quarta-feira, 17 de setembro de 2008

NOVAMENTE EM CARTAZ: O PRENDE-E-SOLTA



De volta aos holofotes da mídia o ministro da Justiça Tarso, O Genro, saiu em defesa do ex-diretor da Polícia Federal Romero Menezes preso-solto por conta de um hábeas corpus. É de impressionar a rapidez com que se expede tal documento quando se trata de figuras de vulto. O homem foi solto de madrugada, talvez para não se perder o hábito de consumar as tramóias na calada da noite. Tarso Genro (genro de quem?) disse que não havia necessidade de prender Romero Menezes e que isto causou constrangimento. Quanto não haver necessidade de trancafiar o suspeito com a justificativa apresentada pelo Ministério Público do Amapá posso concordar, pois, se haviam provas a serem destruídas, obstruções ou coação a ser feita certamente já o fizeram ajeitando as coisas de modo a tapear todo mundo e, de uma maneira ou de outra, saírem incólumes. Porém, a cerca de constrangimento fico matutando. Constranger o que, quem e aonde? A Polícia? Não. No máximo muitos de seus integrantes estão com as barbas de molho. O Palácio do Planalto? Não creio. Após tantas lambanças praticadas a partir de 2003 seria muita ingenuidade acreditar que isto pudesse trazer qualquer constrangimento por lá.

O ocorrido serviu apenas para reforçar a ladainha preferida do Partido dos Trabalhadores que todos são iguais perante a lei e que não há exceções quando, na prática, sabemos e vemos que é só uma ladainha recheada de heresias. Como ministro de Estado, notadamente da Justiça, penso não ter sido apropriado discordar publicamente de uma decisão judicial oferecendo alternativa que não exporia o suspeito à sociedade permitindo assim maior desenvoltura para uma provável operação abafa. Continuando com as bobagens o ministro afirmou que qualquer pessoa pode ser investigada e condenada, no entanto, segundo consta, o senhor Romero Menezes ainda não teve sua culpabilidade provada e, portanto, não condenado por coisa alguma e dificilmente será. Para finalizar, plagiando seu Chefe (o dele, o Luiz Inácio) sentenciou que a Polícia Federal “está cortando na própria carne”. Cortando o que, ministro? Acaso a Polícia Federal está acima de uma determinação do Ministério Público ou do bem e do mal? O ministro torce para que o ex-preso e atual solto seja inocente. Não me parece correto a Justiça torcer por culpas ou por inocências e sim demonstrá-las inequivocamente. Qualquer delinqüente tem o direito de proclamar-se inocente, aliás, deve fazê-lo caso queira manter sua liberdade. Se o Estado imputa um crime a qualquer pessoa ou entidade cabe a ele o ônus da prova.

Vazar informações é uma das praticas mais corriqueiras nesta República e muitos fizeram (fazem e ainda farão) fortuna e carreira comprando-as das mais variadas maneiras e de inúmeras fontes. O contrato entre a Telemar e a Gamecorp, empresa cuja propriedade atribui-se a um dos filhos do presidente da República já foi plenamente esclarecido? As operações do sei-lá-o-quê Daniel Dantas primaram pela obtenção de informações privilegiadas e cadê os linguarudos? Consta que ocorreu uma operação feita por uma corretora cujo proprietário tinha laços consangüíneos com alto funcionário do BNDES e deu no quê? E por ai a fora. Se de fato o acusado cometeu este crime aposto 1000 contra 1 que a pendenga não dará em nada como, aliás, é praxe.


CELSO BOTELHO

17.09.2008