quarta-feira, 8 de julho de 2009

PORQUE TER MEDO DA CPI DA PETROBRAS?


Vi um “distinto” senador da República afirmar no parlamento que todos os governos temiam pela instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito ou vulgarmente CPIs. Hei de concordar de fora a fora, mesmo porque nenhum governo jamais foi caracterizado por sua lisura, total observância às leis e comportamento ético (se me apontarem um sou capaz de pagar um doce). Não compreendo muito bem o alvoroço do governo em procurar barrar a CPI da Petrobrás nem que tenha que remover o diabo do inferno. Esse pânico nas hostes governamentais me parece injustificado por vários motivos. A saber: os integrantes da CPI, seja quem for, são senadores suspeitos desde jogar papel de bala no chão, passando pelas nomeações de parentes e aderentes e outros delitos de maior envergadura que são do domínio público. Portanto, são perfeitamente suscetíveis aos afagos do Palácio do Planalto. O presidente do Senado Federal mantém-se no cargo com o aval do presidente da República, e eu que tinha em conta que os poderes eram independentes. Devo considerar o Senado Federal como um anexo do Palácio do Planalto ou, eis o mais lamentável, seu quintal? De mais a mais CPI tem o mau hábito de não apresentar resultado algum. O máximo que pode acontecer é um desconforto e, evidentemente, um desgaste político às vésperas de uma eleição. Veja o caso do Mensalão: foram denunciados quarenta peraltas e, segundo as previsões mais otimistas, qualquer possível punição há de acontecer semanas depois do Juízo Final, nem mais nem menos. Assim sendo, o governo perde valioso tempo em criar obstáculos à implantação deste instrumento completamente destituído de alguma utilidade. Opa! Lembrei-me agora que as CPIs servem de palanque eletrônico gratuito e fora do período de campanha onde se exercita a velha e corriqueira demagogia de nossos politiqueiros.


Que a Petrobrás é e tem uma caixa preta, uma branca, uma azul e todas as combinações de cores que se possa imaginar um é tão sabido quanto à existência de geleiras nos pólos do globo. O que pode se constituir em novidade são as fórmulas, os instrumentos e os mecanismos cada vez mais sofisticados para dilapidá-la. Lesar esta estatal tem sido uma constante ao longo dos anos. O aparelhamento na Petrobrás não foi invenção do governo petista, se bem que usa e abusa desta velhacaria. Assisti o senador Artur Virgílio (PSDB-AM) comunicar que amanhã (dia 09.07.2009) irá protocolar um mandato de segurança com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal para garantir a instalação da tal CPI. O poder Legislativo recorre à Justiça para assegurar uma prerrogativa sua. É caótico. Falta autoridade. Uma Casa constituída para ser o ponto de equilíbrio da federação está desautorizada pelo rolo compressor do Palácio do Planalto que, sempre se aproveitou das fraquezas, fisiologismos, corporativismo e demais bandalhas senatoriais e partidárias ganhando maior robustez e eficácia em remover os renitentes (ou alguns que assim se mostram). É... A República brasileira para ficar pior vai precisar melhorar muito.


A CPI da Petrobrás poderá trazer um benefício ao jurássico presidente do Senado Federal, além da trégua que a pendenga “instala - não - instala” lhe proporciona, inevitavelmente as atenções serão dirigidas para o circo que irão armar onde serão exibidos novos artistas com números inéditos (ou semi-inéditos) de truques de como sumir com o dinheiro público sem fazer força e com a conivência de ilustres figuras do Estado. Então o pai do falecido Cruzado ficará mais feliz do que pinto no lixo. O presidente Lula, O Ignorante, mais sossegado com relação ao apoio (submissão, subserviência ou escambo, tanto faz) do saco de gatos chamado PMDB, tanto para sua “governabilidade” quanto para sua “queridinha” pré-candidata Dona Dilma Roussef, agora também na versão mestre e doutora de araque. Os senadores poderão transitar livremente sem serem atormentados pela imprensa. Os “funcionários” deixarão de ser alvos fáceis e a “paz” voltará a reinar na Ilha da Fantasia. Ah, ia esquecendo: e a sociedade? Bom, a sociedade... A sociedade... Até quando ficará apática? Até quando irá permitir o desmantelamento do Estado? Quando irá conscientizar-se de que sua intervenção será crucial para corrigir os rumos assegurando uma caminhada menos penosa? Não será, certamente, no dia que a galinha criar dentes e sim quando nos reconhecermos plenamente como cidadãos e não meros espectadores de um jogo de marcas marcadas.


CELSO BOTELHO

09.07.2009