terça-feira, 23 de setembro de 2008

O SEMIDEUS BRAVATEIRO



Tenho a curiosidade de saber a quem de fato pertence à mão que redigiu o discurso do presidente Lula, O Ignorante, na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU). Talvez pudesse felicitá-lo por conseguir expressar fielmente o pensamento presidencial: o de falar sobre tudo sem entender patavina de nada. Interessante quando cita frase atribuída ao economista Celso Furtado (1920-2004) a despeito de socialização das perdas, pois, e isso não privilégio de seu governo, não me recordo de que tenha sido diferente em qualquer administração federal. Outra pérola foi a afirmação de que a ética deve valer também na economia. Presidente, a ética, na minha humilde avaliação, é imprescindível para todas as atividades humanas, porém, não estou convencido de que no seu governo seja exercida em toda plenitude ou, pelo menos, em níveis minimamente razoáveis. A “avassaladora degradação ambiental” entrou na pauta do discurso. Provavelmente o presidente ignora o que se devasta e agride o meio ambiente neste país. Vide o desmatamento tolerado da Floresta Amazônica e, mais recentemente, a briga de foice em quarto escuro entre dois cegos pelo diesel mais limpo e as montadoras que, graciosamente, fabricam para exportação veículos com motores adaptados para tal combustível e despejam no mercado interno aqueles mais poluentes numa clara demonstração de que os pulmões dos brasileiros podem ser contaminados ou...


Vamos procurar entender. Nacionalismo: política de nacionalização de todas as atividades de um país; indústria, comércio, artes, etc. Populismo: política baseada no aliciamento das classes inferiores da sociedade. Há uma discrepância entre uma coisa e outra. Em relação aos países aos quais, nas entrelinhas, o presidente pretendeu se referir desconheço a prática nacionalista-populista. No entanto, posso afirmar com todas as letras, que o populismo é praticado aqui sem qualquer constrangimento. Quanto a pratica da política nacionalista somos híbridos, meio pau meio tijolo, depende da ocasião.


Cada dia que passa o presidente está mais convencido de que o Brasil é uma ilha isolada. Sugeriu um diálogo direto entre as nações sem a intermediação das grandes potências. Ora, durante a execução de um concerto você não pode mandar o maestro embora simplesmente porque deixou de executar a sua sinfonia predileta, principalmente se ele for um dos sócios da orquestra. Somente a título de esclarecimento devo registrar que a geografia política, econômica, comercial, cultural e social e mais o que se queira do mundo sempre esteve e estará em curso, posto serem resultados do dinamismo da atividade humana. Quanto à presença brasileira no Haiti penso ser mais do que justa, pois, afinal só perdemos para eles em crescimento econômico. Bem verdade é que se os países desenvolvidos atenderem o chamamento do presidente Lula, O Ignorante, para cumprirem suas promessas de ajuda aquele país possivelmente, em pouco tempo, poderão apresentar um crescimento econômico maior que o nosso entregando-nos a lanterna.


Para não estender mais e, confesso, certas ocasiões chego a ficar desconcertado em comentar as vicissitudes do Planalto. No entanto, obrigo-me a fazê-lo porque creio na idéia de que se pode enganar alguns por algum tempo, mas que jamais se pode enganar a todos durante muito tempo. Como não poderia deixar de ser o presidente encarregou-se de fazer o seu comercial que consiste, basicamente, na idéia de que Pedro Álvares Cabral descobriu o território, porém, foi ele quem inventou o Brasil em primeiro de janeiro de 2003. Ateve-se a cantilena de sempre: criação de quase dez milhões de empregos cujo seu empenho foi decisivo nomeando os aloprados e coligados, criando ministérios inúteis e órgãos-cabideiros chegando a cogitar uma nova estatal para o petróleo da camada do pré-sal para alojar nova turba de apaniguados. Alega haver distribuído renda e riqueza, mas não especificou para quem. Os serviços públicos, segundo o presidente, melhoraram. Aconselho que dê uma voltinha ai perto do Palácio do Planalto em qualquer cidade-satélite e depois me conte. Com esses institutos de pesquisas, oficiais ou não, trabalhando com números foliões (mascarados) qualquer um tira até água de pedra quanto mais gente da miséria ou o pobre ascender à classe média. Não captei muito bem o real significado da ameaça que encerrou o discurso: “não é mais possível deixar-se impunemente uma região sofrendo de fome, sem que o mundo inteiro venha a sofrer as conseqüências.” Ou, pelo contrário, não quero captar. Semideus sabemos que se considera só que agora se mostrou um semideus bravateiro.


CELSO BOTELHO

23.09.2008