domingo, 1 de junho de 2014

UMA FORTUNA CONSTRUÍDA COM A MENTIRA, A SUBSERVIÊNCIA, A FRAUDE E A TORPEZA





A revista Forbes divulgou na última terça-feira a relação das 15 famílias mais ricas do Brasil. Os números apresentados envolvem a fortuna de cada integrante dessas famílias. No topo da lista estão os irmãos Marinho das Organizações Globo com US$ 28,9 bilhões. De um jornal herdado do pai (Irineu Marinho) que falecera pouco após tê-lo fundado ao império que se tornou deve-se a Roberto Marinho, já falecido. Fez-se útil e subserviente aos interesses dos poderosos do momento em troca de facilidades, privilégios, proteção, cumplicidade. Em 1939 aconteceu na cidade do Rio de Janeiro a primeira transmissão de televisão realizada pelos alemães durante a Feira Internacional de Amostras, o evento fora promovido pelo tenebroso DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) do Estado Novo (Getúlio Vargas era simpático ao nazismo e ao fascismo). Roberto Marinho esteve presente e seu jornal (O Globo) se destacava na tarefa de enaltecer a Exposição de Televisão e a própria TV sem, contudo, descuidar de fazer a apologia à iniciativa do Estado Novo e à colaboração do jornal em relação ao evento. Naquela ocasião Roberto Marinho já estava inserido no esquema do poder, fosse qual fosse.


A Tv Globo quando entrou no ar em 1965 era mais uma emissora de televisão. Seu crescimento e supremacia no setor das comunicações só foram possíveis com auxílio “luxuoso” do regime militar mediante a colaboração, ocultação, distorção e omissão sistemática da emissora aos mandos e desmandos dos generais de plantão. Até hoje tramita na justiça processo movido contra a Tv Globo referente à aquisição da Tv Paulista mediante meios fraudulentos e lesivos aos acionistas minoritários daquela empresa (entre eles Waldemar Seyssel, 1905-2005, o Palhaço Arrelia). A perícia apontou para documentos grosseiramente forjados. A transação está eivada de irregularidades com a anuência do ministério das Comunicações desde o regime militar. Hoje a Tv Globo de São Paulo (ex-Tv Paulista) responde por, aproximadamente, 50% do faturamento da rede. O processo deverá ser encerrado no Dia do Juízo Final, contra ou favor da “Vênus prateada”, nunca se sabe. Este é apenas um caso entre centenas de outros que envolvem a emissora desde a prática de coação ao descumprimento da legislação trabalhista, previdenciária e tributária (entre 2010 e 2012 a Rede Globo foi notificada 776 vezes por sonegação fiscal). Com tanta proteção Roberto Marinho construiu seu oligopólio sem quaisquer sobressaltos. É nisso que reside o problema. Televisão é uma concessão pública, porém seus concessionários se comportam como se fossem seus proprietários e o governo por omissão, descaso, cumplicidade, incompetência e principalmente comprometimento político jamais se interessaram pelos abusos cometidos. Em 2010 o procurador regional da República no Rio Grande do Sul Domingos Sávio Dresch da Silveira resumiu em uma única frase o que sempre aconteceu (e não só com concessões de emissoras de rádio e televisão): “concessão sem fiscalização é doação”. As telecomunicações são um serviço público federal que pode ser concedido à iniciativa privada. No Brasil o Estado não controla a utilização da concessão que é pública. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão devem atender aos quatro princípios apontados no Artigo 221 da Constituição Federal, a saber. Preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; regionalização da produção cultural, artística e jornalística e o respeito aos valores éticos e morais da pessoa e da família. É importante não confundir censura com controle. A censura é a proibição fundada em juízos de valor que não tenham base na Constituição e o controle deve ser exercido para fazer valer valores que estão na Constituição Federal. A tendência é que este formato (concessão sem fiscalização) jamais tenha fim permanecendo e cada vez mais intensificando a relação promíscua que se estabeleceu entre o Estado brasileiro, seus governos e o concessionário. Há algumas décadas o político (eleito ou nomeado) que colide com a grande mídia está condenado. Ou dela será excluído ou, eis o pior, ou ela tornar-se-á sua inimiga. A Tv Globo ao longo de sua existência tanto alavancou carreiras políticas como também destruiu muitas delas.


