quarta-feira, 27 de agosto de 2008

TRAGÉDIA NO FUNDO DO MAR


Pelas barbas de Netuno!Um inocente crustáceo como a lagosta está provocando um tsumani inútil no mar de regalias irregulares “gentilmente” concedidas por agentes públicos em troca de alguns trocadinhos que fariseus do calibre de Salvatore Cacciola podem desembolsar. Não consigo entender o porquê da surpresa de alguns quando se sabe que tal prática sempre foi tão comum quanto andar para frente. Fiquei até um tanto aliviado em saber que tenha optado pela lagosta, pois se fosse lula a sua preferência a coisa poderia descambar. Estão fazendo muito barulho por nada. O notório velhaco continuará tendo tratamento diferenciado naquela (ou em outra qualquer) instalação prisional. Não há um único brasileiro que não tenha certeza disso. Em qualquer presídio deste país entra tudo aquilo que o detento possa pagar (armas, drogas, bebidas, celulares, comida e uma infinidade de outros itens). Portando, abrir sindicância para apurar é esparramo, balela, tentar ludibriar a opinião pública.


O advogado do dito cujo malfeitor, imagino que regiamente remunerado para defender o indefensável, porém, não para subestimar as pessoas de bem, saiu-se com a bobagem de existir uma campanha para denegrir a imagem de seu cliente-bandido. Ora, a imagem de Cacciola está mais suja que pau de galinheiro. Não suponho que se tenha interesse em vê-la mais imunda, pelo contrário, penso que há sim interesse em preservá-la da maneira que está para que não se corra o risco de apanhar tubarões mais famintos e, portanto, predadores mais robustos passeando pelo vasto mar de lama.


O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do estado declarou que foi uma indelicadeza as declarações do Secretário de Administração Penitenciária dizer que a facilitação teria algum agente penitenciário como autor. De certo que a lagosta não sairia do mar por livre e espontânea vontade, passaria num restaurante para ser preparada e se dirigiria as suntuosas instalações de Bangu 8 porque, neste caso, o feito seria espetacular, sobrenatural.


O que ocorre é que a legislação capenga, frouxa e seletiva precisa ser modificada e os contumazes transgressores devem ser punidos exemplarmente de modo que sirvam de exemplo. Do contrário essa relação promíscua entre condenados e agentes públicos estará sempre acontecendo numa afronta a sociedade que assistirá, quando muito, uma meia punição do safado, seja ele banqueiro ou não, porém se dispor de recursos ai a cana não será dura.


CELSO BOTELHO

27.08.2008