sexta-feira, 15 de agosto de 2008


A novela Operação Satiagraha (ou solta e agarra e vice-versa) por mais ingredientes que se ponha está repleta de lugares-comuns, porém, está com elevado índice de audiência e rendendo os quinze minutos de fama para alguns figurantes. Como todos os escândalos este também está fazendo a alegria do departamento comercial da imprensa. Mas o furacão está perdendo força e urge encontrar-se outro em formação e de maiores (ou pelo menos igual) proporções. Para dizer a verdade esta novela está me dando no saco. É safadeza para tudo que é lado. Daniel Dantas está deitando e rolando na prática do escárnio para com a legislação e as autoridades responsáveis pela sua aplicação mesmo porque parte delas estão a seu serviço e, portando, exige obediência cega. Integrantes do setor público e privado estão unidos num pacto diabólico que só tem por objetivo dilapidar, depredar, desarticular e minar o Estado moldando-o à imagem e semelhança de qualquer coisa que atenda interesses espúrios. Enquanto este pacto não for interrompido a banda boa da sociedade perecerá dos males de sempre assistindo, dia após dia, esta maldita conspiração e, eis o pior, provendo-a de recursos extorquidos através do que se apelidou de política tributária.

O tal não-sei-o-quê Daniel Dantas. Sim. Porque o Banco Central, O Carimbador Maluco, informou que o dito cujo não é o dono do Banco Opportunity, porém, a vasta maioria da imprensa e a justiça a ele se refere como tal. Para mim basta chamá-lo de quadrilheiro por mera questão de elegância. Pois bem, o sujeito vai para o circo no qual se tornaram as CPIs com seis advogados a tiracolo e uma pastinha sem-vergonha como se quisesse que os "seletos" membros daquela comissão acreditassem que ali continha nitroglicerina pura e, sendo assim, seria de bom alvitre pegar leve com ele. Acho que deu certo. Uma parte do tempo passou fazendo ilações e a outra dizendo o que todos já sabiam, de uma forma ou de outra. No depoimento à Justiça Federal em São Paulo optou por manter o bico fechado respaldado pelo bondoso Supremo Tribunal Federal. O comportamento do malandreco é uma afronta à sociedade brasileira sendo agravada porque está palpável a desigualdade na balança da justiça.

Ampla defesa sim. Ampla conivência não. A partir do momento no qual o Estado inventa ou deturpa instrumentos legais para obstruir ou atenuar qualquer delito fica complicado seu relacionamento com a sociedade. Não se encantem. Logo aparecerá uma dezena de astutos e experientes bombeiros para apagar o incêndio e tudo será como dantes no quartel de Abrantes até a próxima roubalheira.


CELSO BOTELHO
14.08.2008