Quando João Goulart assumiu a presidência da República seu cunhado Leonel Brizola chamou Jango e pediu para ser nomeado ministro da Fazenda e, caso fizesse alguma besteira, poderia demiti-lo sem qualquer constrangimento. João Goulart foi consultar Roberto Marinho que foi categórico: caso nomeasse Brizola não chegaria ao fim do mandato. No dia seguinte O Globo publicava uma página enaltecendo João Goulart como estadista. Conclusão: Jango não nomeou Brizola e também não completou o mandato. Na edição de primeiro de abril de 1964 o jornal O Globo publicava: “Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos (...) Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.” Em pouco tempo, para Roberto Marinho João Goulart passara de estadista à irresponsável. Hoje, descaradamente, tenta fazer um “mea culpa” alegando que errara, equivocara-se. Imediatamente após o golpe quando tentava organizar a resistência armada dos camponeses Gregório Bezerra foi torturado e arrastado pela praça do bairro de Casa Forte pelo tenente-coronel do Exército Brasileiro Darcy Viana Vilock, com uma corda no pescoço, seus pés foram imersos em solução de bateria de carro ficando em carne viva e este hediondo espetáculo foi exibido pelas televisões. Como alguém diante disto poderia equivocar-se quanto ao que seria no futuro? A truculência, a tortura e os assassinatos vieram de mãos dadas com o golpe civil-militar de 1964. As Organizações Globo não só apoiaram a violência como também foram coniventes com ela. Moralmente a Rede Globo é tão responsável pelos crimes cometidos antes, durante e depois da ditadura quanto seus próprios autores e executores e, neste caso, nenhuma retratação é aceitável. Pegar carona no bordão do Lula do “eu não sabia” não convence o mais imbecil dos mortais. Ora, vão catar coquinho no fundo do oceano. Em 1989 o último debate entre Lula e Collor, candidatos no segundo turno da primeira eleição para presidente da República direta após quase trinta anos, a Rede Globo o editou favoravelmente a Collor exibindo seus melhores momentos e os piores de Lula. Collor era, digamos, “cria da casa” e Lula ainda não havia se comprometido publicamente em manter o status quo e até ampliá-lo.  As Organizações Globo não só sempre exerceram influência sobre os governos como também neles interferiram de uma maneira ou de outra, em seu benefício próprio ou de seus “parceiros”. Roberto Marinho foi considerado o maior partido político do Brasil. Na década de 1990 a Rede Globo valeu-se mais uma vez de seu prestígio e cumplicidade com os poderosos e um artigo na Constituição Federal foi alterado elevando para 30% a participação de capital estrangeiro nas empresas de mídia. Em 2002 o BNDES concedeu “uma ajuda” à emissora no montante de R$ 280 milhões. De acordo com a Receita Federal a Rede Globo praticou fraude contábil ao negociar um perdão de R$ 158 milhões em dívidas com o banco JP Morgan em 2005. A emissora, multada em R$ 730 milhões, contestou a cobrança, mas foi derrotada em uma das instâncias do ministério da Fazenda, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em setembro de 2013. Um fato bem emblemático sobre o poder desta empresa se deu por ocasião da compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 sonegando imposto de renda ao utilizar-se de um paraíso fiscal para realizar o negócio. Em 2006 a Receita cobrava uma multa de R$ 615 milhões, mas como um passe de mágica, o processo desapareceu da sede da Receita Federal no Rio de Janeiro. Em janeiro de 2013, a funcionária da Receita Cristina Maris Meinick Ribeiro foi condenada pela Justiça a quatro anos de prisão como responsável pelo sumiço do processo. Cristina jurou de pés juntos e com dedos cruzados às costas que agira por livre e espontânea vontade. Mas que menina traquina! O site WikiLeaks em 2013 cita que a Rede Globo repassou à UNESCO apenas 10% do valor arrecadado desde 1986 com a campanha “Criança Esperança” (à época equivalente a R$ 94,8 milhões). As mazelas, as negociatas, as trapaças, o servilismo e os crimes das Organizações Globo são inúmeros e este texto não é o território apropriado para apontá-las e esmiuçá-las porque exigiria centenas e mais centenas de páginas. Seu propósito é embasar a necessidade de alterarmos substancialmente a legislação para a concessão de emissoras de rádio e televisão e impedir que se transformem no monstro que a emissora do Jardim Botânico tornou-se. Praticamente um estado dentro do Estado, um sistema mafioso. Não estamos, pois, tratando de censura e sim de controle, fiscalização.


