terça-feira, 28 de outubro de 2008

2010. O ANO QUE FAREMOS CONTATO. OU NÃO?


Terminada as eleições municipais nossa atenção se volta para a sucessão presidencial em 2010. As pedras no tabuleiro estão muito embaralhadas e a confusão entre os jogadores estabelecida. Em todas as tentativas de compor algo minimamente aceitável e possível obedecendo alguma lógica damos, invariavelmente, com os burros n’água. Toda sucessão presidencial é complicada. É impar. Até mesmo durante o regime militar nestes momentos a coisa pegava fogo nos quartéis. O time de postulantes ao Palácio do Planalto é eclético e, portanto, capaz de atender os interesses de gregos e troianos, sejam eles quais forem.


O presidente Lula, O Ignorante, há muito vem se esforçando em fabricar seu sucessor na figura de dona Dilma Roussef, a toda-poderosa Chefe do Gabinete Civil sem obter sucesso. A ex-guerrilheira reúne todas as condições necessárias e suficientes para não ser candidata a coisa alguma, principalmente a Presidência da República. O presidente é um homem intuitivo, sem dúvida, no entanto, nesta empreitada está fadado ao fracasso. Nos quadros petistas e associados não consigo enxergar um nome capaz de entusiasmar o eleitorado, exceto o próprio presidente. Nelson Jobim, todos sabem, é impensável. O ministro da Justiça Tarso, O Genro, é um suicídio político. Ciro Gomes definitivamente não é a oitava maravilha do planeta. O governador Aécio Neves (PSDB-MG) já perdeu a legenda para o governador José Serra (PSDB-SP) há muitos carnavais passados. Pode disputar uma vaga no Senado Federal ou, dependendo do complô, receber como premio de consolação compor a chapa como vice (e vice-presidente da República no Brasil das últimas décadas não tem sido lá muito mau negócio). Podendo até ressuscitar a velha política do café-com-leite. O governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) aspira alçar vôo até a Praça dos Três Poderes, porém, este pássaro ainda não tem autonomia de vôo para cobrir os 1.200 quilômetros que separam a capital fluminense da capital federal. Portanto, seria mais natural que disputasse a reeleição tomando mais robustez. Não posso deixar de mencionar o eterno calhorda o deputado federal Paulo Maluf (PPS-SP) que sempre alimentou uma tara pervertida de apoderar-se da chave dos cofres públicos federais, pois, afinal, já manteve relações desta natureza com os cofres municipais e estaduais. Dentre os 27 entes federativos estamos, basicamente, restritos a esta mulambada.


Para os velhacos integrantes da ANABOL (Associação Nacional dos Baba Ovo do Lula) a ordem do dia, da tarde, da noite e da madrugada é terceiro mandato. Item que encabeça a pauta de sacanagens da hedionda agremiação. Como é do saber público o testa-de-ferro-mor do golpe é o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP) que assina a autoria do projeto de descarada ruptura institucional e tem o auxílio “luxuoso” do deputado Henrique Fontana (PT-SP) na condição de pau-mandado do próprio Palácio do Planalto. Mas, se a conspiração não conseguir recrutar adeptos o suficiente para tomar ares legítimos e legais no Congresso Nacional fato, aliás, que só poderá acontecer por imperícia dos conspiradores. Porém, mesmo que as duas Casas rejeitem a prorrogação de mandatos, convocação de plebiscito, supressão do instituto da reeleição ou outra porcaria qualquer há um plano B. O presidente Lula, O Ignorante, poderia descompatilizar-se do cargo seis meses antes do pleito de 2010 e concorrer à vice-presidência da República com dona Dilma Roussef, José Alencar ou outro cupincha qualquer na cabeça da chapa. A manobra estaria perfeitamente coberta e alinhada pela Constituição Federal e, portanto, não poderia acusá-los de perverterem a ordem constitucional sem, no entanto, afirmar que é pura molecagem. Seria, aproximadamente, uma administração pública federal compartilhada. O presidente pode não eleger um poste, porém, se o poste for ele não tem para ninguém, ao menos nas atuais circunstâncias. Os aloprados e congêneres ficariam mais felizes do que pinto no lixo: além de permanecerem no poder e, portanto, manter e ampliar seus privilégios o Chefe poderia, pessoalmente, tomar conta da cadeira até 2014 e exercer a presidência como uma autêntica eminência parda ou cabloca, tanto faz. A idéia poderá perfeitamente seduzir o presidente que inventou o Brasil em primeiro de janeiro de 2003 e fazê-lo deleitar-se com os sonhos mais alucinados de perpetuação. Será que quer bater o recorde de permanência de Getúlio Vargas? Por que em popularidade está pau-a-pau.


Seja qual for a molecagem que possam articular para golpearam a República estarei atento e intransigente para o cumprimento da ordem constitucional. E minha posição ai não se encaixa especificamente ao presidente Lula, O Ignorante, mas a todo e qualquer mandatário que estimule ou provoque uma ruptura institucional. Em 2010 poderemos reforçar nosso contato com a democracia ou celebrando uma minuta de intenções com o autoritarismo. E ta falado.


CELSO BOTELHO

29.10.2008