sábado, 4 de julho de 2009

FARINHA POUCA...


Servos. Eis como os politiqueiros brasileiros definem os cidadãos brasileiros. Neste recente escândalo do Senado Federal, a Instituição vai seguindo pulando de um ao outro se esmerando em piorá-los cada vez mais, montou-se uma estratégia de guerra para salvar o presidente da Casa visando obviamente o que chamam, vulgarmente, de eleições no próximo ano. Não existe outro motivo para tantos empenharem-se com afinco em salvar a velha e curtida pele do “nobre” representante do esquecido Estado do Amapá. É como se diz: farinha pouca, meu pirão primeiro. E o pirão do presidente da República é fazer decolar a candidatura da Dona Dilma Roussef e - quem sabe? – empolgar o eleitorado (e o próprio PT) transformando a ministra em uma fiel guardiã da cadeira do terceiro andar do Palácio do Planalto para seu atual ocupante, isto se desconsiderarmos as maquinações em curso tanto neste como na delegacia de duas cuias (leia-se Congresso Nacional) para concretizarem o golpe do terceiro mandato. As quadrilhas se articulam para defender seus muitos e variados interesses. Não há, no Senado Federal, sequer um único senador que possa escapar ileso quando acusado de alguma pratica em desacordo com o cargo ou com a lei por mínima que seja e, venhamos e convenhamos, jamais são mínimas. Nossos representantes vão além de nos envergonhar. Afrontam-nos e insultam.


O presidente Lula, O Ignorante, correu para auxiliar o adversário de outros tempos e atual aliadíssimo, aliadérimo, aliadoso senador José Sarney (PMDB-AP). Sem PMDB a vaca ai mesmo é que vai para o brejo, portanto, não se trata de beijar a noiva após a cerimônia e sim convencê-la a trair o noivo já na lua-de-mel. E se tratando deste partido não é lá nenhuma tarefa árdua. Dono do PT, o presidente apressou-se em puxar as orelhas de todos os seus senadores, principalmente os mais afoitos e com a idéia de jerico de defender uma licença para o presidente da Casa, começando pelo líder. As razões são as mais estapafúrdias possíveis. O diabo da “governabilidade” foi um termo inventado para justificar a permanência e manutenção de velhacos e velhacarias como práticas para o exercício do poder. O Estado não é este ou aquele político (politqueiro), posto que ninguém seja insubstituível, não deixará de existir pela ausência de determinados homens ou grupos e sim por causa da atuação deles. Acoitar o ilícito para preservar interesses de pessoas, grupos, facções ou, mais propriamente, quadrilhas é algo que foge completamente a razão, mas é o que se pratica a torto e a direito no Brasil. O presidente declarou em alto e bom som que Sarney tem seu apoio incondicional e, sendo assim, dada às circunstâncias podemos perfeitamente fazer a leitura de que Sua Excelência está inteiramente de acordo com as (más) ações das quais é acusado jurássico senador. Como os tempos mudam! Antes de assumirem o governo o Partido dos Trabalhadores era o guardião ferrenho da ética, da moralidade, da lisura e após isso praticam, compactuam, são coniventes, complacentes com todo o tipo de delito. O PMDB faz uso de uma afirmação atribuída ao ex-governador Leonel Brizola (1922-2004): “vão-se os meus, mas vão-se os teus”. E Lula sabe que é a mais pura verdade.


Entendem os inescrupulosos, facíonas, patifes, delinqüentes, os vendilhões da pátria e etc. (e bota etc. nisto) que somos um bando de servos, seus servos. E, tomem nota, não é assim que a banda ou a orquestra tocam. Espártaco (ca 120 a.C. - ca 70 a.C.) também fora um escravo e deu um bocado de trabalho para Roma. O comportamento do presidente Lula, O Ignorante, precisa ser tomado como inaceitável pela sociedade brasileira. É implicitamente fisiológico, golpista e atenta abertamente contra esta democracia capenga, mas democracia. E não só com relação a este episódio do Senado Federal, mas a todo o conjunto de sua (má) obra desde 2003.


CELSO BOTELHO

04.07.2009