segunda-feira, 4 de agosto de 2008

SE FICHA SUJA FOSSE PARA VALER QUANTOS CANDIDATOS RESTARIAM?

A capenga legislação brasileira faculta ao vigarista, pilantra, ladrão e tantos outros ordinários o direito de candidatar-se e, eleito, locupletar-se com o dinheiro público que, no nosso país, é igual à pífia pensão da viúva que, enamorada, entrega ao espertalhão que a torra sem o menor constrangimento sabendo que o finado jamais pedirá contas. Indeferir a candidatura a notórios e principiantes pulhas deveria ser clausula "pétrea" da Constituição. Porém, com essa raça de politiqueiros que por ai perambulam...

Um dos absurdos desta democracia de araque é, sem dúvida, a máxima “você tem o dever de exercer o direito de votar”. Existe coisa mais estúpida? Claro que sim, porém, vamos ficar nessa. Se ainda tivéssemos o dever de exercer tal direito e nos fosse apresentado candidatos, minimamente, idôneos haveria uma compensação. Mas o que temos ao longo dos anos? Corruptos, perdulários, incapazes, omissos e a desqualificação destas criaturas é extensa. Para alguns candidatos o Código Penal tornou-se até uma obra incompleta por não tipificar determinados delitos. Agora ficam com essa aporrinhação de que pode ou não pode. Qualquer brasileiro decente sabe perfeitamente que não se pode entregar a guarda do galinheiro para as raposas. Portanto, tal pendenga é inócua. Mas o que se pode esperar dos legisladores? Nada. A depender deles este “status quo” será sempre mantido em detrimento de toda a sociedade. Quando digo sociedade é bom deixar claro que dela excluo os dez por cento que detêm toda a riqueza nacional. Sempre fomos (e somos) carentes de muitas coisas, mas velhacos sempre tivemos em total abundância. Essa gente, erutidos ou boçais, estão comprometidos com outros interesses e suas visões não vão além dos próprios umbigos. Tanto isso é verdade que estão divulgando a evolução patrimonial de candidatos em 46% na média nos últimos dois anos. Fato que, por sinal, não se constitui em nenhuma novidade. Enriquecer na vida pública, ilicitamente, no Brasil é tão antigo como andar para frente.

Contudo, não podemos (e não devemos) generalizar coisa alguma. Escondido em algum lugar poderá haver algum postulante a cargo eletivo no qual poderíamos apostar nossas fichas após minuciosa investigação. E isso não significa que iremos acertar, porém, fizemos uma aposta consciente e, no caso de desapontamento, sempre haverá outras eleições. E as eleições (higiênicas) são (ou deveriam) ser o ponto alto de um regime democrático. Os eleitos, não se esqueçam disso, são os reflexos dos eleitores e, assim sendo, não creio que alguém deseje ter uma imagem desajustada, distorcida ou infame.

CELSO BOTELHO

04.08.2008