terça-feira, 14 de julho de 2009

SUPERA SARNEY!


Para o presidente da República a “crise do Sarney” está em fase de superação. Como é que é? Superação? Sim, de acordo com o ministro das Relações Institucionais (sic) José Múcio, Sua Excelência assim avalia. Como se pode superar acusações das mais diversas ordens sobre o presidente do Senado Federal? Bem, tem duas alternativas. A primeira, e mais freqüente, é surgindo um novo escândalo. A segunda é simplesmente dar o dito pelo não dito que, aliás, é corriqueiro. Um amontoado de crimes atribuídos ao senador José Sarney (PMDB-AP) somente estará superado quando for minuciosamente investigado, apuradas as responsabilidades e punindo-se os culpados como manda o figurino, isto é, a lei. Será que o presidente Lula, O Ignorante, planeja editar uma Medida Provisória determinando a superação imediata da “crise do Sarney” numa demonstração de extremo zelo e apreço pelo comparsa? A sociedade brasileira não está interessada nem um pouco no projeto político pessoal do presidente e muito menos com compromissos político-partidários celebrados entre o Executivo e o Legislativo que, via de regra, são inconfessáveis. É para causar horror quando o chefe de uma nação mostra-se solidário com a corrupção, fraude, apropriação indébita, peculato, prevaricação, falsidade ideológica, ausência de decoro parlamentar, etc. Ou não são esses os crimes que acusam o senador José Sarney? Admitir para o povo que o cometimento de tais crimes possa estar superado sem que a Justiça se pronuncie é um acinte, uma afronta e uma cabal declaração de desprezo pelas leis. Bola na arquibancada, presidente.


O Conselho de Ética foi ativado e daí? Como já disse, naquela Casa tem parlamentar suspeito desde jogar papel de bala no Salão Negro até... Sabe lá Deus o que! Portanto, é surreal. E o corporativismo onde fica? Sarney anulou 663 atos secretos, palmas para ele! Palmas uma ova, até o mais imbecil sabe que a medida não tem nenhum resultado prático e não passa de uma jogada. Mas, finalmente, alguém disse uma coisa inédita – pelo menos que eu saiba – sobre o presidente Lula, O Ignorante: está imitando os generais da ditadura com sua interferência no Senado Federal e que está mais para esses do que para o sindicalista que um dia foi. Beleza, perfeito. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) admitiu o lado arrogante, prepotente e presunçoso do presidente, coisa que venho dizendo há, pelos menos, “trocentos” anos. O comportamento presidencial confirma a sabedoria popular: “dê dinheiro ou poder a um homem e logo conhecerá o seu caráter”. O senador gaúcho desabafou dizendo estar morrendo de vergonha e aventou a possibilidade de ir para casa porque não havia mais o que fazer no Senado Federal. Devemos dizer que toda a sociedade brasileira encontra-se envergonhada e a única coisa que se tem para fazer naquela Casa é bandalheira. Portanto, é de muito bom alvitre o senador retirar-se para os pampas.


Para embasar o que digo sobre o Conselho de Ética voltemos nossos olhares para a CPI da Petrobras. Foi eleito o presidente e o relator e adivinhem quem são? O Senador João Pedro (PT-AM) e Romero Juca (PMDB-RR), respectivamente. Um diz amém e o outro aleluia as “orientações” do Grande Chefe. Ora, como posso crer na lisura de qualquer Conselho de Ética que se instale? Exceto se for tolo o bastante para também crer na existência de Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Lobo Mau, Bruxa Malvada, etc. A sociedade deve e precisa ser mais consciente e participar efetivamente do processo político, mesmo porque é o instrumento que reúne as condições para promovermos as transformações que desejamos. Omitirmos-nos ou simplesmente delegarmos poder e ir cuidar de nossas vidinhas é tudo que o politiqueiro deseja. E, exatamente por isso, que estes pulhas vêem desmontando, dilapidando, surrupiando, invertendo valores e provocando a dor e a miséria ao longo dos séculos. Fiscalizar e exigir que se cumpra à lei, mesmo e principalmente para “pessoas incomuns” como o presidente do Senado Federal, é direito e obrigação da sociedade.


CELSO BOTELHO

14.07.2009