terça-feira, 11 de novembro de 2008

SATIAGRAHA: PARA CONFUNDIR E NÃO PARA EXPLICAR


Podem dizer o que quiserem, porém, para mim não há qualquer fato novo no caso do sei-lá-o-quê Daniel Dantas. Extrapolar os limites legais durante uma investigação é uma prática tão corriqueira quanto abrirem-se os olhos ao acordar. Não que possa justificá-la, no entanto, já que é para levar ao pé-da-letra então devemos desenterrar uma infinidade de casos onde a velha e boa prática da investigação e forense foi varrida para embaixo do tapete. Todo esse barulho tem por objetivo manter aparências honradas, sejam pessoais ou econômicas. Tudo me leva a crer que existe somente um desejo ardente, selvagem e avassalador de que se promova mais confusão no enredo para beneficiar canalhas notórios, oportunistas inveterados e criminosos de toda a ordem. A possibilidade, ainda que remota, de contemplar Daniel Dantas & Seus Quadrilheiros Amestrados com belas e confortáveis selas existentes no sistema prisional brasileiro apavora o governo petista, o ex-governo peessedebista, associados e ex-associados. Sendo assim as trapalhadas estão explicadas, pois, não há como imaginar diferente. A tal CPI dos Grampos é, em síntese, igual suas antecessoras: quando apuram alguma coisa é somente o que interessa a este ou aquele, a isto ou aquilo, lá ou acolá. No mais é puro desperdício do rico dinheirinho do esmagado contribuinte que fica a financiar, a contragosto, palanques eletrônicos para Suas Excelências os senhores deputados e senadores arvorarem-se como intrépidos e intransigentes paladinos da justiça quando, na verdade, não passam de demagogos emperdenidos, hipócritas convictos e tralhas imprestáveis à sociedade.


Por ocasião dos “prende e solta” do suposto banqueiro, o ministro da Justiça Tarso, O Genro, declarou que seria muito “difícil” que o acusado provasse sua inocência. Difícil, mas não impossível, não é ministro? Ainda segundo o jurisconsulto-mor “não existem mais intocáveis neste país.” Resta saber a que país estava se referindo. Posso relacionar diversos nomes de calhordas de todas as cores e para todos os gostos a qualquer momento que se encontram intocáveis ou nesta condição vieram a falecer. Todos os personagens envolvidos neste caso demonstram, seja por atitudes ou palavras, cabalmente o arraigado instinto de autopreservação. Mas, a bem da verdade, este senhor é mais um, entre milhares de outros, trapalhões cínicos pendurados na administração pública federal. Como disse ontem todos são culpados por uma razão ou por outra, não importa. Daniel Dantas montou e operou um dos mais rentáveis esquemas de corrupção e roubalheira de que se tem notícia onde diversas figuras da República se locupletaram anos a fio. A bagunça é intencional e será cada vez mais propositada. O Partido dos Trabalhadores fizeram, entre outras, a opção pelo Estado policialesco imaginando aniquilar de vez a incompetente e também mercenária oposição brasileira para consolidar o sonho de perpetuarem-se no poder. Porém, o tiro está saindo pela culatra.


O descumprimento da lei, a falta de decoro, o banimento da ética profissional, o atropelo sistemático aos direitos da sociedade, a complacência e conivência com ilícito, o desrespeito à figura humana são tão constantes quanto o nascer do sol ou as ondas do mar. Mas, alegrem-se, tudo isso tem jeito. Ah, tem! Um dia tem.


CELSO BOTELHO

11.11.2008