quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

TER(CEIRO) OU NÃO TER(CEIRO)?


Contam que pelos idos de 1983 um jornalista aproximou-se do ex-governador Leonel Brizola (1922-2004) e indagou-lhe que, segundo já havia manifestado, seria ou não candidato à presidência da República caso fosse realizada eleição no próximo ano. Brizola deu um sorriso maroto e alfinetou: “vocês acabam me colocando lá, mesmo contra a minha vontade.” Sempre foi fato sabido e conhecido que Brizola tornara-se candidato ao cargo desde que ingressara na vida pública. Recordei deste episódio após assistir a fala do presidente Lula, O Ignorante, ao pé do arremedo de ditador, megalomaníaco e bobalhão empedernido Hugo Chávez na Venezuela. Brizola possuía diversos motivos para dar aquela resposta entre eles recém anistiado, recém eleito, o regime militar carcomido, porém ainda no poder e também seu particular dom de debochar. Nosso presidente, no Brasil, diz que não quer um terceiro mandato, mas nada me convence que nos bastidores estimule e articule para ganhá-lo. Na Venezuela desdiz com aquela baboseira de cultura, instituições fortes, desejo popular e outras bobagens. Defendendo, a céu aberto, sucessivos mandatos para seu colega. Ora, presidente, Sua Excelência não é lavadeira e eu não sou trouxa (com todo o respeito que a classe merece). Meu tempo de acreditar em histórias da carochinha se foi há muitos e muitos anos. O presidente transmitiu sua intenção perfeitamente: continuar no governo da República brasileira, se possível indefinidamente. Essa conversa dele de alternância no poder, no mínimo, só se aplica aos outros.


Cá desta trincheira estou atento e radicalmente contra qualquer alteração nas regras do jogo, ao menos para esta partida. Uma cochilada e a reforma política, nome pomposo para um amontoado de casuísmos e golpes, traz em seu bojo a safadeza que permite uma re-reeleição. Brizola, sejam quais forem os motivos, empenhou-se ferrenhamente na defesa da constitucionalidade para assegurar a posse de Jango. Lula é dissimulado. Deseja aparentar um desprendimento do poder que não se encontra em parte alguma de sua personalidade. Há que se considerar também a atuação renhida dos integrantes da ANABOL (Associação Nacional dos Baba-Ovos do Lula) para permanecerem no poder mamando nas tetas do governo. Exceto o presidente Lula, O Ignorante, não existe um único nome no Partido dos Trabalhadores & Associados que empolgue o eleitorado. Dilma Roussef pode mudar o visual o quanto quiser porque não será mais que um poste sem luz, mesmo que se chame o competente publicitário Duda Mendonça. Talvez seja exatamente isso que alimente o sonho do terceiro mandato do presidente que, deveria saber, não inventou o Brasil e jamais será insubstituível.


Essa tal de reforma política que anda pelo Congresso Nacional não passa de um esbulho, trapaça, velhacaria o que, aliás, não é surpresa alguma.


CELSO BOTELHO

22.01.2009