quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O BRASIL DOS ARAPONGAS


Apenas para lembrar ao general Jorge Félix do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República a ABIN (Agência Brasileira de Informações), ao contrário das crianças, loucos e índios, não é inimputável quando alguns de seus membros praticam ação delituosa. Amigos, sempre ouvi dizer que quem refresca rabo de pato é lagoa. Portanto, não esperem de mim complacência alguma com todos os envolvidos neste atentado contra o Estado Democrático de Direito por menor que possa ter sido a participação. Não comemos o pão que o diabo amassou com o rabo durante duas décadas de regime militar para permitir que a nação seja transformada no quintal de algumas dezenas de pífios, para se dizer o mínimo. Com a agravante que muitos deles amargaram momentos nada agradáveis durante aquele nefasto período.

Essa ladainha da capenga e incompetente oposição brasileira - leia-se PSDB/DEM/PPS - de colher assinaturas para abertura de CPI na Câmara e no Senado para investigar escutas telefônicas é mais um esparramo bizarro, inútil e que sequer assusta os velhacos tal o descrédito perante a sociedade do qual gozam as duas Casas legislativas. Fazem algum barulho de ínicio, porém, ao primeiro bater de pé correm em todas as direções contrárias num salve-se quem puder estrambótico.

Uma pergunta que não quer calar: de acordo com o deputado Raul Jugmann (PPS-PE) como o governo adquiriu um equipamento de varredura de escutas telefônicas (que pode ser utilizado como grampeador) pela bagatela de US$ 20 mil e uns dizem que não sabiam enquanto outros não dizem, mas sabiam? Confirmado: temos um governo de inveterados ignorantes. Menos o distinto general Jorge Félix que confirmou, em depoimento na CPI dos Grampos, a aquisição da tralha em parceria com o Exército que, salvo engano meu, é subordinado ao ministro da Defesa Nelson Jobim, O Estrategista Esquecido.

A CPI em andamento está destinada a apresentar os resultados esperados de tal instituto: nenhum. Quanto às demais instituições encarregadas de investigar, denunciar e punir fico imaginando o quanto de interferência sofrerão para que o caldo não entorne, ao menos nos colos de algumas conhecidas figuras da República. Desejo crer que a sociedade, de forma ordeira e firme, exigirá que se dê nome definitivo aos bois infectados recolhendo-os à quarentena ou abatendo-os da vida pública definitivamente. O Brasil dos arapongas devia ser coisa do passado, entretanto, infelizmente, ainda contamos como muitos nostálgicos por ai.

CELSO BOTELHO 03.09.2008