Ciente do ranking da revista Forbes o ex-presidente Lula evocou a necessidade de alterar-se a legislação (Código Nacional das Telecomunicações de 1962) para impedir que conglomerados se estabeleçam e tornem-se cada vez mais poderosos em influência e dinheiro. Dito por qualquer outra pessoa se poderia concordar sem mais delongas. Mas quando dita por um inveterado trapaceiro, velhaco e patife é imprescindível se remover a face nominal do discurso e então se pode constatar as reais intenções na fala de Lula, o principal porta voz do maldito Foro de São Paulo que, por seu turno, é um departamento do movimento esquerdista revolucionário internacional. O PT está no poder desde 2003 e, cada vez mais, vem se fortalecendo e dominando toda estrutura do Estado brasileiro pelos mais diversos expedientes (aparelhá-lo, corroê-lo, corrompê-lo, desprezá-lo, intimidá-lo, contaminá-lo, desmontá-lo, desmoralizá-lo, etc.). Na prática pode-se afirmar que estamos vivenciando um regime de partido único, posto que os demais não passem de meros acessórios dentro do esquema de poder da esquerda. O PT está muito próximo de assumir definitivamente e sem oposição o total controle político do país. Há muito que destruiu, cooptou, comprou e pagou à vista qualquer esboço de oposição. Aécio Neves e Eduardo Campos estão integrados no esquema de poder esquerdista. O passo seguinte será o controle econômico. Muito já se avançou neste sentido, porém é uma empreitada que demanda tempo para ser concluída. E isto não pode e nem deve ser entendido como a liquidação do sistema capitalista, ao contrário, a esquerda sabe perfeitamente da inviabilidade de uma economia planificada, simplesmente porque é impossível realizar o cálculo econômico. Portanto, o objetivo é exatamente o oposto, isto é, preservar e fortalecer o sistema capitalista. Recentemente o pré-candidato à presidência da República Eduardo Campos desenterrou um chavão que só os militantes esquerdista histéricos, alienados, bocós e que jamais leram Karl Marx ainda repetem: a socialização dos meios de produção e, para não irritar à elite, apregoou uma limitação na propriedade privada. O conterrâneo de Lula não explicou como poderia concretizar isso. Não porque não quisesse, simplesmente não sabe ou sabe que é impossível.


Controlar a economia significa transformar banqueiros, empresários, (indústria, comercio, agronegócios, prestação de serviços, etc.) em seus empregados, inclusive os Marinhos, os Safras, os Ermírio de Moraes, os Moreira Salles, os Odebrecht, os Civitas, os Setúbal, etc. Iludem-se se pensam que a esquerda, ao assumir o controle econômico do país, permitirá que desfrutem dos privilégios, benesses e favores aos quais estão acostumados e que concentrem em seu poder fabulosas fortunas. Quando tudo for bem colherão os louros afirmando que o sucesso deve-se a intervenção estatal na economia e, por outro lado, se alguma coisa der errada a responsabilidade recairá sobre os empresários que respondem pela atividade, meros empregados. Em qualquer dos casos tirará proveito. Lula tentou durante seus oito anos na presidência aprovar uma Lei da Imprensa com o claro objetivo de censurá-la, constrangê-la e dominá-la. Atualmente a esquerda está instalada em todos os grandes meios de comunicação, movimento editorial e universidades, porém ainda estão limitados diante da formatação constitucional que o país tem. Como já escrevi em textos anteriores só existem três maneiras para eliminar o frágil Estado Democrático de Direito. A primeira, que está em curso bem antes do PT assumir o governo, criar e alterar a legislação vigente para conformá-la aos seus propósitos. Segunda, atropelar a Constituição Federal e convocar uma assembleia constituinte exclusiva que, na verdade, não seria exclusiva de coisa nenhuma. Ao seu término o país receberia uma nova Carta Magna à imagem e semelhança dos objetivos da esquerda. Esta aberração é repudiada por milhares de brasileiros, mas é uma resistência diluída, pouco instrumentalizada e sem grande alcance. Contudo, é resistência e não se deve desprezá-la. Terceira, formar uma grande militância capaz de respaldar uma ruptura institucional. Esta última opção por ora está descartada como já ficou provado com o balão de ensaio lançado em junho de 2013. A esquerda não dispõe de uma militância capaz de romper com a legalidade e constituir-se numa nova hierarquia de poder. Isto é um dado fundamental. Significa que a maioria da sociedade brasileira não compactua com os crimes perpetrados pelo Partido dos Trabalhadores, Foro de São Paulo, Cúmplices & Comparsas.


É preciso rever a legislação pertinente à concessão de serviços públicos à iniciativa privada em todas as atividades e reverem-se todas as privatizações e concessões já levadas a cabo no Brasil. Porém, jamais com o patrocínio do ex-presidente Lula, da senhora Rousseff, do PT, do Foro de São Paulo & Bandidos Associados. Lula está manipulando a opinião pública utilizando o fato dos Marinhos serem a família mais rica do Brasil para robustecer a estratégia da esquerda de controlar a economia de cabo a rabo. E controlar as comunicações é fundamental, objetivo inegociável dentro da estratégia esquerdista. Isto, no entanto, não significa em hipótese alguma, permitir que as Organizações Globo continuem sendo um oligopólio, utilize uma concessão pública como bem lhe aprouver. Mentindo; ocultando; distorcendo; fraudando; impondo comportamentos, atitudes, valores e costumes contrários as tradições cristãs e conservadoras da sociedade brasileira e cometendo uma série de crimes. A sociedade deve discutir uma proposta que impeça que os concessionários arvorem-se acima do bem ou do mal ou, o que pior, venham nos dizer o que é o bem e o que é o mal.

CELSO BOTELHO
16.05.2014