagenário Código Penal com a mesma desenvoltura com que se pede um cafezinho no bar da esquina. Tem de um tudo: corruptos, corruptores, integrantes e chefes de quadrilhas especializadas em toda sorte de delitos. Nos idos de 1963 teve até troca de tiros naquela Casa entre os senadores Armon de Melo (1911-1983), pai do senador Fernando Collor, que disparou contra seu desafeto senador Silvestre Péricles (1896-1972) mais de uma vez acertando e matando o senador pelo Estado do Acre José Kairala (1924-1963) que não tinha nada a ver com a pendenga. Este fato só confirma o profundo desprezo que devotam à Instituição e a sociedade.


Todas essas (más) ações primam por um só objetivo: dilapidar o patrimônio público, subjugar, enganar, tripudiar, lesar e extorquir a sociedade até sua exaustão. Devo advertir aos “nobres” senadores que não há bem que sempre dure nem mal que jamais se acabe. A safadeza mais recente são os “atos secretos” que garantem a orgia nomeando,exonerando, aumentando salários, etc. e eu tolamente pensando que somente algumas votações fossem secretas! Durante o regime militar (1964-1985) havia os “decretos-secretos”, mas isso não era nada fora do comum em se tratando de um regime de exceção, pois, os milicos arvoravam-se no direito (e no dever) de fazer o que quisessem, excetuando-se as forças da Natureza onde não poderiam exercer seu poder baseado na truculência. Os militares foram embora, porém deixaram uma montanha de entulhos autoritários que, se não foram aproveitados receberam uma nova roupagem, como por exemplo, o decreto-lei que virou medida provisória.


O neto do senador José Sarney (PMDB-AP) foi exonerado do gabinete do senador Epitáfio Cafeteira (PTB-MA) também via secreta para não expor o avô dinossauro à execração pública de ter um parente não concursado mamando nas tetas do Senado Federal após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) de que a Casa deveria cumprir a súmula antinepotismo, mas nesta altura do campeonato o netinho havia permanecido de 2007 a 2008 recebendo qualquer merreca em torno de R$ 7.000,00. São mais de trezentos casos, este chama bem mais nossa atenção por envolver um ex-presidente da República que, diga-se de passagem, foi desastroso. Descobriu-se que este senador recebia “auxílio moradia” residindo em Brasília e num primeiro momento negou e num segundo desculpou-se dizendo que “não sabia” como também “não sabia” desses “atos secretos” argumentando que cuida mais da parte política que administrativa (Lula fez escola). Ora, ora, ora senador não me engana que eu não gosto. E se eu fosse começar a enumerar os “deslizes” de Sua Excelência qualquer revistinha pornográfica aparentaria mais inocência. Muito se fala que se fechássemos o Senado Federal ninguém iria perceber, no entanto não penso que deva ser assim, isto dá uma conotação ditatorial (sou alérgico a ditaduras e ditadores). Como Instituição tem um objetivo preciso e de importância fundamental no regime democrático o que se torna imprescindível é realizarmos uma faxina completa desinfetando-a exemplarmente a fim de expulsarmos os insetos que dela se apoderaram., mas não contem o o senador Sarney para isto.A manobra foi utilizada por Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA) e Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), este já no andar de cima (ou de baixo), todos três de triste memória. No mês passado a FGV (Fundação Getúlio Vargas) detectou mais de 600 funções comissionadas e cargos com gratificação. Caso procuremos com maior afinco provavelmente encontraremos diretores ou chefes de vasos sanitários. Neste mês “atos secretos” foram descobertos e no próximo? Qual será a velhacaria? Não poderá ser nossa sina entregarmos o país constantemente a elementos pífios, é necessário que nos conscientizemos e nos unamos para banir essa gente de uma vez por todas, pois, caso contrário, a bancarrota será inevitável e nos atingirá dos pés à cabeça. Estamos caminhando a passos largos para o fundo do poço. Atos secretos num regime democrático é algo grave, inconcebível, amoral e próprio de canalhas.


CELSO BOTELHO

11.06.2009