sexta-feira, 19 de setembro de 2008

TODA E QUALQUER COINCIDÊNCIA É MERA COINCIDÊNCIA


Pode ser mera coincidência, porém, neste caso se assim acreditasse deixaria que me selassem, pois, não passaria de um desconcertado jumento. Na Operação Satiagraha que culminou com a prisão do mega especulador Naji Nahas, nosso conhecido de imbróglios passados; do ex-prefeito Celso Pitta, aplicado discípulo do deputado Paulo Maluf e o sei-lá-o quê Daniel Dantas, homem de bom trânsito nos diabólicos corredores do poder neste ou no governo passado, o delegado Prótogenes Queiroz foi afastado do caso. Na Operação Navalha, em 2007, foi afastado o ex-diretor-executivo da Polícia Federal Zulmar Pimentel. Com a prisão do número dois da Polícia Federal Romero Menezes seu diretor Luiz Fernando Corrêa determinou o afastamento dos delegados que vinham realizando as investigações na Operação Toque de Midas (reitero minha disposição em colaborar com a PF no sentido de batizar estas operações, talvez saiam menos patéticas). E o Superintendente no Estado do Amapá Anderson Rui Fontel já pode ir limpando suas gavetas porque a sua batata já assou. Mas essa coisa de afastar delegado não é de agora e tampouco incomum. Somente com esses três exemplos podemos refletir, avaliar e concluir que os interesses políticos e econômicos envolvidos se encontram, de alguma forma, ameaçados e, portanto, acionam os mecanismos dos quais dispõe para preservá-los.


Este governo tem se vangloriado pelas ações da Polícia Federal a partir de 2003 “como nunca antes na história deste país” no dizer do presidente Lula, O Ignorante. Esquece, no entanto, de completar que a vasta maioria dos presos estão livres, leves e soltos por conta das benesses existentes na legislação e aqueles que, por ventura, ainda estão trancafiados não será por muito tempo sendo que alguns gozam de privilégios inaceitáveis proporcionado por agentes públicos que se deixam corromper. A pantomima é tão ridícula que o ex-banqueiro Salvatore Cacciola desembarcou, deportado, concedendo entrevista coletiva à imprensa tendo como cenário um painel repleto do logotipo da Policia Federal. Daniel Dantas conseguiu desencadear uma polêmica sobre o uso de algemas que redundou numa súmula vinculante do STF restringindo seu uso. Não quero ser afoito, porém, não posso deixar de pensar na empresa MMX do bilardário Eike Batista envolvida na Operação Toque de Midas, será por quê?


Segundo o diretor da Polícia Federal o afastamento dos delegados deverá acalmar os ânimos insatisfeitos com a prisão de Romero Menezes. Esta desculpa é esfarrapada e mulambenta. Posso concordar que o Ministério Público venha se exacerbando nos últimos tempos, no entanto, isso não justifica qualquer sentimento de revolta dentro dos quadros da PF que possa ameaçar sua integridade e desempenho. Se o número dois foi detido com bases insuficientes o responsável pela arbitrariedade deve ser identificado e punido restabelecendo, publicamente, a conduta idônea do acusado. Caso contrário, pau na moleira dele (no bom sentido, é claro). Simples como andar para frente.

A realidade é que entre a Polícia Federal e outros interesses inconfessáveis há muito mais do que possamos sonhar, ou melhor, muito mais do que o pior dos pesadelos possa engendrar.


CELSO BOTELHO

19.09.2008