sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CABO, TENENTE OU CORONEL?


A primeira vez que pisei em solo cabofriense foi a convite, nada auspicioso, do meu cardiologista a fim de submeter-me a um cateterismo. Durante o trajeto, devidamente acomodado numa bela viatura da Secretaria Municipal de Saúde, pude apreciar o litoral um tanto apreensivo com relação ao procedimento médico. É a velha história: todos anseiam pelo paraíso, porém, ainda não encontrei alguém que queira morrer, pelo menos em sã consciência. Chegando ao hospital e já a caminho da sala para realizar o tal cateterismo puxei conversa com o enfermeiro que me acompanhava tentando aliviar a tensão. Indaguei-lhe sobre a possibilidade de partir desta para melhor durante a intervenção e, prontamente, me informou que a realizavam umas quinze vezes por dia e ninguém jamais viera a falecer ressaltando que eu poderia vir a ser o primeiro. Não achei graça alguma. Tudo transcorreu muito bem e somente a injeção de iodo me incomodou.


A segunda visita deu-se agora e foi bem mais agradável, exceto nos dois primeiros dias que pareciam anunciar outro dilúvio tal a insistência da chuva. Cabo Frio é uma cidade bem cuidada, organizada, população simpática e um belo litoral com praias maravilhosas. O que é difícil compreender é porque ainda ocupa a patente de cabo quando já deveria ter sido promovida a tenente, capitão ou mesmo coronel. Injustiça. O bairro onde ficamos não sei qual o nome certo já que uns dizem Dunas outros falam Braga. De qualquer maneira é um lugar muito bonito com ruas simétricas e construções modernas e de bom-gosto. O que, deveras, chamou minha atenção foi uma reserva ecológica municipal naquela parte do litoral. Observei atentamente os espécimes que ali poderiam existir para justificar a preservação. Além de caramujos aqui e acolá, capim e dunas nada mais havia. Certamente os ecologistas me dariam inúmeros motivos para a existência do parque, no entanto, duvido muito que alguma poderia fazer-me mudar de idéia quanto sua inutilidade. Não que não tenha consciência ecológica, não é isso. Porém, realmente, não alcancei a necessidade daquele parque que, aliás, é caminho obrigatório para chegar à praia sem antes enfrentar várias poças d’água o que muito faz lembrar um brejo. Mas não considerei isso um infortúnio. Foi divertido e, afinal, após as dunas a praia compensaria grandemente tão insignificante obstáculo.


Espero que haja outras oportunidades de visitar Cabo Frio e desfrutar de sua beleza e hospitalidade e atrevo-me a recomendar àqueles que não conhecem a fazê-lo tão logo possam. Cabo, tenente ou coronel será frio só no nome.


CELSO BOTELHO

16.01.2009